Três caminhoneiros são atingidos por balas de borracha em confronto com Exército; veja vídeos e fotos
Da Reportagem Local - Vinícius Mendes / Da Redação - Isabela Mercuri
Pelo menos três pessoas foram atingidas por balas de borracha atiradas pelo Exército Brasileiro na entrada de Cuiabá, na BR-364. Manifestantes estavam obstruindo a rodovia, e o exército, que escoltava carretas desde Rondonópolis, usou também bombas de efeito moral para dispersá-los.
Um dos baleados foi Daniel Araújo, caminhoneiro. Ele foi atingido por uma bala de borracha no peito. “É uma covardia do exército, não da pra ter essa atitude. Essa era a intervenção que estavam pedindo?", indagou.
Outro motorista, que trabalha no ramo há 36 anos, foi atingido na lateral da barriga. “Primeiro foi o spray de pimenta, não vi mais nada, virou uma fumaceira em volta de mim. Aí eu senti uma paulada aqui na lateral. Primeiro foi o spray de pimenta, ai eu fiquei cego”, contou.
Ele também afirmou que estava na carreata realizada na última segunda-feira (28). “Eu sou motorista há 36 anos, trabalhei a minha vida inteira, pra agora estar confrontando, todas essas coisas que estão acontecendo aí, que é um governo corrupto. E [eles] só apoiam a corrupção, porque nós estamos tentando tirar esse corrupto de lá pra colocar alguém decente, e olha o que acontece”.
Outro homem baleado nas costas reclamou: “Nosso exército brasileiro fazer isso com a população, cara? Foi em cima da outra borrachada ainda”, disse. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), nenhum manifestante foi preso.
Em Mato Grosso, ao menos 30 pontos seguem bloqueados pelo caminhoneiro. A reportagem do Olhar Direto está na BR- 364, no Distrito Industrial, onde constatou que todos os tipos de caminhões estão sendo barrados, exceto carga vivas e medicamentos.
“A situação aqui hoje é que está acontecendo um bloqueio de todas as cargas de combustível e de alimentos. Não passa nada, a não ser medicamentos, cargas vivas, isso para normalmente”, explicou um o caminhoneiro identificado como Diego.
Segundo a chefe de operações da PRF, diversas carretas saíram de Rondonópolis ( a 216 quilômetros de Cuiabá), no entanto ainda é incerto se elas devem chegar à capital. "Os caminhoneiros que querem sair desistem, tem 51 carretas vindo de Rondonópolis, mas quantas vão chegar aqui eu não sei, os manifestastes tacam pedras neles, e ela ficam com medo da depredação e param. Em Cuiabá ainda não teve conflito, quando vêm o pessoal 'vindo pra cima' abordam a ação”, afirmou.
Entenda
O governo federal anunciou, na noite da última quinta-feira (24), uma proposta para suspender a greve dos caminhoneiros por 15 dias. Porém, nesta sexta-feira (25) os manifestantes continuam a bloquear pelo menos 26 trechos de rodovias federais que cortam Mato Grosso. Em outros Estados, a situação é a mesma. Vale lembrar que diversos serviços foram suspensos ou reduzidos por conta da falta de combustível. O protesto já dura cinco dias e tem reflexos em diversos setores.
Os caminhoneiros estão passando dia e noite nos pontos de bloqueio. A comida e água que recebem, são de doações. Além disto, acrescentaram que só pretendem desmobilizar o movimento quando o problema for resolvido.
Na manhã desta quarta-feira, o presidente Michel Temer se reuniu com ministros para discutir a greve dos caminhoneiros, que acontece em todo o país. A conversa ocorre no dia seguinte ao anúncio da Petrobras de redução de 10% no valor do diesel nas refinarias por 15 dias. Com esta decisão, o governo espera conseguir negociar com o movimento dos caminhoneiros, que se queixam do preço final do diesel.
Em razão da greve dos caminhoneiros que paralisaram o transporte e o consequente bloqueio nas bases de distribuição, o abastecimento nos postos está comprometido. Com a falta de produto em alguns estabelecimentos, os usuários passam a procurar outros. Além disto, o medo de que acabe o combustível também aumenta a demanda, o que pode esgotar todas as reservas dos postos.
A mobilização foi proposta pela Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) e iniciou na manhã desta segunda-feira (21). Em razão dos pesados impostos e do baixo valor dos fretes, a categoria afirma que enfrenta uma grave crise e articula ações em todo o país para evidenciar o descontentamento com a atual política econômica. A PRF mantêm o diálogo com os caminhoneiros.