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Média de médicos por habitante em Mato Grosso é 25% menor que a nacional

Da Redação - Vinicius Mendes

Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) apontou que Mato Grosso tem 1,64 médico por mil habitantes, ou seja, 25% a menos do que a média nacional. Na avaliação dos conselhos de medicina, o baixo número de profissionais decorre da falta de políticas públicas para fixação em municípios mais distantes e regiões menos desenvolvidas.

Com uma população de 3,3 milhões de habitantes, Mato Grosso tem 5.436 médicos, o que resulta numa proporção de 1,64 profissionais por mil habitantes.

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Os médicos especialistas são 60,7% do total de profissionais, contra 39,3% de generalistas (razão de 1,55 especialistas para cada generalista). Os médicos são 60,8% e as médicas, 39,2%. A idade média dos profissionais é de 44 anos, com um tempo de formação médio de 18 anos. A maioria dos médicos (60,2%) têm até 44 anos.
 
Os dados constam da pesquisa Demografia Médica 2018, realizada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), com o apoio institucional do Conselho Federal de Medicina (CFM) e do Conselho Regional de Medicina de São Paulo. O levantamento, coordenado pelo professor Mário Scheffer, usou ainda bases de dados da Associação Médica Brasileira (AMB, Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Ministério da Educação (MEC).
 
No Estado, a cirurgia geral concentra o maior número de especialistas (466), seguida pela pediatria (425), ginecologia e obstetrícia (415), clínica médica (384) e anestesiologia (287). As especialidades com menor número de especialistas são genética médica (1), medicina física e reabilitação (3), medicina do esporte (6), cirurgia torácica (6) e patologia clínica (7).
 
Cuiabá, capital mato-grossense, tem 2.739 médicos, que atendem 590 mil habitantes, o que dá uma razão de 4,64 profissionais por mil habitantes e uma proporção de 50,4% médicos morando na capital. Desses profissionais, 56% são do sexo masculino e 44%, feminino. Os especialistas são 67,9% e os generalistas, 32,1% dos médicos que atendem na capital mato-grossense. No entanto, no interior a situação é mais complicada.

Para o presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), Neurilan Fraga (PSD), a falta de profissionais da saúde no interior se deve vários fatores. Um deles é a falta de recursos que as prefeituras possuem.

“Primeiro, nós temos municípios muito distantes da capital, com a deficiência na estrutura urbana, na logística do transporte, então essa é uma das causas. A outra situação é que, as prefeituras que menos recebem recursos da União, faz com que não tenham condições de pagar o salário que os médicos desejam para ir para esta localidade, por exemplo, tem médico no interior que ganha R$ 30 mil para ficar lá, então nem sempre as prefeituras conseguem ter recursos para contratar médicos no índice que a Organização da Saúde recomenda”, disse.

Outro motivo que ele aponta como responsável pela falta de médicos são os atrasos nos repasses para a área da Saúde.

“Muitas prefeituras tem que dispensar médicos pelo atraso dos repasses da área da Saúde. Os médicos ficam sem receber salário, aí em três ou quatro meses acabam saindo destes municípios mais distantes, já com toda a dificuldade da distância e falta de estrutura vem o atraso do salário”.

No entanto, o presidente afirma que existem os profissionais da saúde, mas não no índice desejado.

“Mas isto não quer dizer que não tenha médico, a média que eles consideram é muito alta levando em conta as particularidades dos municípios que a gente tem em Mato Grosso, das distâncias e dificuldades financeiras”.

Para os Conselhos de Medicina, os números apresentados confirmam o equívoco do Governo, que tem defendido o aumento da população de médicos como solução para resolver as dificuldades de acesso aos serviços de saúde no País.

Pelos dados, esse crescimento, percebido em nível nacional nos últimos anos, não tem repercutido nas regiões mais distantes e menos desenvolvidas. Por outro lado, avaliam as entidades, a presença significativa de profissionais, como registrado em alguns estados e municípios, não tem sido suficiente para eliminar problemas graves de funcionamento da rede pública e de acesso aos serviços, decorrentes da falta de qualidade na gestão e da adoção de políticas públicas eficientes no setor.

Neurilan avalia que seria um programa igual ao Mais Médicos, que trouxe médicos de outros países para o Brasil, para que estas vagas em municípios afastados fossem preenchidas.

“Trouxeram aquele programa Mais Médicos, que vieram os médicos de Cuba, mas mesmo assim não foi suficiente. Precisaria de mais médicos para poder estar disponibilizando para as prefeituras, precisaria de um programa igual a esse”, afirmou.
 
Dados nacionais

Para uma população de 207,7 milhões de pessoas, o Brasil tem hoje 452,8 mil médicos, o que corresponde a 2,18 médicos por mil habitantes. Os homens são maioria nessa profissão, 55,1%, enquanto as mulheres são 44,9%. Em 2010, data de realização da primeira demografia médica, as mulheres eram 41% do conjunto de profissionais.

Na primeira Demografia Médica, os médicos generalistas correspondiam a 44,9%, contra 55,1% de especialistas. Agora, estes são 62,5, enquanto àqueles representam 37,5% dos profissionais.

A razão entre especialistas e generalistas é de 1,66. Segundo o coordenador da pesquisa, Mário Scheffer, este aumento no número de especialistas se deve não só à melhoria na formação, como a um aperfeiçoamento na captura de dados nas bases dos conselhos regionais de medicina, Associação Médica Brasileira (AMB) e Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM).

Em nível nacional, a clínica médica concentra o maior número de especialistas (42.728, o que corresponde a 11,2% do total), seguida pela pediatria (39.234, ou 10,3%), cirurgia geral (34.065, 8,9%), ginecologia e obstetrícia (30.415, 8%) e anestesiologia (23.021, 6%). A pesquisa não conseguiu localizar nenhum especialista em Emergência Médica, especialidade reconhecida recentemente e com poucos centros formadores.

Em seguida, a especialidade com o menor número de especialistas é genética médica (305, ou 0,1%), radioterapia (734), cirurgia de mão (791) e medicina de esporte (827), que correspondem, cada uma, a 0,2% dos especialistas. Vale destacar que clínica médica é pré-requisito para 12 especialidades e cirurgia geral para 10. A idade média dos médicos é 45 anos, sendo que a grande maioria (49,8%) está na faixa etária entre 30 a 49 anos. O tempo de formado é de 19 anos.
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