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Bezerra defende “sepultamento” da ditadura e critica tendência autoritária de Bolsonaro

Da Reportagem Local - Vinícius Mendes/ Da Redação - Lucas Bólico

O deputado federa Carlos Bezerra (MDB) foi reconduzido à presidência do partido em Mato Grosso na manhã deste sábado e fez um discurso em defesa da democracia e com críticas à ditadura militar. Bezerra ainda criticou o que identifica como tendência ao autoritarismo do atual governo e alfinetou o presidente Jair Bolsonaro (PSL) ao dizer que se não fosse a democracia, Bolsonaro não seria presidente porque nunca chegou à patente de general no Exército.
 
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“Democracia, que é bom estar defendendo e lembrando neste momento conturbado que o Brasil está vivendo, de um governo com tendência ao autoritarismo. A democracia é tão importante que um capitão é presidente da República, se fosse uma ditadura ele não seria, seria um general”, disparou Bezerra.
 
O emedebista ainda traçou um paralelo com crise política no país e as ações repressoras dos militares durante a ditadura. Segundo Bezerra, ao chegar ao poder, as forças armadas sufocaram o surgimento de novos líderes políticos e ajudaram a despolitizar o país.
 
“Veja a importância da democracia, e eu vivi na própria carne a ditadura militar. Eu senti o que é a ditadura e até hoje o Brasil paga caro por estes 30 anos de escuridão. Hoje nós temos uma população despolitizada, antigamente nós tínhamos o movimento estudantil, os movimentos sindicais, que formavam as lideranças, formaram grandes líderes deste país”, lembrou.
 
“Eu vim do movimento estudantil, o preparo que eu tenho consegui quando era jovem, quando era estudante, e eu levei para a vida política depois. E os líderes que nasciam no Senado e na Câmara, todos, originários dos movimentos políticos. O Serra foi presidente da União Nacional dos Estudantes. A ditadura, a primeira coisa que ela fechou foi a fábrica de líderes. Fechou sindicatos, acabou com o movimento estudantil, e nós criamos aí uma geração de eunucos, despreparados. Então ninguém sabe o que quer, acha que o transporte coletivo é mais importante, não sabe para onde vai a população brasileira, e chegou ao ponto, agora, de ter esta eleição totalmente atípica, uma eleição surpreendente, e uma pessoa que, sem partido e com nada, se elegeu presidente da república. Mas em uma democracia nós temos que fortalecer”, completou.
 
Bezerro conta que foi perseguido político afirma que o regime militar precisa ficar no passado. “Qualquer democracia é melhor que a melhor das ditaduras. Então é fundamental essa defesa à democracia, e eu o faço porque senti na carne, eu fui preso por isso, sofri perseguição, sofri processo, eu não tinha para onde ir, porque os militares vinham atrás de mim, me perseguindo, tive que lidar até com ameaça de morte. Então eu sei o quanto a ditadura é nefasta, eu sei o quanto a ditadura atenta contra os direitos humanos, os direitos fundamentais do cidadão. Essa praga eu espero que não volte mais no Brasil, que isso esteja sepultado definitivamente”.
 
A fala de Bezerra foi também uma defesa do MDB e dos partidos políticos como ferramenta de participação política e debate na sociedade. “O partido político é uma instituição fundamental, e aqui no Brasil nós valorizamos pouco os partidos políticos. Nossos vizinhos aqui, o Uruguai, Paraguai, Argentina, os partidos políticos têm 300 anos, estão lá, dando continuidade. Aqui o partido mais velho é o MDB, que tem 55 anos, lutando pela democracia”.
 
Bolsonaro e os Bezerra
 
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) anunciou o desligamento de Teté Bezerra (MDB), esposa de Carlos Bezerra, da Embratur por meio de um vídeo publicado em uma rede social, lançando suspeitas sobre uma ação para promoção do turismo.
 
“Chegou ao meu conhecimento que a Embratur, sua presidente, está patrocinando um jantar. Eu acho que o Alceu Valença ia cantar no jantar. Preço do jantar: R$ 209 mil. Você ia pagar a conta. O que nós fizemos ontem mesmo, entramos em contato com o ministro do turismo, falei para ele simplesmente cancelar o jantar e tendo em vista o tamanho do descalabro, que cancelasse também a função da responsável pela Embratur. Então ela foi exonerada e página virada”, explicou Bolsonaro a seus seguidores.
 
A reação de federal Carlos Bezerra ao episódio foi enfática. Ele chamou Bolsonaro de “paranoico e desonesto” e afirmou que sua esposa já havia pedido demissão há um mês. “O que ele fez foi um absurdo, ele é um despreparado, paranóico. O que ele fez mostra que ele não tem nenhum conhecimento nem sobre o turismo nem sobre o Governo dele. A Teté há um mês e pouco atrás já havia pedido demissão, mas o ministro pediu que ela ficasse. Depois foram nomeadas uma série de pessoas despreparadas e desonestas nas assessorias, pelo Governo. Em função de tudo isso, na segunda-feira, ela apresentou novamente ao ministro sua carta de demissão. No dia seguinte ele [Bolsonaro] me sai com esses impropérios”, disse o deputado.
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