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Comerciantes denunciam extorsão de policiais por 'segurança'; Corregedoria desconhece fato

Da Redação - Vinicius Mendes

Comerciantes da região da Grande Cuiabá procuraram o Olhar Direto para denunciar uma prática de extorsão por parte de alguns policiais militares, que teriam os procurado para oferecer “pontos base” em frente aos seus estabelecimentos, para “garantir a segurança”, em troca de R$ 200 semanais. Um militar, que não quis ser identificado, explicou como funciona o esquema. A assessoria da PM afirmou que não tem conhecimento de qualquer denúncia desta natureza.
 
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De acordo com o militar, essa prática é conhecida entre os policiais. Ele explicou que quando alguém abre um comércio em Cuiabá ou Várzea Grande, é comum receber uma visita de policiais militares fardados, em viaturas, que fazem a oferta de “ponto base”.

“Eles chegam lá oferecendo segurança, pedem R$ 200 por semana. Se o comerciante não paga ou não tem condições, eles dizem que não podem garantir a segurança do estabelecimento. Se pagarem, os policiais então aparecem lá todos os dias e ficam parados em frente por cerca de 15 a 40 minutos. Eles fazem isso para mandar um recado para os bandidos, para mostrar de quem é aquela região, que é da PM”.

Sobre a quantidade de policiais que teriam esta prática, o militar disse que “se você levar em consideração o número de policiais que tem em Cuiabá e Várzea Grande, os que têm esta prática são um número pequeno”.

No entanto, explicou que este é um esquema que necessita de vários policiais para funcionar. Em Mato Grosso, os policiais militares trabalham em uma escala de 72 horas de folga para cada 24 horas de trabalho, ou seja, não trabalham todos os dias.

O militar disse que esta prática acontece apenas nos dias de serviço, então há um líder que define as escalas dos militares que irão aos “pontos base” em cada dia. Mas a “maioria não faz porque sabe que é crime”.
 
Ele contou que já viu isto sendo feito na região do Jardim Cuiabá, na Avenida Beira Rio e Avenida das Torres, porém, afirmou que a prática acontece em toda a região da Grande Cuiabá. “Se você for na região do Zero, em Várzea Grande, por exemplo, lá acontece muito isso, eles devem ganhar muito dinheiro lá”.

Estes “pontos base”, segundo ele, são sempre feitos em frente a comércios como farmácias, padarias, postos de combustível, supermercados, etc. O militar também explicou que existiam os pontos bases reais, “mas nunca é em frente a comércio, ali na Avenida Fernando Corrêa mesmo tinha um, na rotatória”.

Ele ainda explicou que normalmente quando uma viatura sai do batalhão é para atender alguma ocorrência que chega pelo Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (CIOSP), no entanto, disse que também ocorrem as rondas, mas em áreas problemáticas da cidade.

De acordo com o militar, existe um cabo na PM que é conhecido por estas práticas, inclusive já teria sido transferido para vários batalhões, por suspeita disso. Ele afirma que esta prática é comum porque não há fiscalização dos oficiais.

Os comerciantes afirmam que temem por sua segurança caso procurem a Corregedoria da PM ou o Ministério Público para fazer alguma denúncia.

O Olhar Direto entrou em contato com a assessoria da Polícia Militar, que apenas respondeu que não tem conhecimento de nenhuma denúncia desta natureza, mas estão à disposição para atender quem se sentiu prejudicado.
 
Leia a nota da PM na íntegra:
 
A Corregedoria da PM informa que não tem conhecimento e não recebeu nenhuma denuncia dessa natureza , porém está à disposição para receber aqueles que sentiram prejudicados por alguma ação de integrantes da PMMT. O procedimento inicial, informa, é tomar o depoimento(s) do denunciante(s) e reunir documentos e outras provas que possam auxiliar a investigação.
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