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Estudante exerce ilegalmente a medicina em hospital público de Belém

G1

Um flagrante do exercício ilegal da medicina foi registrado em um hospital público de Belém. O homem de branco, que examina os pacientes e receita os remédios, não é um médico. É um estudante, mas ele tem a confiança do diretor.

O rapaz é aluno de medicina da Universidade Estadual do Pará (UEPA). “É um aluno de medicina do quarto ano. Ele ainda não está nas disciplinas de internação, de atividades em hospitais”, explica Jorge Luis Andrade, coordenador do curso de medicina da UEPA.

Porém, quem procura atendimento no Hospital Regional Dr. Abelardo Santos, em Belém, encontra o estudante, que se faz passar por médico.

Com uma câmera escondida, a reportagem procurou o setor de emergência da unidade. Ele disse que sentia dores no estômago e foi atendido pelo estudante, que estava sozinho no consultório. O jovem retira um carimbo do bolso e receita remédios.

Na receita, o rapaz usou o carimbo e assinou em nome do diretor do hospital, José Aldo de Oliveira Pinho. Uma funcionária que não quis se identificar  confirmou que o estudante está atuando no lugar do médico.

O diretor do hospital nega que tenha dado o carimbo para o estudante, mas confirmou que ele faz consultas. “Ele me ajuda no serviço. O plantão está pesado, ele vai e faz algumas consultas básicas. A gente vai, discute o caso, para ele pegar mão”, afirma.

O estudante não explica como conseguiu o carimbo, mas diz que tudo é parte de um aprendizado. “Eu aprendo a examinar sob a supervisão dele. Aprendo a examinar e talvez até sugira medicação para saber se estou certo ou não, sob a supervisão do Dr. Aldo”, afirma.

A doméstica Maria José Medeiros afirma que ela e o filho, de 10 anos, foram atendidos no hospital pelo estudante. Segundo Maria José, ele estava sozinho no consultório. Ela conta que não sabia que ele não era médico.

“Eu me sinto enganada. Ela colocou em risco a nossa vida, porque nós estamos tomando remédio que não sabemos se vai fazer bem ou não”, diz.

O Hospital Abelardo Santos pertence ao governo do Pará, que informou que vai apurar o caso. O Conselho Regional de Medicina também vai investigar o médico e o estudante.
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