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Na briga pelo 2º turno: Taques e WF debatem VLT, corrupção e salário dos servidores

Da Redação - Érika Oliveira

A disputa pelo Governo de Mato Grosso este ano tem se revelado uma das mais acirradas, com possibilidade de pela primeira vez na história haver 2º turno. Nessa “briga”, o atual governador Pedro Taques (PSDB), que tenta reeleição, e o senador Wellington Fagundes (PR), estão literalmente empatados conforme a última pesquisa Ibope, divulgada esta semana. Os dois candidatos foram os participantes do Confronto Direto desta semana e discutiram, entre outros assuntos, como pretendem lidar, caso eleitos, com as obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e o planejamento para que o salário dos servidores volte a ser pago no dia 30 do mês trabalhado.

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Coligados nacionalmente com candidatos polêmicos, Taques e Wellington também falaram do peso de seus palanques e da preocupação de que o efeito “anti” direcionado aos presidenciáveis possa impactar em suas campanhas. Em Mato Grosso, o PT, do ex-presidente Lula, compõe chapa com Wellington Fagundes. Enquanto o PSL, de Jair Bolsonaro, integra a coligação de Pedro Taques.

Empatados na Ibope

Conforme a pesquisa Ibope divulgada na última quinta-feira (20), Taques e Wellington detém 20% das intenções de voto do eleitorado mato-grossense. Os dois estão atrás de Mauro Mendes (DEM), que lidera com 39% e tenta vencer a disputa ainda no 1º turno.

Um total de 812 pessoas foram ouvidas pelo instituto Ibope. A margem de erro é de 3% para mais ou para menos. O levantamento foi registrado na Justiça Eleitoral sob o número 05998/2018. O nível de nível de confiança é de 95%.

Confira abaixo o debate proposto por Olhar Direto aos dois candidatos:

1) Todos os caminhos apontados pelos candidatos até o momento para resolver o problema do VLT indicam soluções que ainda levarão certo tempo. O senhor cogita vender os vagões nesse intervalo, enquanto o modal não tem condições de entrar em funcionamento, para readquirir depois? Ou é melhor arcar com a manutenção? Ter vagões estacionados não significa ter dinheiro público parado?  

WF - O primeiro passo é chegar a um consenso jurídico sobre o VLT, que envolva Governo, prefeituras, consórcio e órgãos de controle. Somente depois desse consenso, poderemos afirmar com certeza o destino dos vagões, o prazo para conclusão e valores finais da obra. É importante dizer que uma das minhas prioridades é concluir todas as obras paradas possíveis de serem finalizadas. Obra parada é desperdício de dinheiro público, e prejuízo para o cidadão.

Taques - A forma como o VLT foi escolhido certamente significa prejuízo para o Estado. O problema não são os vagões, mas a forma como o VLT se iniciou, com corrupção. Não é vendendo os vagões que vamos resolver o problema. Além disso, é um produto muito específico, então não é simples vende-los. Vamos fazer nova licitação via Parceria Público-Privada para dar continuidade nesta obra.

Ainda sobre os vagões, eles passam diariamente por manutenção. Estamos cuidando do patrimônio público. O trabalho é feito pelo Consórcio VLT e acompanhado por uma equipe Secretaria das Cidades.

2) No seu plano para a gestão de Mato Grosso nos próximos quatro anos está previsto o retorno do pagamento do salário dos servidores dentro do mês trabalhado? Em caso de a resposta ser positiva, em quanto tempo o senhor acredita ser possível fazê-lo?

WF - É dever do governante manter os salários dos servidores em dia. A regularização será imediata. No meu governo, vamos colocar as pessoas em primeiro lugar. E isso começa com o servidor. Salário em dia é dever, por isso quero ir além, quero criar um novo ambiente de trabalho. Nesse aspecto, a presença da minha vice, Sirlei Theis, que é servidora de carreira na área de segurança, será um diferencial. O funcionário público precisa ser valorizado.

