Imprimir

Notícias / Cidades

Ato relembra dor e impunidade da chacina do Beco do Candeeiro; fotos

Da Reportagem Local – Vitória Lopes / Da Redação – Fabiana Mendes

Abraçada à escultura que lembra a morte do filho, Adileu Santos, 13 anos, conhecido como Baby, Maria dos Santos Silva ainda sofre com o sentimento de dor e impunidade, causado por uma chacina que vitimou além de seu filho, Edgar Rodrigues de Arruda, 12 anos, e Reinaldo Dias Magalhães, de 16 anos. Há exatos 20 anos, os três foram assassinados a tiros na Rua 27 de Dezembro, popularmente conhecida como Beco do Candeeiro, região central de Cuiabá. A Praça Senhor dos Passos foi ponto de um encontro de militantes que realizam ato na tarde desta terça-feira (10), em memória do triplo homicídio ocorrido no dia 10 de julho de 1998.

Leia mais: 
Após reforma, Beco do Candeeiro deve ser palco de eventos culturais e feiras

Embora a tragédia tenha sido de repercussão nacional, um policial militar, principal suspeito das execuções, foi julgado em 2014 e inocentado dos crimes. Ele usou uma pistola para atirar contra os adolescentes que estavam no beco, por volta das 20 horas daquele dia.

A praça ficou rodeada de curiosos, jornalistas e manifestantes, que com flores brancas abraçaram duas das mães, que ainda buscam por Justiça. “Espero que a Justiça tome providência para não deixar assim, impune. Faz 20 anos e o bandido foi liberado. Ele não matou cachorro, ele matou crianças. Muito triste para nós, mães que perdemos, porque a Justiça deveria fazer alguma coisa. Ela deveria ter tomado providência e feito alguma coisa. Eu já estive aqui e já convenci até o júri popular, mas ele foi liberado. Eu não sei por que isso. Se a Justiça existe a gente, tem que correr atrás dela”, disse Maria dos Santos, que morava em Cáceres (a 222 quilômetros de Cuiabá), quando recebeu uma ligação informando sobre a morte do filho na capital.

A mestranda em antropologia e uma das organizadoras do ato, Gabriela Silgueiro disse ao Olhar Direto que o evento aconteceu após reunião de pessoas que tiveram relação com a tragédia. “Tudo independente do Estado, a partir de uma reunião de pessoas que tem uma relação com esse movimento, com essa história de alguma forma, seja espiritual, profissional, sentimental”, contou.

A região conhecida por ser frequentada por usuários de drogas, também irá receber um consultório de psicanálise formado por estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e totalmente voltado para moradores em situação de ruas.

“Foram dois anos e meio de trabalho. Um ano de muita solidão da professora Adriana. Um ano que ela entra com alguns alunos da Universidade Federal, bolsistas muito jovens. Ela experimenta isso te der pessoas não muito preparadas para lidar com este público e vai vendo o que é isso. Até isso começar a contaminar outras pessoas que estavam próximos, desde sociólogos, eu sou mestranda em psicologia, comecei a ser contaminada também, e analistas e estudantes de psicanalises para começar a pensar como poderia ser este dispositivo”, explicou.
Imprimir