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Ex-presidente afirma que secretário preso em operação atrasou pagamentos para atuar na Santa Casa

Da Redação - Wesley Santiago

O ex-presidente da Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá, Antônio Preza, afirmou nesta quarta-feira (13), durante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Filantrópicos, que o ex-secretário municipal de Saúde, Huark Douglas Correia, acusado de liderar uma organização criminosa responsável por fraudes em contratos firmados com o município e Estado e preso na ‘Operação Sangria’, dificultou os repasses feitos para a unidade de saúde, com a intenção de – possivelmente – instalar a mesma fraude no hospital.

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“Quando nós entramos na Santa Casa, o Huark me procurou junto com o [empresário] Fábio Liberali Weissheimer. Eles queriam assumir, terceirizar a nossa ala cirúrgica. O Dr. Carlos Coutinho [atual presidente do hospital] me disse que era para cair fora, porque eles não eram sérios. Quando fiz a oitiva na Delegacia Fazendária (Defaz), perguntaram se eles me ofereceram propina. Mas não houve, a nossa conversa terminou ali”, disse Preza.
 
Porém, depois deste episódio, Preza afirma que Huark assumiu cargos importantes e começou a dificultar a vida da Santa Casa. “Ele atrasou muito a entrega das emendas. Colocou esse negócio de contrapartida, que não existe. Tenho a convicção de que a intenção real deles era quebrar o hospital para que eles pegassem o serviço. Coloquei isto na declaração que eu dei para a Defaz”.
 
“Eu não tenho como provar, mas tenho este sentimento. A Santa Casa trabalha com déficit, dificultou e atrasou demais os nossos repasses. A má vontade foi sempre do Huark, o prefeito não tinha a ver com isto, sempre nos ajudou”, disse o ex-presidente do filantrópico.
 
Preza ainda pontuou que as notícias que foram saindo na imprensa, considerada por eles como falsas, diminuíram muito as doações feitas para a Santa Casa. Reformamos todo o hospital com auxílio deste dinheiro que vinha. Depois disto, diminuiu bastante.
 
O ex-presidente ainda explica que deixou o comando da Santa Casa por não conseguir manter as promessas feitas. “Eu sai porque minha pessoa estava desgastada. Tinha feito diversas promessas de pagamento e não conseguia cumprir. Tenho certeza que se estes R$ 12 milhões da emenda entrar, a Santa Casa vai embora, deslancha”.

A paralisação
 
A Santa Casa de Misericórdia anunciou na segunda-feira (11) que paralisou os serviços hospitalares e alegou o não cumprimento do repasse de R$ 3,6 milhões da Prefeitura de Cuiabá. A liberação do recurso, de acordo com a unidade, havia sido acordada no dia 1º de março, mas não aconteceu. Pacientes oncológicos estão sendo remanejados para outras unidades, já os pacientes renais e que passam por hemodiálise estão sendo atendidos normalmente.
 
A Prefeitura de Cuiabá alegou que a Santa Casa é alvo de investigação da Delegacia Fazendária e do Ministério Público Estadual (MPE) e a Controladoria Geral do estado (CGE) teria pedido de cautela em repasses antecipados ou empréstimos à unidade de saúde.
 
Um pedido de intervenção na Santa Casa foi encaminhado, na manhã desta terça-feira (12), pela Mesa Diretora da Câmara de Vereadores de Cuiabá, ao prefeito Emanuel Pinheiro (MDB). Ao todo, a unidade filantrópica tem uma dívida de R$ 80 milhões.
 
O prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) citou a questão humanitária e abriu a possibilidade de fazer um repasse para a Santa Casa. O emedebista esclareceu que tem compromisso com a população e sabe que muitos dependem da instituição filantrópica. Por conta do fato, após analisar os documentos, o prefeito afirmou que tomará a decisão baseado na legalidade da questão, sempre priorizando a humanização do atendimento à saúde dos cuiabanos, deixando aberta a possibilidade de fazer o repasse de R$ 3,6 milhões.

Operação Sangria II
 
A operação, oriunda de investigação da Delegacia Especializada de Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz), é desdobramento do cumprimento de onze mandados de busca e apreensão, expedidos pela 7ª Vara Criminal de Cuiabá, ocorridos no dia 4 de dezembro, para apurar irregularidades em licitações e contratos firmados com as empresas Proclin (Sociedade Mato-Grossense de Assistência Médica em Medicina Interna), Qualycare (Serviços de Saúde e Atendimento Domiciliar LTDA) e a Prox Participações, firmados com o município de Cuiabá e o Estado.
 
Foram alvos de mandado de prisão: o ex-secretário municipal de Saúde, Huark Douglas Correia; Fábio Liberali Weissheimer (médico); Adriano Luiz Sousa (empresário); Kedna Iracema Fonteneli Servo; Luciano Correa Ribeiro (médico); Flávio Alexandre Taques da Silva, Fábio Alex Taques Figueiredo e Celita Natalina Liberali.
 
O nome da operação “Sangria” é alusivo a uma modalidade de tratamento médico que estabelece a retirada de sangue do paciente como tratamento de doenças, que pode ser de diversas maneiras, incluindo o corte de extremidades, o uso de sanguessugas ou a flebotomia.
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