Taques - Sim, nós certamente queremos voltar a pagar o salário no dia 30 e não mais no dia 10. Mas não podemos dar uma data agora de quando isso vai acontecer. O Brasil passou por uma grave crise econômica que também afetou Mato Grosso. Vimos a situação de outros estados, que parcelaram os salários. Mas tomamos medidas para evitar o agravamento da crise aqui, conseguimos fazer investimentos básicos e ainda garantir o pagamento dos salários dos servidores, com os reajustes e aumentos previstos.

3) Os senhores formaram chapas que garantem do lado de Wellington Fagundes palanque para o ex-presidente Lula (PT), que está preso e condenado por corrupção; e do lado de Pedro Taques palanque para candidaturas do Cabo Daciolo (Patriota) e de Jair Bolsonaro (PSL), que coleciona polêmicas, como a exaltação do torturador Coronel Brilhante Ustra e foi denunciado Procuradoria-Geral da República por racismo, além de ter sido pego empregando funcionária fantasma na Câmara Federal. Os senhores se orgulham de estar lado a lado com esses políticos e acreditam que, de fato, eles representam boas alternativas para a Presidência da República?

WF - Nossa coligação representa em Mato Grosso quatro candidatos à Presidência. Além de Fernando Haddad (PT), temos Geraldo Alckmin (cuja vice, Ana Amélia, é do PP), Álvaro Dias (Pode) e Marina Silva (que tem como vice Eduardo Jorge, do PV). Me orgulho muito da aliança plural e democrática que construímos, reunindo lideranças da esquerda, centro e direita. Costumo dizer que a nossa aliança é um retrato da sociedade brasileira em toda sua diversidade. Caberá ao eleitor brasileiro definir o nosso próximo presidente, mas o que posso assegurar é que buscaremos diálogo e proximidade com quem quer que seja eleito.

Sobre Lula, é preciso reconhecer os avanços na área social ocorridos durante seus mandatos. Deve ter garantido seu direito à ampla defesa como é a regra num sistema democrático como o Brasil.

Taques - Nosso palanque tem dois presidenciáveis com reais condições de disputar o segundo turno: Geraldo Alckmin e Jair Bolsonaro. Com um deles indo para o segundo turno, nós apoiaremos a campanha.

4) A Arena Pantanal, apontada como um dos elefantes brancos da Copa do Mundo de 2014, tem um custo mensal de R$ 700 mil (mais de R$ 30 milhões gastos nos últimos quatro anos) e, desde que a atual gestão decidiu pela privatização, encontra dificuldades para achar uma empresa que queira tocá-la. Além disto, o projeto não está 100% concluído. Qual é a solução para o estádio e finalização das obras? O senhor tem a intenção de continuar utilizando o espaço como escola?

WF - Entendo que um dos papéis que o Governo deve ter é o de indutor do desenvolvimento, e a relação com a iniciativa privada é importante. O Estado deve ser visto como um parceiro, e não um obstáculo para investimentos.

Assim como o VLT, a Arena é um projeto que não terminou. E queremos concluir todas as obras que estão paradas e que são possíveis de serem finalizadas. Sou simpático ao multiuso dos espaços públicos e vejo com bons olhos a integração entre educação, esporte e lazer. É um espaço nobre, que já recebeu muito investimento do Estado, e que deve ser devolvido ao povo. É um grande desafio, e vou procurar apoio da prefeitura de Cuiabá, da sociedade civil organizada, do governo federal, da iniciativa privada, enfim, de todos, para resolvermos a situação.

Taques - Na Arena Pantanal, mesmo com o problema judicial, conseguimos ocupar esse espaço. Criamos a Arena da Educação, fizemos várias edições do Vem Pra Arena e também promovemos muitos jogos e eventos no estádio. Foram 40 jogos do campeonato estadual e 13 jogos nacionais.

