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MP cita que empresários alvos da Defaz são suspeitos de atentados contra ônibus de concorrente

Da Redação - Wesley Santiago

As investigações da Delegacia Especializada de Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz) apontaram indícios de que a organização criminosa, investigada na ‘Operação Rota Final’ e que seria encabeçada pelo empresário Eder Pinheiro, teria orquestrado atentados contra veículos da empresa Novo Horizonte [concorrente de suas empresas], cheios de passageiros. Entre os atos estão: apedrejamentos, perseguições, ameaças de incêndio e até sabotagem de motor dos veículos.

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Consta no pedido de prisão do Ministério Público Estadual (MPE) que chegou ao conhecimento da Defaz a juntada de boletins de ocorrências (BOs) e fotografias demonstrando a ocorrência de seis atentados contra veículos da empresa Novo Horizonte [concorrente da organização criminosa], “decorrentes de apedrejamento, que ocasionaram severos danos aos ônibus da concessionária e colocaram em risco a vida dos passageiros, motoristas, demais viajantes e os transeuntes das respectivas rodovias”.
 
Na investigação, consta que há indícios de que os atos de vandalismo foram orquestrados pela organização criminosa investigada na ‘Operação Rota Final’. Isso foi registrado pelo empresário Isac Azevedo Magalhães, dono da Novo Horizonte. Ele afirmou que “desde que sua empresa logrou vencedora no processo licitatório, vem passando por diversas adversidades para que o STCRIP/MT possa ser operado neste Estado, fato que revela o alto grau de periculosidade dos agentes envolvidos e exige a adoção de medidas urgentes visando a interrupção da influência do grupo criminoso”.
 
Durante oitiva, o gerente da Novo Horizonte, Ricardo Budtinger, também ratificou as informações, acrescentando que desde a segunda quinzena de fevereiro, ou seja, um mês depois do início da operação da concessionária, vêm ocorrendo severos atentados de vandalismo contra os ônibus da concessionária.
 
Entre os atos, que teriam sido realizados pelo grupo criminoso, estão: perseguições por veículos e motocicletas contra os ônibus da Novo Horizonte em locomoção; ameaça direta contra motorista da empresa de atear fogo nos ônibus da empresa que passassem novamente em determinado ponto de Várzea Grande que liga a linha Alta Floresta/Cuiabá e detecção de pedras, areia e sujeiras em motor de veículo intencionalmente colocados por pessoa desconhecida com o intuito de fundi-lo”.
 
Ainda conforme o documento, estes atos teriam sido constatado apenas contra a Novo Horizonte, o que demonstra que “se trata de tratamento retaliatório praticado por pessoas que buscam impedir a operação da concessionária neste Estado”.
 
Vale lembrar que, nas ligações interceptadas, ficou evidenciado o propósito da organização criminosa em banir a empresa deste Estado, “ressaltando que nas conversas foi afirmado que a empresa seria ‘sufocada’ e que em pouco tempo ‘matariam’ a concessionária. Eder Pinheiro chegou a afirmar que mandaria ‘dar um cacete nesse cara que ele vai ver!’ (referindo-se ao proprietário da empresa)”.
 
Isto revelaria o perfil truculento do grupo criminoso, “que não titubeia em partir para ações violentas, como as descritas acima, caso percebesse que as demais medidas intimidatórias não foram suficientes para afastar a concessionária de nosso Estado”.
 
Rota Final
 
Conforme o Ministério Público Estadual (MPE), a investigação partiu de denúncia anônima feita em Ouvidoria dando conta de que servidores públicos e empresários do ramo de transportes intermunicipais estariam planejando fraudar a Concorrência Pública 001/2017, lançada pela secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra), com o objetivo de conceder 13 lotes de linhas de ônibus para o “Sistema de Transporte Coletivo Rodoviário Intermunicipal de Passageiros do Estado de Mato Grosso”.
 
A suposta organização criminosa seria formada por servidores da Sinfra e da Ager, além dos próprios empresários. O conjunto, que "há anos pratica crimes contra a administração pública", atuaria com estrutura hierarquizada e divisão de funções.
 
Segundo o MPE, compõem o grupo criminoso: "Éder Augusto Pinheiro, Júlio César Sales Lima, Max Willian de Barros Lima, Wagner Ávila do Nascimento, contando com a participação de Eduardo Alves de Moura e o envolvimento de Luis Arnaldo Faria de Mello e Marcelo Duarte Monteiro".
 
A operação trará à luz dados sobre a “composição da organização criminosa, a dimensão de sua influência política e econômica, sua estrutura hierárquica e, especialmente apurar a identidade de todos os servidores públicos que foram cooptados e ainda, materializar as condutas criminosas engendradas e já executadas, com o propósito de neutralizar a ação isenta, regular e legal da administração pública, fraudar processo licitatório e consolidar o transporte rodoviário intermunicipal precário”, conclui o documento.
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