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Mais de 5 mil vão às ruas de Cuiabá em protesto contra cortes na Educação; veja fotos

Da Redação - Fabiana Mendes/Da Reportagem Local - Isabela Mercuri

Manifestantes saíram às ruas na tarde desta quarta-feira (15), em Cuiabá, em protesto contra o contingenciamento de recursos anunciado pelo governo Bolsonaro na área de Educação. O foco do protesto, neste momento, é a praça Alencastro, no centro da Capital. De acordo com a Polícia Militar, o número de participantes ultrapassa 5 mil pessoas. 

O grupo se concentrou no campus Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e de lá seguiu até a Praça Alencastro. Além da UFMT, os manifestantes também protestam pelo Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), que também deverá ser afetado com a política de "cortes" anunciadas pelo governo. De acordo com o ministro da Educação, Abraham Weintraub, a redução de repasses atingirá 3,5% do orçamento total das instituições. O valor, no entanto, equivale a 30% dos recursos que as UFs e IFs têm para gastar com manutenção e investimento em pesquisas, por exemplo, visto que a maior parte do orçamento está toda comprometida e não pode ter destinação alterada. De acordo com a UFMT, a redução de 30% dos valores inviabiliza a instituição em poucos meses.

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Professora no programa de pós-graduação em Antropologia Social da UFMT, Flávia Carolina da Costa, 35 anos, diz, que para ela,  o corte orçamentário da Educação destrói a permanência e autonomia das universidades públicas. Além disso, ela acredita que é um retrocesso na produção científica.


Crédito: Rogério Florentino Pereira/OD

“É um retrocesso no País, não é retrocesso na universidade simplesmente. O público que se atinge, não são os universitários. É simplesmente um retrocesso na produção cientifica, não tem mais hospitais públicos. Muitos hospitais públicos são vinculados às universidades. Não tem mais produção de vacina, produção de medicamentos, de cura de doenças. Tudo isso está na mira desses cortes. É um retrocesso em termos de País”, afirmou.
 
“Acho que é fundamental que a gente se movimente de alguma maneira. Só a manifestação de hoje é pouca coisa. É necessário que se reúna outros atos, construir uma agenda de manifestações, conscientizando a população sobre a necessidade deste tipo de atitude, de ação com a sociedade civil em prol da educação pública do País”, acrescentou.
 
Aluna do 7º semestre do curso de Física, Amanda Cristina Araújo da Silva, 21 anos, contou que participa do ato para defender a universidade pública. “Não vai afetar só a gente. Eu, por exemplo, já estou me formando, mas não me preocupo só comigo. Nós trouxemos os calouros para se unir nesta luta pela universidade, tanto pela extensão, quanto pesquisa”.


Crédito: Rogério Florentino Pereira/OD

Amanda defende que o bloqueio irá atingir toda a Universidade. “Na física a gente trabalha muito com pesquisa. Eu, por exemplo, trabalho na área de neurofísica, mas lá [laboratório] tem pesquisa em física nuclear, várias coisas. Trabalhamos bastante com projetos de extensão. A gente costumar ir em comunidades e fazer intervenções com pessoas carentes, com essa sociedade. E esses cortes vão afetar em todos os aspectos”, finalizou.

Estudante do curso de Serviço Social e membro da União de Jovens Comunistas (UJC), Ian Carlos, 23 anos, acredita que o corte de 30% anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), significa o fechamento das universidades públicas. “Ele simplesmente está decretando que a universidade pública deve deixar de existir”. 
 
O jovem pontuou também que o corte de recursos para universidades federais não seria uma novidade. Isso estaria acontecendo desde o ano de 2014, ainda no Governo do Partido dos Trabalhadores (PT). No entanto, com o novo bloqueio anunciado, a UFMT pode não ter recursos para se manter.


 Crédito: Rogério Florentino Pereira/OD

“O contingenciamento de recursos para universidades federais e para os institutos federais, ele não é uma novidade. Desde 2014, até o ano atual, inclusive passando pelo Governo Temer, com Emenda Constitucional 95, que congelou os investimentos na Educação, isso tem criado proporções um tanto grandes e tem se refletido inclusive na manutenção da Universidade, inclusive na assistência estudantil. São 30% hoje, mas desde 2014, junto com esses 30% já se somam cerca de 53% a menos no orçamento da Universidade, [comparado] ao ano de 2013”, afirma.

Aluna do 1º ano do curso de Eventos do IFMT, Maria Eduarda Viana, de 15 anos, participava do ato na Praça Alencastro, acompanhada de um amigo. Ela acredita que o anuncio de corte seja uma chantagem do Governo Federal. Segundo ela, alguns alunos do IFMT vestem camisetas com o rosto do presidente e defendem o corte da Educação. “Parece que são realidades diferentes que chegaram a eles”, diz.


Crédito:  Isabela Mercuri/ Olhar Direto

Por conta da concentração, o trânsito na região central está complicado. A Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) trabalha para dar maior fluidez. A Polícia Militar acompanha a manifestação. 

 Bloqueio 

O Ministério da Educação comunicou no dia 30 de março o bloqueio de 30% na verba de todas instituições de ensino federais do país. O anúncio foi feito depois das reações críticas ao corte de verba de três universidades que foram palco de manifestações. São elas: Universidade de Brasília (UNB), Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Universidade Federal Fluminense (UFF).

Em entrevista ao jornal Estado de S.Paulo, o ministro Abraham Weintraub comentou que "universidades que, em vez de procurar melhorar o desempenho acadêmico e estiverem fazendo balbúrdia, terão verbas reduzidas”.
 
Depois do anúncio, os Institutos e Universidades Federais mato-grossenses anunciaram os impactos que o bloqueio poderia causar. Na UFMT, por exemplo, o corte representa R$ 34 milhões.

Caso a medida proposta pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) não seja revista em até 60 dias, contratos de serviços básicos deixarão de ser honrados, a disciplina de Libras será aplicada na modalidade EAD (Ensino à Distância), o campus poderá também ficar sem luz e água e, por consequência, o Restaurante Universitário pode deixar de atender. 

Veja vídeo da concentração na Praça Alencastro: 

 
Crédito: ​Isabela Mercuri/ Olhar Direto
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