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Sete meses após demanda, vínculo entre vítima e suspeito passa a constar nos BOs

Da Redação - Isabela Mercuri

O vínculo entre a vítima e o suspeito de crimes passará a constar nos boletins de ocorrência (BOs) feitos em Mato Grosso a partir de agora. Esta demanda já havia sido feita há sete meses pela Câmara Temática de Defesa da Mulher, e tem por objetivo ajudar nas investigações.

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De acordo com a assessoria da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT), a inclusão foi feita pelo setor de Tecnologia da Informação (TI) da secretaria, no Sistema de Registro de Ocorrências Policiais (SROP), utilizado por policiais militares e civis, na última semana.

Agora, a expectativa é que a nova medida auxilie a ter estatísticas reais dos casos de feminicídio, especialmente com relação à violência doméstica e familiar. Segundo a Coordenadoria de Análise e Estatística Criminal (CEAC) da Sesp-MT, entre janeiro e maio de 2018, Mato Grosso teve 38 vítimas de homicídio doloso, sendo preliminarmente 60% (a maioria) com motivação passional, 16% a apurar, 10% por envolvimento com drogas, 8% outros, 3% por vingança e 3% por rixa.

Para a delegada titular da Delegacia Especializada de Defesa da Mulher (DEDM) de Cuiabá, Jozirlethe Criveletto, será mais fácil monitorar os casos de violência contra a mulher "em todos os desdobramentos, já que passaremos a extrair dados mais consistentes em relação a autoria, vínculos de parentesco, circunstâncias do evento. Estes elementos são de crucial importância na análise criminal, inclusive para a consecução de políticas públicas que visem à diminuição do índice de criminalidade, nos casos de feminicídios e outros tipos penais no âmbito da violência doméstica".

Além disso, agora será possível tratar a violência contra a mulher de forma mais específica, e registrar de forma mais fidedigna as estatísticas. "A partir do aperfeiçoamento no sistema poderemos, por exemplo, determinar o número exato de vítimas de crimes patrimoniais, crimes sexuais, e crimes contra a vida praticados apenas no âmbito da violência doméstica. Isso permite que sejam traçados diagnósticos mais precisos e, consequentemente, o planejamento de ações de acordo com a realidade observada", acrescenta a delegada.

A medida está em consonância com o Sistema Nacional de Segurança Pública (Senasp) e vai auxiliar não só os casos de violência contra a mulher, mas também a investigação de crimes em geral, conforme ressaltou o titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), André Renato Gonçalves. "Com certeza, é uma ferramenta importante que vai facilitar e melhorar muito o trabalho investigativo, pois o vínculo entre a vítima e o suspeito, em muitos casos, pode direcionar e até elucidar o caso".
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