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Operação Red Money indicia 113 pessoas e sequestra cerca de R$ 8 milhões em bens

Da Redação - Fabiana Mendes

A Polícia Judiciária Civil indiciou 113 pessoas envolvidas com uma facção criminosa investigada na operação "Red Money", realizada em agosto deste ano. Os criminosos investigados na operação eram responsáveis pela arrecadação financeira e movimentação de R$ 52 milhões, entre entradas e saídas de contas bancárias. O inquérito policial foi concluído e encaminhado à Justiça na tarde desta quinta-feira (11), com o sequestro de R$ 8 milhões em bens.

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Para conclusão da investigação sob a coordenação da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), foram produzidos diversos relatórios, perícias e  documentos diversos arrecadados na investigação, juntados aos autos do inquérito que tem 30 volumes com cerca de 6000 páginas, entre os autos principais e apensos. Somente o relatório final tem 388 páginas. Junto ao inquérito segue também ao Fórum de Cuiabá produtos apreendidos, como as joias.   

Segundo informações da assessoria de imprensa, a primeira fase da operação Red Money foi deflagrada no dia 8 de agosto deste ano e a segunda fase, complementar a investigação, foi executada em 01 de outubro de 2018. Durante a investigação foram expedidos 110 mandados de prisão preventiva, sequestro de 23 imóveis, incluindo uma fazenda no município de Salto do Céu, apreensão de cerca de R$ 60 mil, em joias, bloqueio e sequestro de valores em contas bancárias, além de apreensão de dinheiro em espécie, atingindo a aproximadamente R$ 730 mil.

Do patrimônio sequestrado e apreendido, estão à disposição da Justiça 21 automóveis, 18 motocicletas, 05 caminhões e 01 semi-reboque, além de 6 empresas interditadas que  tiveram sua atividade econômica suspensa perante os órgãos competentes.



“Esse inquérito policial é resultado de um grande esforço investigativo, com a participação de dezenas de policiais que atuaram de forma exemplar. Faço um agradecimento especial a Diretoria Geral da Polícia Judiciária Civil por ter fornecido todo apoio necessário para a realização desse trabalho, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário pela atenção que nos foi dispensada ao longo de todos os trâmites, e ao Sistema Prisional pela constante troca de informações na área de inteligência”, agradeceu o delegado Luiz Henrique de Oliveira, Coordenador de Inteligência da Polícia Civil.

O  Coordenador de Inteligência falou também a respeito da complexidade da investigação, que iniciou em  maio de 2017. “Devido à individualização das condutas e o papel desempenhado pelos membros da organização criminosa, com uma divisão clara de tarefas, optou-se por realizar uma divisão de indiciados por núcleos, inclusive, facilitando o manuseio dos autos e a gestão do futuro processo criminal”, disse.
Núcleo de arrecadação financeira

Pela arrecadação financeira, a Polícia Civil indiciou 24 pessoas, que eram responsáveis pelo dinheiro da facção criminosa, com gerenciamento do cadastramento e cobrança de mensalidade de traficantes, cobrança de mensalidade junto aos faccionados (taxa de camisa) e extorsão em estabelecimentos comerciais, a título de taxa de segurança.

Os principais líderes do núcleo de arrecadação, todos condenados pela Justiça, são: Demis Marcelo Ferreira Mendes (Fusca), responsável pelo tráfico de drogas; Fábio Aparecido Marques do Nascimento (Lacoste ou Zaca), responsável pelo sistema de arrecadação da região Sul de Mato Grosso; Fábio Junior Batista Pires (Farrame), responsável pelo cadastramento de faccionados.

Núcleo de movimentação financeira

Pertencentes ao núcleo de movimentação financeira foram indiciados 25 integrantes. A operação Red Money, demonstrou que dezenas de contas bancárias foram utilizadas para movimentação do dinheiro ilícito arrecadado pela facção criminosa. Geralmente, as contas eram pertencentes a familiares e pessoas próximas aos líderes do esquema, todos já condenados e presos na Penitenciária Central do Estado.

Além disso, empresas foram abertas para realização de lavagem de dinheiro, dissimulando a origem dos valores recebidos através da atividade comercial, como é o caso da empresa JJ Informática, sediada em Várzea Grande, tratando-se da principal pessoa jurídica utilizada pela Organização. A empresa foi interditada pela Justiça.

