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Notícias / Cidades

Cuiabana protesta contra xenofobia em Faculdade de Direito de Portugal

Da Redação - Thaís Fávaro

Uma cuiabana e outros brasileiros realizaram um protesto em frente a Universidade de Lisboa, em Portugal, em repúdio à atitude de alguns acadêmicos do curso de direito que, no último dia 29, utilizaram cartazes oferecendo pedras para serem atiradas em alunos estrangeiros. Essa não seria a primeira vez que alunos de outras nacionalidades teriam sido vítimas de preconceito naquele país.

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O cartaz estava em frente a uma caixa de madeira com pedras dentro, com os dizeres: “Gratis se for para atirar a um Zuca (que passou à frente no mestrado)”. Zuca é uma gíria usada para se referir aos brasileiros.


 
De acordo com a advogada cuiabana Jacqueline Haddah, que trabalha e estuda em Portugal, a atitude se refere à uma rixa que os portugueses têm com os brasileiros, que acabam conseguindo vagas no mercado de trabalho. “A maioria do RH português tem ordem expressa das empresas em recusar brasileiros, mesmo que muitos estejam mais qualificados e capacitados que os seus nacionais. Diga-se o Head Hunter da Michael Page na Feira da Empregabilidade na própria Ulisboa”.

O ingresso nas Universidades de Portugal é disputadíssimo. E embora havendo vagas para todos, os brasileiros entram primeiro, pois estão bem qualificados e pontuados. Além de tudo, o brasileiro não entra apenas com a competência, mas também com o dinheiro, que mantém as instituições funcionando e abertas.

Jacqueline está à frente da manifestação em repúdio à atitude dos portugueses. “A xenofobia contra os Brasileiros em Portugal é sutil, porém séria, velada e abafada pelas mídias tradicionais. Nenhuma ou qualquer providência são tomadas para coibir a violência verbal e física. Mesmo existindo uma Lei/2017 de combate a crimes raciais, nacionalidades, ascendência e território de origem”, diz ela em parte do texto publicado em sua página no Facebook.

“Todos os estudantes internacionais entraram através de acordos diplomáticos. Porém disputamos igualmente e entramos por mérito, atendendo todos os requisitos estabelecidos pelas instituições e pelo governo. Se não estão de acordo com as normas postuladas do seu país ou da instituição; reclamem a quem lhe é de direito e não descontem nos brasileiros. Ou talvez estudem mais para competir com as notas dos brasileiros”, afirma.
 
Os estudantes brasileiros relataram o ocorrido para o Departamento de Direito e para a Reitoria da universidade. Eles receberam uma carta resposta onde a universidade alega não tolerar nenhum tipo de xenofobia e discriminação, mas que todo mundo tem direito de fazer brincadeiras e sátiras, não dando a devida importância para o ocorrido.
 
Indignados, os brasileiros denunciaram o fato à imprensa e a direção da faculdade mudou a sua postura. “A universidade teve que reavaliar a conduta, porém ainda assim tem professores dizendo que estamos dramatizando, que gostamos de bagunça, de confusão. Não podemos aceitar que uma faculdade de Direito, onde se estuda sobre xenofobia, crimes raciais, que é formada por mestres e doutores, muitos condecorados, alegar que isso não foi nada. E isso não pode ocorrer não só na faculdade de Direito como outras faculdades do mundo”.
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