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Taques diz que relatório da PF não aponta sua participação em esquema da Grampolândia

Da Redação - Vinicius Mendes

O ex-governador Pedro Taques (PSDB) se manifestou sobre as acusações de que teria participado do esquema de grampos ilegais no Estado, revelado em 2017 pelo programa Fantástico, da Rede Globo. Em entrevista à TV Centro América, Taques citou um relatório da Polícia Federal, de julho de 2018, que apontou que não existem provas de sua participação no esquema. Ele ainda afirmou que foi informado pelo promotor Mauro Zaque, ex-secretário de Segurança Pública, sobre o esquema, mas disse que à época tomou as providências.
 
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Conforme foi mostrado pela TVCA, o relatório, assinado pelo delegado André Borges, de fato afirma que não há provas que confirmem a participação de Taques no esquema. No entanto, a PF diz que não pode descartar a possibilidade de que o ex-governador tinha conhecimento sobre as interceptações clandestinas.
 
“Não apresenta até o presente momento uma prova indiciária robusta, que possa confirmar a hipótese criminal que tenha por fundamento a eventual participação do Governador do Estado de Mato Grosso, o Sr. Pedro Taques, nas infrações penais apuradas, apesar disso, a Polícia Federal não pode excluir sem dúvidas que Pedro Taques não patrocinou e/ou tinha aquiescência do esquema de interceptações de comunicações telefônicas de terceiros em desacordo com disposição legal ou regulamentar”, diz trecho.
 
“E o relatório da Polícia Federal diz, com base nestes documentos, que não tem nenhuma participação minha, a única participação é que eu sou próximo de outros que estão sendo investigados”, disse Pedro Taques, que é primo de Paulo Taques, ex-chefe da Casa Civil, e que é um dos investigados por causa do esquema.
 
O ex-governador ainda afirmou que foi informado por Mauro Zaque sobre as suspeitas, mas disse que tomou as providências e pediu uma investigação. O promotor Marco Aurélio de Castro, então coordenador do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), teria determinado o arquivamento, por falta de provas.

O promotor Mauro Zaque havia protocolizado a primeira denúncia no gabinete do Governador. Ele teria feito uma outra denúncia, que não foi protocolada no gabinete de Taques, mas o ex-governador afirmou que não teve conhecimento sobre esta segunda denúncia.
 
“O primeiro foi protocolado no gabinete do governador e as providências foram tomadas. O segundo protocolo, que é o que consta, teria sido protocolado no dia 14 de outubro de 2015, eu só tomei conhecimento dele em maio de 2017, por ocasião da matéria do Fantástico”, disse Taques.
 
Mauro Zaque ainda teria pedido que Taques demitisse seu primo Paulo Taques e o coronel Zaqueu Barbosa, comandante-geral da Polícia Militar. O ex-governador, no entanto, disse que não demitiria alguém baseada em boatos.
 
“Eu não posso mandar embora quem quer que seja do Governo por fofoca, porque na política existem muitas perseguições, muitas vontades políticas destoantes. A partir do momento em que colocou no papel, formalizou, eu tomei as providências”, disse o ex-governador.
 
Taques ainda disse que seus advogados irão protocolar um pedido para que seja ouvido a respeito disso.
 
O caso
 
A operação responsável por revelar o esquema de interceptações ilegais na PM chama-se "Esdras" e foi desencadeada em 27 de setembro de 2017, com base no depoimento prestado pelo tenente coronel da Policia Militar José Henrique Costa Soares, revelou um verdadeiro esquema criminoso para frear as investigações sobre interceptações ilegais e afastar o desembargador.
 
Conforme os autos, em depoimentos prestados por Soares, “descortinou-se um sórdido e inescrupuloso plano” no intuito de interferir nas investigações policiais e macular a reputação do desembargador Orlando Perri em todos os inquéritos instaurados.
 
Segundo o processo, Costa Soares foi convocado para atuar como escrivão no inquérito do caso grampos. Logo da convocação, a suposta organização criminosa teria buscado sua cooptação.
 
Seria tarefa do tenente coronel a juntada de informações sobre Perri para provocar a suspeição do magistrado.
 
Reportagem do programa "Fantástico", da Rede Globo, revelou na noite de 14 de maio de 2017 que a Polícia Militar em Mato Grosso “grampeou” de maneira irregular uma lista de pessoas que não eram investigadas por crime.
 
Segundo a denúncia do MPE, foi Gerson quem fez à Justiça os pedidos de autorização para interceptação de números de telefones de políticos, advogados e jornalistas, grampeados no esquema.  A prática de gravação telefônica clandestina, de pessoas que não são acusadas de crime, é conhecida como “barriga de aluguel”. Acusado de ser o operador do esquema, o cabo Gerson, também ficou encarcerado por nove meses.
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