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Morador da Praça Popular há 66 anos, idoso conta as mudanças que viu e os problemas que surgiram

Da Redação - Vinicius Mendes

A Praça Popular, na região central de Cuiabá, é um dos pontos mais tradicionais da cidade. O lugar é antigo, mas foi nos últimos anos que o movimento aumentou e a região se valorizou. Antigos moradores, seduzidos pelos altos valores oferecidos por suas casas, abandonaram a região. Apenas dois ainda resistem.



Um deles, Alinor Gomes, de 87 anos, disse que mora por ali desde que o bairro começou. Ele viu a arquitetura local mudar drasticamente e sua qualidade de vida piorar. No entanto, ele afirma que não abre mão de seu espaço.
 
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Alinor, aposentado, mora no Bairro Popular desde 1952. Segundo o idoso, ele foi um dos primeiros moradores da região. Antigamente a vida era mais pacata, mais calma, ele diz. De uns anos para cá, no entanto, muita coisa mudou.

“Agora que está mais movimentado, porque apareceu tantos restaurantes, muita gente, mas antes era calmo. A noite, depois das 22h, em vários restaurantes da praça as pessoas ficam dançando até de manhã, eu durmo lá nos fundos, então consigo dormir, não chega a me atrapalhar”.

De acordo com Alinor, a região ficou mais perigosa depois de sua popularização. Ele conta que sua casa já foi invadida três vezes. Em sua porta agora há uma grade, trancada com corrente e cadeado. O idoso conta que é comum ver pessoas fazendo uso de drogas por ali.



“Uma coisa é que eu acho que a nossa lei é muito fraca, porque aqui perto tem muita gente que vem sentar para fumar, usar droga, ou para vender, não sei ao certo. Minha casa mesmo, já foi roubada três vezes”.

Outro problema que ele apontou foi com relação ao aumento do custo de vida na região. De hábitos simples, ele reclama do aumento do preço de algumas mercadorias. “Um leite de saquinho que eu compro por R$ 2 um pouco mais longe, aqui vendem por R$ 4”, disse.

Seo Alinor ainda mantém o antigo costume de muitos cuiabanos, de se sentar em frente à porta de casa no final do dia. Nesta semana, porém, seu motivo para ficar ali sentado foi outro. Com a transmissão dos jogos da seleção brasileira na Copa do Mundo, muitas pessoas têm ido à praça para torcer. A reclamação, neste caso, é contra as pessoas que têm urinado nas calçadas.

“O que incomoda a gente é que a prefeitura ou a polícia não fizeram nada. Ontem mesmo eu fiquei até 21h aqui sentado para não deixar o pessoal ficar urinando aqui na frente, por causa do jogo”.

Ele é um dos poucos moradores antigos que permanecem morando ali. Segundo Alinor, apenas ele e um outro vizinho se recusaram a vender suas casas. Na casa de Alinor moram apenas ele e seu afilhado.

“Apareceu umas pessoas em cima da gente, querendo comprar os terrenos. Dessa rua aqui só ficou eu e ali nos fundos tem o Levi, a maioria vendeu, acharam o preço muito bom. Mas o dinheiro para mim não é o principal, não sou gato, mas gosto da minha casa”.
 
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