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Delegado cita combate a criminalidade, mas vê frustração da sociedade com legislação e impunidade

Da Redação - Fabiana Mendes

Frustração. Esse é o sentimento que o coordenador de Inteligência da Polícia Judiciaria Civil, o delegado Luiz Henrique de Oliveira expressou quanto aos membros de facções criminosas que são investigados durante meses e  acabam soltos no dia pouco tempo depois. A fala foi proferida durante coletiva de imprensa sobre a operação "Red Money", que durou 15 meses e cumpriu 94 ordens de prisão, além do bloqueio de contas bancárias e da indisponibilidade de bens dos envolvidos. A atividade policial resultou ainda na apreensão de pelo menos 60 veículos, avaliados em R$ 1,7 mi de reais. 

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“Olha, a Polícia Civil vai investigar sempre. Esse é nosso dever, e o que a gente gosta de fazer. Claro, que isso tem um pouco de frustação, não resta dúvidas. Mas não é uma frustração minha por ser policial, é frustração da sociedade, porque a gente não gosta de viver num pais com impunidade. Essa é a questão. Um problema que a gente precisa resolver quanto sociedade”, ponderou o delegado.
 
“O secretario [Gustavo Garcia] pontuou muito bem, nós temos que seguir a regra do jogo. Muitas vezes gostaríamos de dar uma resposta mais rápida, mas você não pode ofender direitos. Por exemplo, para entrar em uma casa você precisa de uma ordem judicial. Para você quebrar dados telefônicos, você precisa de uma ordem judicial. Para você conseguiu um extrato bancário, você precisa disso. Então, isso leva tempo. Você tem hoje, de um lado uma pressão, que hoje é os Direitos Humanos, questão de respeito. E outra é a cobrança da sociedade para diminuição da criminalidade. Mas isso não vai abalar em nada, não vai diminuir em nada a nossa intenção de combate o crime, pode ter certeza”, asseverou.
 
O secretário de Segurança Pública de Mato Grosso, Gustavo Garcia, informou que  as atividades irão perdurar. "Ainda irão buscar pessoas que atuem fortalecendo essas facções". Ele destacou ainda que a operação Red Money é, sem dúvidas, uma das maiores já desenvolvidas. A operação envolveu 520 policiais em 11 cidades de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e do Pará. 

Sistema de Arrecadação

O sistema de arrecadação financeira da facção investigada na operação “Red Money” assume formato de pirâmide. No topo está o núcleo de liderança e na base dezenas de contas bancárias, com movimentação menor, que fazem a captação de dinheiro, e, gradativamente, fazem o repasse às contas maiores.

No período de um ano e meio (01/06/2016 a 18/01/2018), entre entradas e saídas de 44 contas investigadas na operação, foram identificados movimentação de aproximadamente R$ 52 milhões.


O delegado Luiz Henrique de Oliveira, Coordenador de Inteligência da Polícia Civil, disse que a deflagração da operação corresponde ao fechamento de uma etapa importante da investigação e agora iniciará um trabalho mais técnico, de análise dos documentos apreendidos, interrogatórios, oitiva de testemunhas, identificação de outros suspeitos

Conforme ele, além das prisões, o objetivo principal é a apreensão do patrimônio e descapitalização da organização criminosa. “A operação Red Money indica que a Polícia Judiciária Civil avançou um degrau na forma de se combater as facções criminosas no Estado, precisamos focar no aspecto financeiro e patrimonial para enfraquecer essas organizações criminosas”, frisou.

O delegado da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), Diogo Santana, chamou atenção para o fato de que várias pessoas forneceram conta bancária para que fosse movimentado dinheiro ilícito, e, agora, terão que informar a mando e interesse de quem fizeram isso. “Qualquer pessoa que empresta sua conta bancária para movimentar valores ilícitos pode incidir no crime de lavagem de dinheiro”, afirmou
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