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Reitora da UFMT atende 10 pontos, mas grevistas pedem RU a R$ 1 para filhos de alunos

Da Redação - Vinicius Mendes / Da Reportagem Local - Fabiana Mendes

Durante reunião desta quarta-feira (4) entre a reitora Myrian Serra e os estudantes do movimento de greve contra o aumento dos preços do Restaurante Universitário (RU), foi garantido o atendimento de 10 pontos de reivindicação dos alunos. Porém, sobre a pauta principal, que é a manutenção do preço a R$ 1, as duas partes ainda não chegaram a um acordo. A reitora pediu um prazo para o final da greve e os estudantes ainda reivindicaram que o preço de R$ 1 seja estendido também aos filhos dos estudantes.
 
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A reunião foi iniciada por volta das 8h30 desta quarta-feira (4) no Auditório do Centro Cultural da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Os estudantes apresentaram uma carta de reivindicações com mais de 30 itens à Reitoria. Segundo eles, a condição para saída da greve é um termo de compromisso, para que o valor de R$ 1 siga até o final da gestão da atual reitora.

A reitora Myrian Serra disse que só irá negociar os seis pontos da carta de reivindicações, específicos sobre a política de alimentação da UFMT, se os estudantes marcarem uma assembleia estudantil com pauta de saída de greve e data para desocupação de todos os prédios.

De todos os pontos apresentados, a reitoria se comprometeu a atender imediatamente dez deles. São eles:

- democratização e desburocratização para acesso do teatro universitário para a comunidade acadêmica, com garantia da gestão pública;

- concurso público para docentes e técnicos administrativos; solicitação dos contratos detalhados de empresas terceirizadas na UFMT;

- detalhar para onde vai a verba destinada a estudantes, repassadas para a assistência estudantil;

- cumprimento e fiscalização das legislações 11.645 e 10.639, que tratam da obrigatoriedade de ensino de história e cultura indígena e africana;

- garantir debate étnico-racial de gênero e sexualidade nos currículos;

- que a universidade capacite a segurança terceirizada sobre questões de gênero, étnico-raciais e direitos humanos;

- não à criminalização do movimento estudantil;

- não à derrubada de árvores no campus e que a reitoria se comprometa ao não desmatamento do campus, que os bosques sejam preservados e revitalizados;
 
- a não redução de vagas da graduação na UFMT.
 
Os estudantes argumentaram que o atendimento destes pontos não seria suficiente para o encerramento da greve pois não atende a reivindicação principal, que é sobre a manutenção do preço do RU em R$ 1. Eles ainda pediram que o RU seja aberto sábados, domingos e feriados, e também que atenda os filhos dos estudantes pelo mesmo valor de R$1.

A reitora já havia suspendido o aumento do preço para R$ 5 até dezembro deste ano e também anunciou a criação de uma comissão para discutir a elaboração da nova política de Alimentação Estudantil da UFMT. Ela disse que estas questões sobre o público do RU só poderão ser decididos por esta comissão.

“Nós precisamos definir até novembro de 2018 qual é o público prioritário para fazer refeições no restaurante universitário da UFMT. Aí vai entrar outro ponto. São os filhos dos estudantes? São os professores? São os técnicos? São aqueles que vêm fazer projeto de extensão? São usuários externos que participam de eventos? Tudo isso está na pauta que vem para esta comissão, e se a comissão discutir isso e apontar isso, discutindo não apenas o RU, mas todo o contexto de orçamento da universidade, nós teremos então a possibilidade de realizar um novo contrato. Hoje, neste contrato, em 2018, não é possível fazer a abertura nos finais de semana, aos feriados, dias de recesso, porque o contrato prevê 200 dias letivos”, explicou a reitora.
 
Fim da greve
 
Após 65 dias de greve (a contar da data de suspensão do calendário) as aulas na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) retornaram no último dia 25 de junho. Uma decisão do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) do dia 18 de junho, revogou a suspensão do calendário acadêmico no primeiro semestre do ano de 2018.
 
Os estudantes aprovaram a greve, em assembleia estudantil, no dia 8 de maio. Porém, a suspensão do calendário só foi aprovada no dia 14 de maio pelo Consepe, com data retroativa ao dia 20 de abril, em apoio ao movimento dos estudantes que lutam contra o aumento dos preços do Restaurante Universitário (RU).
 
De acordo com o movimento de greve, no dia 20 de junho 80% dos presentes na assembleia estudantil realizada em Cuiabá decidiu pela manutenção da greve no campus. As aulas, o entanto, retornaram em vários blocos já no dia 25.
 
O aumento
 
As unidades do Restaurante Universitário da UFMT, nos cinco Câmpus, funcionavam com os valores de R$ 0,25 para café da manhã e R$ 1,00 para almoço e jantar, porque os valores eram subsidiados pela instituição em mais de 90% para estudantes.
 
De acordo com a UFMT, o orçamento para custeio e investimento do Governo Federal nas universidades vem caindo, ano a ano. O orçamento de 2017, comparado ao do ano anterior, teve redução de cerca de 38% nos recursos destinados ao capital, utilizado para realização de obras e aquisição de equipamentos, e de aproximadamente 4,5% na verba destinada ao custeio, referente a manutenção de despesas básicas.
 
A universidade havia comunicado que haveria uma ampliação do acesso gratuito aos estudantes que comprovem renda até 1,5 salário mínimo ao Restaurante Universitário (RU) e acesso subsidiado para estudantes com outros fatores de vulnerabilidade socioeconômica, no limite do orçamento do Programa Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes) e da UFMT. Estudantes com renda superior pagarão o valor sem subsídio, que é R$ 5.
 
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