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Notícias / Cidades

Advogado preso pelo GOE diz que deixou cena de atropelamento por medo de assalto

Da Redação - Vinicius Mendes

O advogado Dyego Nunes da Silva Souza, que atropelou um senhor de 54 anos na noite da última sexta-feira (6) no bairro CPA IV, afirmou  ao Olhar Direto que fugiu do local do fato porque temeu que fosse assaltado por alguns homens que estavam no meio da rua.

Dyego e seu advogado, Luciano Carvalho do Nascimento, acabaram sendo presos na madrugada deste sábado (7), após um desentendimento com a Polícia Civil. Luciano negou a versão de que teria posto resistência à prisão de seu cliente e reiterou que a prisão foi truculenta.
 
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Em imagens das câmeras de segurança do local do atropelamento é possível ver o momento em que Dyego atropela duas pessoas. Uma das vítimas aparentemente saiu ilesa, mas a outra, identificada como Martiniano Cabral, de 54 anos, teve que ser levada ao Pronto Socorro Municipal de Cuiabá.

Dyego conta que estava em uma lanchonete do CPA IV, comendo um lanche e tomando refrigerante, e quando foi embora passou por uma rua escura. Ele contou que mora no CPA I e não conhece muito bem o CPA IV, mas sabe que existem alguns locais mais perigosos. Segundo ele, alguns homens se aproximaram de seu veículo e por isso ele teria fugido.

“Eu entrei devagar nesta rua, reduzi a velocidade e vi dois caras atravessando a rua, só que eles não atravessaram por completo, eles meio que pararam na frente do carro. Um desses parou e ficou olhando para um terceiro cara que estava na calçada de uma distribuidora. Este cara veio caminhando na direção da janela do carro. Como eu já estava com a primeira engatada, eu só abaixei a cabeça e acelerei imaginando que se tratava de uma tentativa de assalto, aí eu atropelei este senhor”.

Como temia por sua segurança, Dyego afirma que não parou para prestar socorro. Ele ainda disse que assim que atropelou Martiniano um VW Gol começou a seguí-lo. Ele então começou a fazer ziguezague pelas ruas, até que conseguiu despistar o carro e só então foi para casa.

O advogado de Dyego, Luciano do Nascimento, ao Olhar Direto reforçou que seu cliente não seguia em alta velocidade, que pelas imagens de uma câmera de segurança é possível ver que “ele veio vagarosamente e de repente ele se desvia, aí que ele acelera, ele não veio em alta velocidade e depois bateu e correu”.

Já em sua casa, horas depois Dyego foi abordado pela polícia. Luciano já estava no local e disse que tentava apaziguar a situação. A polícia afirma que Luciano teria soltado um cachorro contra os policiais, na tentativa de impedir a prisão de Dyego, mas o advogado nega.

“Fui preso, segundo eles, porque eu teria instigado um cachorro sobre os policiais, esta foi a versão do boletim de ocorrências. Segundo eles eu teria posto resistência à prisão do Dyego, o que é totalmente inverídico, falso.  O cachorro é da casa, na hora que chegou encontrou Dyego vestido apenas com as roupas íntimas e o portão semi-aberro, o cachorro teria aproveitado esta brecha e saiu”.

O advogado conta que foi atrás e conseguiu pegar o cachorro, mas ele se soltou novamente e teria ido em direção aos policiais. Ele ainda disse que gritou para que não atirassem no animal e então segurou o cão e o levou para a residência.

Luciano a todo momento entrava na casa para conversar com Dyego e sua família e depois saía para fora, para conversar com a polícia, na tentativa de apaziguar a situação. Os policiais ficaram impacientes com a demora e acionaram a Gerência de Operações Especiais (GOE).

Dyego contou que combinou com Luciano que se apresentaria voluntariamente à delegacia, para esclarecer o caso, e que isso teria sido comunicado aos policiais. No entanto, quando o GOE chegou à casa do advogado, entraram e algemaram Dyego.

Luciano disse que teria sido preso por que, no momento da prisão de Dyego, os policias lhe pediram para passar a chave do carro de seu cliente, o que ele recusou. O advogado disse que não entregou a chave porque “o procedimento não é assim, de simplesmente entregar, deveriam chamar um guincho para levar o carro”.

Os policiais então teriam também detido Luciano. Dyego e seu advogado afirmam que a ação dos policiais foi truculenta e que foram agredidos. Luciano ainda disse que dentro da viatura teria sido ofendido pelos policiais.

O Olhar Direto entrou em contato com a Polícia Civil que informou que a Corregedoria irá analisar o caso. 

A situação

Os advogados Dyego Nunes da Silva Souza e Luciano Carvalho do Nascimento foram presos na madrugada deste sábado (07) após resistirem à prisão e entrarem em confronto com policiais da Deletran e da Gerência de Operações Especiais (GOE), em Cuiabá.

Supostamente embriagado, Dyego atropelou Martiniano Cabral, de 54 anos, fugiu sem prestar socorro e pediu ajuda a Luciano, que teria soltado um cachorro da raça pit bull contra os policiais.

Uma comitiva da Ordem dos Advogados do Brasil de Mato Grosso (OAB) esteve na Delegacia de Roubos e Furtos na manhã deste sábado acompanhando o caso dos advogados. De acordo com o secretário-geral da instituição, Ulisses Rabaneda, uma representação contra os policiais envolvidos no caso será encaminhada a corregedoria da Polícia Civil.
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