O sonho de jogar na seleção brasileira, as dificuldades de adaptação no exterior ou a falta de espaço nos principais clubes da Europa provocaram em 2009 o retorno ao país de importantes jogadores do futebol nacional, que movimentaram o mercado de transferências e prometem encher os estádios. 

O caso mais emblemático foi o do atacante Ronaldo, que, depois de uma terceira operação no joelho e de uma passagem sem muito brilho pelo Milan, aceitou o desafio de voltar ao Brasil, aos 32 anos, para jogar no Corinthians.

O atacante, duas vezes campeão mundial com a seleção e eleito três vezes o melhor do mundo pela Fifa, estreou pelo clube paulista, na quarta-feira, diante de um estádio lotado e de enorme alvoroço da mídia, na vitória do Corinthians de 2 x 0 sobre o Itumbiara, no interior de Goiás, pela Copa do Brasil. Ao disputar os quase 30 minutos finais do jogo, Ronaldo marcou seu retorno ao futebol do país após 15 anos.

Nesta quinta-feira, foi a vez de o Fluminense apresentar o atacante Fred, que assim como Ronaldo disputou a Copa do Mundo de 2006 pela seleção, mas desde então não apareceu mais na equipe do técnico Dunga com frequência.

O jogador, que rompeu com o Olympique de Lyon, da França, apostou na proximidade com o técnico da seleção na hora de decidir voltar ao Brasil.

Para Fred, de 25 anos, o sonho de disputar uma segunda Copa do Mundo no ano que vem ficou mais perto de acontecer a partir da transferência para o clube carioca.

"Uma série de fatores contribuiu para regressar, mas sei que aqui estarei muito perto da seleção brasileira", disse Fred a jornalistas, durante a apresentação oficial no clube das Laranjeiras.

"Tinha propostas muito mais vantajosas, mas tenho certeza que aqui no Brasil, em casa, e com apoio da família, as coisas tendem a dar mais certo. Vim em busca do prazer", acrescentou o atacante, que assinou contrato de cinco anos.

"Meu objetivo é brilhar no Brasil e fazer gols e história pelo Fluminense, mas o retorno à Europa é uma possibilidade que existe."

No Fluminense, Fred terá companhia do meia Thiago Neves, que disputou as Olimpíadas de Pequim e teve algumas chances na seleção principal, mas que ficou longe dos holofotes após se transferir do próprio Fluminense para o Hamburgo, no ano passado.

"Estou dando um passo atrás para depois dar dois para frente", disse o meia após sua apresentação.

"Passei por dificuldades e momentos difíceis na Alemanha. Tinha o problema do idioma, do frio, a saudade de casa, e a mudança de posição exigida pelo treinador", afirmou Thiago a jornalistas, ao comentar sua rápida passagem pelo Hamburgo.

Outro jogador de seleção brasileira que está de volta ao país é o zagueiro Edmílson, pentacampeão do mundo em 2002 na Coréia do Sul e no Japão e que decidiu este ano abandonar uma carreira construída em grandes clubes da Europa para abraçar o sonho de voltar a vestir a camisa amarela. Ele está atuando no Palmeiras.

"Claro que não sou mais um garoto de 20 anos, mas vinha atuando e não tenho medo de encarar esse desafio", disse Edmílson, de 32 anos, que, entre outros clubes, destacou-se na Europa ao defender Barcelona e Lyon.

Na visão da comissão técnica da seleção, a volta ao país será reconhecida, mas outros fatores podem pesar na hora de se convocar os jogadores.

"Eu joguei lá fora por muito tempo e posso dizer que não é fácil a adaptação. Tem o clima, a língua é muito importante e os costumes, além é claro da saudade de casa", disse o auxiliar Jorginho, que atuou no futebol da Alemanha.