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Dinheiro de narcotraficante preso em MT pode ter ‘abastecido’ políticos da Lava Jato

Da Redação - Wesley Santiago

A prisão do doleiro Carlos Alexandre de Souza, conhecido como Ceará, na última terça-feira (15), em uma ação da Polícia Federal (PF), apontou indícios de que o dinheiro do narcotraficante Luiz Carlos da Rocha, o Cabeça Branca, preso recentemente na cidade de Sorriso (420 quilômetros de Cuiabá), possa ter sido utilizado para ‘abastecer’ políticos investigados na ‘Operação Lava Jato’. ‘Cabeça Branca’ é apontado como um dos maiores traficantes do mundo.

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“Temos indícios de um link direto do dinheiro do narcotráfico indo parar nas mãos de políticos corruptos", disse o delegado responsável pelo caso, Roberto Biasoli. "Eles não estão interessados em saber a origem, eles querem receber. E esse cara que lidava com o dinheiro de narcotraficantes também entregava propina a corruptos”.
 
Conforme as investigações da PF, os doleiros atuam como se fossem uma espécie de câmara de compensação bancária e que o dinheiro oriundo de uma atividade criminosa pode ser repassado a um cliente que atue em outro ramo do crime. Na maioria das vezes, os clientes acabam não sabendo a origem do montante. Sendo assim, não há indícios de que empreiteiras ou os políticos soubessem que a propina vinha do narcotráfico.
 
Ceará seria o vínculo entre o narcotráfico e as investigações da Lava Jato. Em 2015, o doleiro firmou um acordo de colaboração premiada com a Procuradoria Geral da República (PGR), que foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Na ocasião, ele confessou que trabalhava para o doleiro Alberto Youssef como entregador de valores e mencionou repasses em espécie direcionados a diversos políticos, como os senadores Fernando Collor (PTC), Renan Calheiros (MDB) e Aécio Neves (PSDB).
 
Os repasses teriam sido ordenados por empreiteiras investigadas pela Lava Jato. Por ter continuado a atuar como doleiro, Ceará corre o risco de perder os benefícios que conseguiu ao firmar a delação premiada.
 
Prisão em Mato Grosso
 
Durante as investigações da Operação Spectrum, a PF desarticulou uma estrutura criminal criada visando o tráfico internacional de drogas. Esse esquema era comandado por Luiz Carlos da Rocha, mais conhecido como “Cabeça Branca”. Ele era tido como um dos maiores traficantes da América do Sul, tendo conexões em dezenas de outros países.
 
Luiz Carlos da Rocha era procurado pela Polícia Federal e pela Interpol. Ele foi preso no município de Sorriso no dia 1º de julho de 2017 e chegou a fazer algumas cirurgias plásticas na face para dificultar sua identificação. Ele foi condenado a 49 anos de prisão.
 
O líder criminoso possuía propriedade rural de 2 mil hectares no município de Tapurá e uma outra no município de Marcelândia. As duas estão em nome de laranjas e foram arrendadas para produtores de soja.
 
Uma das fazendas de Luiz Carlos, a Por do Sol, foi completamente abandonada logo após sua prisão. Ele ainda planejava comprar uma outra propriedade no município de Campo Novo do Parecis, que poderia facilmente ser localizada do alto e serviria para o pouso de aviões vindos de fora do Brasil com drogas. (Com informações do O Tempo)

Atualizada às 14h40 de 17/05/18*
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