Vamos continuar sim usando a Arena como Escola Arena, voltada para a prática de esportes. Mas esclareço que apenas uma parte é utilizada como escola, não inviabiliza a utilização do espaço para outras coisas. Estamos já no segundo ano de Escola Arena e vamos continuar sim com este projeto.

De fato, o custo de manutenção é alto. Não são R$ 700 mil, conforme citado, mas chega a R$ 300 mil. Nossa intenção é fazer uma concessão. Atualmente um consórcio de empresas está fazendo um estudo para a concessão. O MT Par autorizou esse estudo, é o que se chama de MIP – Manifestação de Interesse da Iniciativa Privada. Então estamos em fase de modelagem para uma Parceria Público-Privada.

Perguntas diretas entre os candidatos

Pedro Taques pergunta para Wellington Fagundes: O papel do estado é cuidar de quem mais precisa. Na nossa gestão, sempre tivemos essa preocupação. Com as mulheres, com os mais pobres, com os pequenos agricultores. Graças a ações que realizamos, conseguimos ser um dos únicos estados do Brasil a reduzir o número de pessoas vivendo em pobreza extrema. Um dos nossos programas mais importantes é o Pró-Família, que trabalha especialmente com mulheres. São 25 mil famílias atendidas. O Pró-Família entregou um cartão que permitiu que elas colocassem comida na mesa. O programa também inclui pagamento adicional a agentes comunitários de saúde e assistentes sociais, que acompanham essas famílias. É um programa do qual tenho muito orgulho, pois ajuda quem mais precisa. Qual o seu plano para reduzir a extrema pobreza e dar dignidade às pessoas que mais precisam? Você manteria o Pró-Família?

Resposta: Nosso governo terá as pessoas como prioridade, e por isso não falamos nem em enxugar a máquina. O Estado precisa ser do tamanho necessário para atender a população, e todas as ações governamentais devem ser voltadas prioritariamente para a melhoria de vida da população. Não temos a intenção de suspender o Pró-Família, mas a definição será tomada após um diagnóstico apurado sobre o programa e seus efeitos sobre a população atendida.

Além disso, teremos o “Recomeço”, um projeto de reinserção de pessoas que estão desempregadas há mais de um ano no mercado de trabalho. Serão vagas temporárias nas secretarias de Estado, na seguinte forma: quatro dias na semana, trabalho com carga horária de 6h. No quinto dia da semana, o trabalhador participará de cursos de qualificação e treinamento. Assim, além de ampliar seus contatos profissionais, a pessoa poderá sair do programa mais qualificada do que entrou. E, durante o tempo de trabalho temporário, receberá uma bolsa-auxílio.

Outro projeto que vamos implantar é o “Prata da Casa”. Vamos convidar servidores aposentados para ocuparem vagas especiais nos órgãos estaduais. A ideia é aproveitar toda a experiência dessa importante faixa da população. O apoio e fortalecimento das estruturas de assistência social também estão na pauta, porque sabemos que as prefeituras têm esse contato mais direto com o cidadão. Seremos parceiros próximos para garantir que esse braço amigo não falte.

Wellington Fagundes pergunta para Pedro Taques: Candidato, uma das minhas principais lutas como senador foi garantir, ao lado da bancada federal, que Mato Grosso recebesse o que lhe era devido como compensação para a Lei Kandir. De 2015 para cá, foram mais de R$ 245 milhões. Como esses recursos foram aplicados?

Resposta: Como governador, estive diversas vezes em Brasília buscando a liberação do dinheiro do FEX. É um absurdo que Mato Grosso, um estado que tanto contribui com o Brasil na balança comercial, tenha que brigar pelo que lhe é direito. Esse dinheiro não é carimbado para nenhuma ação específica, não é um recurso extra, nós o contabilizamos no orçamento geral do estado. Portanto, o dinheiro foi utilizado para investimentos em saúde, segurança, educação e outras despesas gerais, como pagamento de salários.
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