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Há quase um ano, aposentada luta para conseguir guarda dos netos tirados pela Justiça

Da Redação - Fabiana Mendes

Já faz quase um ano que os netos Rogério e Rafael foram tirados dos braços de Rosalina Ferreira do Prado, de 56 anos, mas os dois berços, pacotes de fraldas, e os brinquedos ainda estão no quarto, como se eles nunca estivessem saido da residência onde moravam no bairro Bela Vista, em Cuiabá.  À época, ela era desempregada e além dos gêmeos, criava Ana Clara e Moisés, de 3 e 2 anos, respectivamente. Hoje, ela faz um apelo para conseguir a guarda das crianças, já que conseguiu se aposentar e possui renda fixa.
 
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Rosalina mantem o quarto organizado, na esperança que os netos um dia voltem para casa.  Foto: Rogédio Florentino. 

Em junho do ano passado, conforme noticiado pelo Olhar Direto, dona Rosa, como é carinhosamente chamada pelos vizinhos, precisava de alimentos e fraldas para ajudar na criação dos netos. A mãe biológica das crianças, Rafaela Pereira Alves, de 25 anos, é usuária de drogas e desenvolveu esquizofrenia, devido ao uso continuo de entorpecentes. Ela já foi internada diversas vezes por conta da dependência e atualmente não mora com a mãe. Quando os últimos dois filhos nasceram, ela cuidou das crianças por apenas 30 dias, e depois saiu de casa sem dar explicações, deixando os quatro filhos sob cuidados da mãe. No mesmo período, dona Rosa também sofria com a perda de seu marido, que havia falecido há dois meses em decorrência de um cancêr. "Ele bebia muito", lembrou. 
 
Os gêmeos, na época com dois meses de vida, foram retirados das mãos da avó no dia 26 de julho, e enviados para um abrigo mediante decisão do juiz da 2ª Vara Especializada da Infância e Juventude da Comarca de Cuiabá, Jorge Alexandre Martins Ferreira, que estendeu a determinação da juíza da 1ª Vara, Gleide Bispo, que atendeu pedido da Promotoria de Infância e Juventude de Cuiabá.
 
Segundo dona Rosa, a explicação dada pela Justiça, seria que ela não tinha capacidade para cuidar das crianças, já que contava com ajuda dos vizinhos. Além disso, o promotor teria dito que ela não teria afeto pelos recém-nascidos.
 
“Ele pegou e arrancou os nenéns dos meus braços, porque a mulher [conselheira] falou que eu não tinha capacidade de cuidar deles, porque eles estavam na casa dos outros. Mas assim, meus vizinhos são todos solidários comigo. Um me ajudava a banhar e pedia para levar um pouquinho até sua casa. Ai a mulher pega e faz isso comigo. Ela foi muito leviana”, disse ao Olhar Direto. “[o promotor] José Antônio Borges falou para mim, que não iria devolver as crianças, porque eu não tinha afeto por eles, e eu os deixava na casa dos outros. Mas eu deixava porque meus vizinhos me ajudavam. Eles pegavam para eu lavar roupas, lavar louças. Ele falou para mim, que não ia devolver os gêmeos, porque eu estava velha para cuidar de quatro nenéns. Eu disse para ele: olha o jeito que você fala comigo”, afirmou.
 
Embora sempre tenha se mostrado disposta a criar os gêmeos, a aposentada disse que não teve ao menos uma chance de provar isso às autoridades.  Passado alguns dias, Dona Rosa foi surpreendida novamente com a presença da Polícia Militar, e de conselheiros tutelares, que foram novamente até a residência da aposentada e levaram os irmãos mais velhos. “Falaram que as crianças estavam com excesso de comida. Se as crianças estão magras, dizem que estão passando fome, e se estão gordinhos, estão com excesso de comida”, reclamou.

Moíses, 4, ao lado da avó.  Foto: Rogéiro Florentino

Ana Clara e Moisés, atualmente com 3 e 4 anos, estão sob cuidados da avó. Isso porque, com ajuda do advogado Ricardo Monteiro ela conseguiu na Justiça o direito de criar os próprios netos. No entanto, passados 11 meses, ela ainda suplica para conseguir a guarda de Rogério e Rafael.
 
O processo sobre a situação dos gêmeos corre em segredo de Justiça. A assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), disse que os promotores e juízes não podem falar à imprensa sobre o caso.
 
As últimas informações que a avó teve, foram de que eles haviam sido adotados por um casal, mas logo depois ficaram novamente sob cuidados do abrigo. O motivo do retorno ela não soube informar.
 
Agora, com uma renda fixa ela garante que pode criar os netos. Inclusive, ainda guarda todo o enxoval, berços, pacotes de fraldas e brinquedos que havia ganhado quando seu caso foi veiculado na imprensa, no ano passado. Recentemente, a sua casa também passou por uma reforma. No entanto, ainda falta concluir a área para que as crianças possam brincar no local. 

Dona Rosa diz, que apesar disso, o mais imporante neste momento, são os netos gêmeos. Ela pede que a Justiça seja solidária com seu caso e devolva a guarda de Rogério e Rafael.  “As únicas coisa que eu quero, são os gêmeos que me tiraram. Só Deus para me ajudar”. 

Quem tiver interesse em ajudar no caso pode entrar em contato através do seguinte telefone (65) 9 9242-4857. 
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