Imprimir

Notícias / Cidades

Sem salários, maioria dos médicos desiste de plantão e Samu atende com equipe reduzida

Da Redação - Wesley Santiago/Lucas Bólico

A maioria dos médicos que atuam no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) decidiu não mais fazer plantão. A decisão foi tomada por conta dos mais de seis meses de salários atrasados da categoria e da maneira como uma nova empresa foi contratada, em caráter emergencial, para tocar os serviços. 

Leia mais:
Após atrasos em salários de médicos, secretário de saúde contrata nova empresa para gerenciar Samu
 
Uma fonte que preferiu não se identificar relatou ao Olhar Direto que os médicos decidiram não fazer o plantão da noite da última quinta-feira (10), data em que a nova empresa foi contratada. Porém, o atendimento à população não foi interrompido, já que pelo menos dois profissionais se mantiveram no plantão junto com a equipe de  enfermeiros. A reportagem esteve na noite de ontem na base conhecida como “alpha 1” do Samu e constatou uma viatura saindo para um atendimento.

Os médicos são terceirizados e tem enfrentado problemas com as empresas prestadoras de serviço. No ano passado, em agosto, o serviço teria passado por três empresas diferentes. O Governo do Estado alega que os repasses de recursos foram feitos para as empresas. Os médicos, no entanto, não receberam.
 
O que preocupa ainda mais os médicos são suspeitas sobre a nova empresa escolhida e o temor de que os problemas que se arrastam há meses se agravem ainda mais. A categoria aponta que a empresa escolhida para assumir os serviços é recém-criada e tem uma razão social de apenas R$ 1 mil.
 
Houve uma reunião entre o novo secretário de Saúde, Gilberto Figueiredo, e os profissionais nesta semana, mas que não foi suficiente para resolver o impasse.
 
Plantão incompleto
 
Por conta dos atrasos nos salários, o plantão dos médicos está tendo “furos” há muito tempo e não vem sendo feito com a escala completa. Outra fonte ouvida pela reportagem, que deixou o plantão do Samu há alguns meses, explicou que diversos profissionais seguiram o mesmo caminho.

A assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde (SES) informou ao Olhar Direto que os atendimentos do Samu aconteceram normalmente na última quinta-feira. Porém, não soube informar sobre a situação dos médicos.
 
Empresa contratada
 
O contrato, em caráter emergencial, entrou em vigor na quinta-feira (10) e possui validade de seis meses, no valor de R$ 2,8 milhões. O valor estabelecido no contrato é inferior ao praticado atualmente, representando economia aos cofres públicos.
 
Figueiredo explicou que a medida foi tomada para garantir a manutenção dos serviços prestados pelo Samu no Estado. Isso porque a antiga gestão da secretaria deixou de efetuar os pagamentos para a empresa que até então realizava o atendimento móvel de urgência. Consequentemente, a empresa também não remunerou os cerca de 60 médicos contratados, que estão há meses sem receber.
 
“Não podemos arriscar a vida e a saúde das pessoas. O atendimento do Samu é imprescindível e essa foi a solução mais rápida, eficiente e econômica que encontramos a curto prazo”, explicou Figueiredo.
 
Apesar da contratação de uma nova empresa, Figueiredo garantiu que os médicos que prestaram os serviços à empresa anterior serão devidamente remunerados.
 
“Nós vamos efetuar o pagamento ou por meio do repasse devido à empresa que até então prestava o serviço ou por meio de um procedimento interno. Também sugerimos à nova empresa que contrate estes mesmos médicos para dar continuidade a este trabalho”, afirmou.
 
O novo contrato trará redução de despesas ao Poder Público: o valor do plantão, que até então custava R$ 1.480,00, passa a ser oferecido por R$ 1.195,00. De 316, os plantões mensais oferecidos passam a ser 403, um ganho de 27,5%.
Imprimir