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Notícias / Cidades

Audiência pública divulga Manual de Comunicação LGBTI para imprensa

Da Redação - Vitória Lopes

O Manual de Comunicação LGBTI foi apresentado nesta semana para estudantes, jornalistas, profissionais da área de comunicação e parlamentares no auditório Ana Maria do Couto, na Câmara Municipal de Cuiabá. O manual é um guia prático que esclarece dúvidas conceituais e de linguagem sobre pautas da população LGBTI, e visa ajudar comunicadores a exercer um jornalismo com menos estigmas e preconceitos.

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Próximo da comemoração do Dia do Orgulho LGBTI (28 de junho), o professor e representante da ONG Livremente, Clovis Arantes, abriu a apresentação do manual. De acordo com ele, além de demarcar a resistência da luta da comunidade LGBTI, o guia serve como subsídio para um jornalismo inclusivo, explicitando a linguagem e os termos ideais na hora de abordar o tema.

“Quando a imprensa traz de maneira pejorativa o assassinato de uma pessoa, é a imprensa também colaborando com o escárnio dela. Precisamos que a imprensa e os profissionais da comunicação conheçam e sejam aliados na questão da defesa dos direitos humanos”, disse.

Conforme os dados do Grupo Gay da Bahia (GGB), em 2017, 445 lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBTs) foram mortos em crimes motivados por homofobia. O número representa uma vítima a cada 19 horas.

Em relação à Mato Grosso, o Grupo Estadual de Combate aos Crimes de Homofobia (GECCH), que faz parte da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT), levantou que de 2016 para 2017, o número de homicídios a pessoas LGBTs (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais) em Mato Grosso aumentou 50%.

Devido aos dados alarmantes, são comuns pautas relacionadas a crimes de homofobia aparecerem nos meios de comunicação – como o assassinato da travesti Natália Pimental, de 22 anos, que foi atropelada por Thiago Marques, de 28, em julho de 2017. Entretanto, os veículos ainda tendem a usar termos pejorativos para se referir à população LGBTI.

O manual, que conta com 92 páginas, traz diversos exemplos do que ser evitado, como o termo “homossexualismo”, que devido ao sufixmo “ismo”, denota doença e, portanto, é preconceituoso. O correto é homossexualidade.

“É um jornalismo inclusivo, com a inclusão dos termos corretos. O que costumamos dizer, a partir do momento que usam ‘homossexualismo’, por exemplo, é que ‘homossexualismo’ é doença, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tirou esse termo do código internacional de doenças”, explica o professor.

Mas não só de violência se faz a comunidade LGTBI. O manual traz também sugestões de pautas para falar de avanços e da luta para garantia de direitos, como o Brasil ainda não criminalizar a LGBTIfobia ou o Dia da Visibilidade Travesti e Transexual. Ainda de acordo com Clóvis, jornalistas também são propagadores da luta.

“É importante que os meios de comunicação entendam que nós não precisamos de ‘mídia’ somente quando acontece uma violência, mas que existem outras questões. Evidente que as questões da violência estão pautadas, porque vivemos em uma sociedade extremamente violenta. Mas também temos outras pautas que devem ser inclusivas”, reforça.

O vereador Mário Nadaf (PV) presidiu a audiência pública, após requerimento da Aliança Nacional LGBTI e do Conselho Municipal de Atenção a Diversidade Sexual. “Com base nesses dois requerimentos, a Câmara prontamente disponibilizou a casa. Estamos aqui para travar e divulgar esse guia do linguajar politicamente correto. Portanto, cumprir essencialmente o papel institucional da Câmara”, disse.
 
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