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“Nos hospitais públicos, vidas são ceifadas por falta de higiene e medicamentos”, diz médico em defesa dos filantrópicos

Da Redação - Wesley Santiago

O médico Lucio Guimarães, que trabalha há aproximadamente oito anos na Santa Casa de Cuiabá, fez um desabafo em sua página do Facebook, na última terça-feira. Ele defendeu os hospitais filantrópicos, que passam por dificuldades com a falta de repasses dos Executivos estadual e municipal e disparou que nos hospitais públicos “muitos dos pacientes têm suas vidas ceifadas por falta da higiene, de exames e de medicamentos”.

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Na última segunda-feira (15), os três hospitais filantrópicos do município de Cuiabá (Santa Helena, Santa Casa de Misericórdia e Hospital Geral Universitário) paralisaram os atendimentos a novos pacientes nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI). De acordo com a assessoria de imprensa, os repasses atrasados por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e também por contrapartidas da Secretaria Estadual de Saúde (SES) não chegaram as unidades, sendo assim necessário a decisão radical de não receberem mais pacientes por falta de condições.
 
Em sua postagem, o médico – que é da UTI adulto e visitador pela clínica médica – explica as dificuldades diárias enfrentadas no local. “Vejo diariamente cerca de dez pacientes graves ou gravíssimos. Nas enfermarias do SUS, já cheguei a ter quase trinta pacientes internados sob minha responsabilidade. Para minha surpresa, hoje ao abrir a porta de uma enfermaria onde estava um paciente, me deparei com esta cena lamentável. Oito leitos vazios. Enquanto isso, nos corredores dos hospitais públicos, os pacientes padecem com a falta de tudo, principalmente do respeito das autoridades públicas”.
 
Lucio ainda comenta que “nos corredores dos hospitais públicos, as pessoas têm sua dignidade ferida, dia após dia. Muitos dos pacientes têm suas vidas ceifadas por falta da higiene, de exames e de medicamentos”.
 
Nos aproximadamente oito anos em que está na Santa Casa, o médico afirma que tem a maior convicção sobre a seriedade do hospital e que já teve pacientes graves, de alta complexidade e por vezes dispendiosos e nunca o foi negado nada para o atendimento correto e digno.
 
“A direção do hospital sempre foi solicita a todas as minhas reivindicações. Este depoimento, também se faz adequado à seriedade da direção do Hospital Santa Helena. Para concluir, os maiores prejudicados, como sempre, são os pacientes que dependem das ações e da boa vontade dos políticos. Parabéns à Direção da Santa Casa e do Santa Helena por serem firmes no objetivo de manterem estes hospitais abertos, para que possamos continuar a salvar mais e mais vidas”, finaliza o médico.
 
Imbróglio
 
As instituições anunciaram que iriam suspender os atendimentos a novos pacientes na sexta-feira passada (12), caso o governo e a prefeitura não regularizassem os pagamentos, que segundo a Fehosmt, estão atrasados desde março do ano passado.
 
A entidade ainda informou que houve o descumprimento no acordo feito com a bancada federal e o governo para a destinação dos R$ 33 milhões das emendas parlamentares aos hospitais filantrópicos.
 
A suspensão temporária de alguns serviços dos hospitais filantrópicos não é responsabilidade do governo de Mato Grosso, que está em dia com os compromissos firmados com as instituições de saúde. Todavia, a luta é para conseguir recursos do governo federal, inclusive a liberação da emenda impositiva ao Orçamento da União, no valor de R$ 136 milhões, dos quais R$ 100 milhões são para custeio, formalizada há três meses, mas até hoje não concluída pelo Ministério da Saúde.
 
A explicação acima partiu do próprio governador José Pedro Taques, na terça-feira (16), após visitar as obras da Escola Técnica Estadual, no bairro Carumbé – região Leste de Cuiabá. “Nós não estamos devendo aos hospitais filantrópicos. Estamos em dia”, assegurou o chefe do Poder Executivo de Mato Grosso.
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