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Nova perícia pode indicar outra velocidade em carro de professora que atropelou três na Valley

Da Redação - Wesley Santiago

O delegado Christian Cabral, titular da Delegacia Especializada em Delitos de Trânsito (Deletran), já pediu uma nova perícia – desta vez das imagens das câmeras de seguranças – para determinar se, de fato, a velocidade empregada pela professora Rafaela Screnci da Costa Ribeiro, de 33 anos, que atropelou e matou Myllena Lacerda Inocêncio e Ramon Alcides, em 23 de dezembro de 2018, era de 54 km/h, como apontou o primeiro laudo, que foi feito com base no arremesso dos corpos das vítimas.

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“Queremos saber a efetiva velocidade do veículo, que é a medição feita através dos quadros de pixels das imagens de câmeras de segurança. Quaisquer dúvidas serão sanadas no fim deste processo”, disse o delegado, que já solicitou os trabalhos à Gerência de Perícias de Áudio e Video da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec).
 
O laudo da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) apontou que Rafaela seguia em seu veículo Renault Oroch a uma velocidade estimada de 54 km/h, com margem de erro de 4 km/h, sendo que a velocidade da via é 50km/h.
 
O modelo matemático empregado considera o movimento de arremesso dos corpos em atropelamentos e os danos dos veículos atingidos. A equação de Searle, escolhida para o caso, foi desenvolvida pela Sociedade Automobilística de Engenharia (SAE), e utiliza as medições da posição do local do atropelamento, da posição de repouso das pessoas atingidas, as trajetórias dos corpos pós-colisão e a projeção das vítimas com o impacto do veículo pelo tipo wrap projection, no qual a pessoa tomba primeiramente sobre o capô (as vezes, também para-brisa) e só posteriormente é arremessada adiante.
 
Dentre os vestígios analisados pelo perito oficial criminal, Henrique Praeiro Carvalho, estão imagens de câmeras de segurança, os vestígios levantados no local, como manchas de sangue para estimar a posição de cada pessoa, e o fragmento desprendido da lente do farol do veículo Oroch que estava sobre a pista. “O cálculo se dá pela posição do sítio de atropelamento, pois o evento não tem uma posição fixa e sim uma área de atropelamento, estimada pelas imagens do circuito de segurança”, ressaltou.
 
A análise da perícia também poderá influenciar, segundo o delegado, nas responsabilizações finais da professora e também de Hya Girotto, única sobrevivente da tragédia, ocorrida em dezembro do ano passado. A jovem poderá responder por, supostamente, ter contribuído para o atropelamento. A primeira perícia apontou que, se as três vítimas não tivessem parado durante a travessia, não teriam sido atingidos.
 
Visão
 
Segundo o perito Henrique Praieiro, responsável por elaborar o laudo, Rafaela tinha condições totais de visualizar os jovens atravessando a rua e também os outros que estavam na faixa, em frente à boate. “Se estivesse sendo conduzido por um motorista com os reflexos padrões mínimos, conseguiria parar”, disse.
 
Os peritos chegaram à conclusão reproduzindo a cena do acidente, praticamente no mesmo horário em que a tragédia ocorreu. “Posicionei uma viatura com características parecidas com o carro que estava parado na pista e refizemos toda a cena. Cheguei a conclusão de que o Gol não atrapalhava. No cruzamento que fica pouco antes da Valley, a condutora poderia ter visualizado as pessoas na rua e diminuído a velocidade. A única que não podia ser vista era a Hya, que estava à frente”, relatou Praieiro.

O caso

Rafaela Screnci da Costa Ribeiro, 33 anos, atropelou três pessoas às 5h50 da manhã do dia 23 de dezembro, na avenida Isaac Póvoas, a poucos metros da faixa de pedestre, em frente à Valley Pub. Ela passou por audiência de custódia, pagou R$ 9,5 mil de fiança e foi liberada.

Um tempo depois, a justiça aceitou o pedido do Ministério Público Estadual (MPMT) e aumentou para R$ 28,5 mil a fiança para que a professora continuasse em liberdade.

Professora substituta da Universidade Federal de Mato Grosso, Rafaela dirigia uma caminhonete Renault Oroch. O atropelamento aconteceu no momento em que o público deixava a casa noturna. De acordo com testemunhas do acidente, o veículo estava em alta velocidade quando colidiu com o trio. Além de bater nas três vítimas, o carro conduzido por Rafaela ainda se chocou com um Gol.
 
O carro só foi parar após o semáforo. Imagens registradas por testemunhas e pela Polícia Civil revelam o estado em que ficou o carro após a colisão. A estudante Myllena de Lacerda Inocencio, de 22 anos morreu no local, Ramon Alcides Viveiros foi resgatado com vida, mas não resistiu e faleceu cinco dias depois. 

Conforme adiantado pelo Olhar Direto, Hya recebeu alta médica do Hospital Geral, onde estava internada, na noite do dia 14 de janeiro. Informada sobre a morte dos amigos, ela ficou bastante abalada. Ela ainda sofreu ataques nas redes sociais, por pessoas que reprovam sua postura no momento do acidente.
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