Os principais arquitetos do esquema de movimentação financeira e gerenciamento do dinheiro arrecadado são os seguintes indiciados: Jonas Souza Gonçalves Junior (Batman ou K9), Francisco Soares Lacerda (DF ou Brasília), Ulisses Batista da Silva (Coroa).

Somente em contas bancárias de mulheres, parentes e empresa vinculadas a essas lideranças, foram constatadas entradas superiores a R$ 10 milhões, colocando os principais lideres (Jonas, Francisco e Ulisses), no topo da “pirâmide”, que possibilitava a eles oferecer padrão de vida as suas mulheres, bem superior ao da maioria dos colaboradores financeiramente da facção criminosa, que pagam mensalidades.
Núcleo intermediário e Núcleo de base

Nos dois núcleos está a maior parte dos indiciados, totalizando 64, os quais também desempenhavam papel financeiro, realizando movimentações e transações bancárias em favor da facção criminosa.

Conforme explicou o delegado Diogo Santana de Souza, titular da Gerência de Combate ao Crime Organizado, “boa parte desses correntistas agiam mediante determinações de pessoas que já estavam presas. Ao longo da investigação foi possível identificar vários criminosos que estavam por trás desses correntistas”.

Dezenas de contas bancárias funcionavam como “contas de captação”, com transferência de dinheiro para contas mais fortes, em um típico sistema de pirâmide.

O delegado Gustavo Colognesi Belão, que fez parte da equipe de investigação na operação Red Money, disse que os indiciados não apenas movimentavam dinheiro da facção criminosa em si, mas também movimentavam dinheiro obtido através dos crimes que praticavam individualmente, como assaltos e tráfico de drogas. “Por outro lado, foi percebido que os criminosos financiam mutuamente, emprestando dinheiro uns aos outros para fomentar a prática de crimes”, disse.

Entre as lideranças da facção já conhecidas em razão dos vários processos que respondem na Justiça, foram indiciados como participantes desses últimos núcleos os seguintes condenados, os quais se valiam da esposa e da filha para realizar suas movimentações ilícitas: Aldemir de Assis Campo (Tuca ou Japa), Paulo César Rosa (Paiacã).

Núcleo de tráfico de drogas

Ao longo da investigação ficou comprovado que além das mensalidades cobradas junto a traficantes, a facção comanda o tráfico dentro dos estabelecimentos prisionais.
A coordenação da operação observou que as constantes ações e apreensões realizadas pelo Sistema Prisional, demonstram que ainda existe a entrada de aparelhos celulares e drogas dentro dos presídios, apesar de todos os esforços empreendidos para coibir essa prática.

Segundo os delegados, é observado um constante aprimoramento no trabalho de fiscalização, com o consequente aumento das apreensões e troca de informações na área de inteligência.

Durante os trabalhos de investigação foi possível identificar as principais lideranças do tráfico de drogas, realizado dentro da Penitenciária Central do Estado, inclusive, após análise do material apreendido, obteve-se informações a respeito da arrecadação obtida com a comercialização das drogas. Dos responsáveis pelo tráfico no interior da penitenciária, todos eles já estavam vinculados na operação Red Money, em razão de sua atuação financeira. São eles: o chefe do tráfico, Demis Marcelo Ferreira Mendes (Fusca), o fornecedor de drogas, Janderson dos Santos Lopes (Cowboy), e o gerente do tráfico, Paulo Ricardo Santana (Macarrão).

Red Money
 
A investigação da operação “Red Money” apura grande esquema de lavagem de dinheiro e movimentação financeira por parte de uma facção criminosa, com a utilização de empresas de fachadas, contas bancárias de terceiros, parentes de presos, entre outros.
 
A apuração, que deu origem a primeira fase da operação, foi desenvolvida ao longo de 15 meses e resultou, na ocasião, no cumprimento de 94 mandados de prisão, buscas e apreensão, bloqueio de 80 contas correntes, além do sequestro de bens (veículos, joias, imóveis) e valores, totalizando 233 ordens judiciais cumpridas naquela etapa. 

(Com informações da assessoria de imprensa) 
 
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