Imprimir

Notícias / Cidades

Secretário sugere que viaduto da UFMT foi construído para aumentar desvio de dinheiro público

Da Redação - Vinicius Mendes

O secretário-chefe da Casa Civil, Ciro Gonçalves, responsável pela continuidade das obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) em Cuiabá, falou sobre os esquemas de corrupção que aconteceram durante a construção das obras para a Copa do Mundo de 2014. O secretário sugeriu, em entrevista nesta terça-feira (10), que o viaduto da UFMT, na avenida Fernando Correa, em Cuiabá, só foi construído por causa de seu valor mais alto e pela possibilidade de desviar mais dinheiro.
 
Leia mais:
Tribunal de Contas da União determina auditoria em aplicação de recursos no VLT
 
Gonçalves lembrou que na época em que as obras para a Copa do Mundo de 2014 foram licitadas e iniciadas, operava em Mato Grosso um grande esquema de corrupção. Após investigações o ex-governador Silval Barbosa acabou preso. Responsável agora pela continuidade das obras do VLT, Ciro afirmou que o VLT foi o maior alvo.
 
“O que acontece é que nós passamos por um processo do maior contrato do Estado de Mato Grosso, de um quadro onde se tinha um apetite de corrupção extremamente elevado, isso já foi confessado pelos atores, então por óbvio que este maior contrato, com o maior volume de dinheiro, os indícios [de corrupção] eram muito fortes”.
 
O secretário-chefe da Casa Civil ainda sugeriu que outras obras foram realizadas por causa de seu alto valor e pela possibilidade de desvio. Ele questionou a construção do viaduto da UFMT, na avenida Fernando Correa, no lugar de um viaduto na Avenida Beira Rio, que sairia mais barato.
 
“Dado o jogo de planilha perverso que foi feito nesta contratação, porque que se optou em fazer a obra de arte do viaduto em frente ao shopping Três Américas e não se fez o viaduto da Avenida Beira Rio? Porque o preço do viaduto do shopping Três Américas era mais vantajoso, e o outro estava a preço de feira, então é por óbvio qual ele preferiu executar”.
 
VLT
 
Até o momento, a obra do VLT tem 55% de execução. Para terminar os outros 45%, o Executivo decidiu realizar novo edital, também na modalidade de Regime Diferenciado de Contratação (RDC), para que seja contratada uma empresa ou um conjunto delas (consórcio). Um levantamento está sendo feito, mas Wilson crê que este valor não deva ultrapassar os R$ 450 milhões.
 
Porém, o secretário explica que “R$ 313 milhões o Estado reconhece como direito do Consórcio VLT pelo que ele fez até dezembro de 2014. Entre o que precisa ser pago estão: três medições que não foram pagas (outubro, novembro e dezembro); 28 reajustes; atualização financeira e variação cambial”.
 
As obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) tiveram início em 2012, com previsão de conclusão em março de 2014, três meses antes da Copa do Pantanal Fifa 2014, tendo Cuiabá como uma das sedes – quatro jogos foram realizados na Arena Pantanal José Fragelli. Alegando não ter recebido por parcela considerável do que já havia realizado, o Consórcio VLT paralisou as obras em dezembro de 2014.
 
Após a posse, o governador Pedro Taques determinou auditoria nas obras e no contrato do Consórcio VLT. Constatou-se superfaturamento e falhas pontuais, como a aquisição antecipada das locomotivas e vagões do VLT supostamente por causa de um período de baixa do dólar.
 
Em fins de 2015, por determinação do juiz Ciro Arapiraca, da Seção Judiciária de Mato Grosso, houve a retomada das conversações do governo com o Consórcio VLT, para que as obras pudessem ser concluídas. Após a delação premiada de Silval Barbosa, revelando que houve corrupção, o contrato foi rompido. No início, o valor do projeto foi fixado em R$ 1,447 bilhão.
Imprimir