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“O Governo vai ter trabalho”, diz Ludio Cabral sobre parceria com Wilson na oposição

Da Redação - Érika Oliveira

Filiados a partidos que historicamente fazem oposição um ao outro, Lúdio Cabral (PT) e Wilson Santos (PSDB) protagonizaram uma cena até pouco tempo inimaginável, durante a sessão que aprovou a mensagem que autoriza Mauro Mendes (DEM) a contrair empréstimo de até 332,6 milhões de dólares. Como em uma partida de vôlei,  um "levantava a bola" para o outro rebater. Foi assim por mais de quatro horas. Saíram derrotados, mas com saldo positivo na avaliação do petista, que avisou que a dobradinha deve se repetir e “dar trabalho” ao Governo.

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“Nós estamos cumprindo com o nosso dever aqui no Parlamento. Em alguns pontos vamos ter posição comum, como foi o caso desse projeto do empréstimo. Em outras situações, eventualmente, teremos posições diferentes. O deputado Wilson Santos tem uma posição firme de oposição, é um deputado inteligente, consegue uma compreensão importante sobre o conteúdo das propostas que vêm. Eu tenho me esforçado para poder também cumprir o meu papel, fazer oposição, mas propor caminhos, por isso apresentei as emendas. O Governo vai ter trabalho. E tem que ter trabalho mesmo, tem que melhorar a qualidade do que ele encaminha para cá. Apesar da diferença partidária, aquilo que for comum aqui na Assembleia a gente vai votar junto”, disse Lúdio.

A mensagem do Executivo que autoriza o governador a contrair empréstimo de até 332,6 milhões de dólares com o Banco Mundial para quitar dívida de 248 milhões de dólares com o Bank of America deveria ter entrado em pauta para primeira votação no último dia 27, mas sofreu uma série de pedidos de vistas.

Embora fossem minoria, os deputados da oposição conseguiram fazer barulho e deram uma ideia de como deverão ser as próximas votações que envolvem projetos do Executivo. O governador Mauro Mendes, que sempre acreditou na aprovação tranquila do pedido de empréstimo – promessa que, inclusive, havia sido feita por Eduardo Botelho (DEM) – chegou a se irritar em alguns momentos.

Ludio Cabral apresentou seis emendas que, em síntese, propunham a redução da autorização do empréstimo de 332,6 milhões de dólares para pouco mais de 248 milhões, valor atualizado da dívida a ser quitada com o Bank of America. Além disso, tentou criar dispositivos que amarrassem para saúde, educação e segurança pública a destinação dos recursos a serem economizados com a operação de crédito, tanto neste ano quanto nos próximos.

Todas as emendas do petista foram derrubadas pela base de Mauro Mendes no Parlamento.

“Nós fizemos o bom combate. Debatemos o conteúdo da proposta para tentar evitar que a Assembleia aprovasse uma autorização que endivida o Estado por 20 anos, mais de uma geração, por cinco governos. É um empréstimo que trará prejuízo ao Estado, só faz bem ao Mauro Mendes, mas compromete mais de uma geração de mato-grossenses. Apresentamos as emendas num sentido construtivo, de melhorar o conteúdo da proposta. Mas as emendas foram rejeitadas sumariamente. É do debate, é democrático. Felizmente nós tivemos a oportunidade de utilizar os dispositivos que o regimento tem para cumprir o nosso dever de fiscalizar o Governo. Dá para tirar uma vitória disso tudo: o governador terá que ter muito cuidado ao encaminhar propostas para a Assembleia, porque nós não vamos deixar de cumprir com rigor o nosso dever de fiscalizar tudo que ele encaminhar para cá”, avaliou.
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