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Após mais de sete horas sem energia e morte de animais, fornecimento é restabelecido na UFMT

Da Redação - Fabiana Mendes

Durante aproximadamente setes horas em que a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em Cuiabá, ficou sem energia elétrica, diversos animais morreram. No Laboratório de Biociências, por exemplo, professores e alunos perderam várias espécies de peixes usadas em pesquisa. Com auxílio de um gerador, apenas dois laboratórios, de um total de 27, foram atendidos após grande locomoção de freezers e geladeiras. Conforme apurado pela reportagem, a suspensão ocorreu por volta das 10 horas e só foi restabelecida por volta das 17h desta terça-feira (16). 

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A suspensão da energia também aconteceu na Casa do Estudante, localizada na avenida Érico Preza, onde há capacidade para 32 universitários. Como não havia energia, os moradores temiam ficar sem água, pois ela é retirada de um poço artesiano. 

Residindo no local e prestes a concluir a graduação em História, Elthon Leal, de 27 anos, disse que sem energia, seria inviável a entrega de documentos para realizar a prova de proficiência em língua estrangeira. 

"Estamos terminando o curso agora e vamos ter que fazer o processo seletivo do mestrado, que é daqui a dois, três meses. Neste processo, a gente precisa entregar no meio da documentação a proficiência de outra língua. Hoje era o dia que iámos entregar a documentação, tudo eletrônico agora na UF", afirma. 

Estudante de Engenharia da Computação, Hélio Carrará, que reside na Casa do Estudante, conta ao Olhar Direto que os moradores não foram comunicados, seja pela UFMT ou pela Energisa. Entretanto, o discente afirma que a ação já era esperada por eles, devido às notificações feitas a universidade. 

"Tem geladeiras em todas as casas e em alguns quartos. Tem gente que vai perder comida. Quanto aos outros aparelhos, aqui é uma casa bem quente, então a gente não pode utilizar ventilador ou ar condicionado", disse. 

Laboratórios e pesquisa 

Diretor do Instituto de Biociências, o professor Marcos André de Carvalho disse à reportagem que considera a situação um descaso com a instituição pública. "São trabalhos importantíssimos de muitas pessoas, dos alunos de pós-graduação, de pesquisas que estão sendo feitas. São materiais que não podem ficar sem refrigeração. São enzimas caríssimas que a gente consegue via edital, materiais que estão congelados. É um material muito importante, se perder isso, perde tudo. São trabalhos de anos coletando que vai embora". 

"É um descaso com a instituição pública. Isso é uma forma de pensar dos nossos dirigentes do país, que realmente pensam de forma diferente e estão colocando todas as instituições de pesquisa, que são as universidades, em uma situação lastimável. A gente vai perder algo que é um patrimônio muito grande, que custou muito dinheiro dos brasileiros e que agora vai ser colocado em situação limite, por se pensar de forma diferente. Acho que é uma irresponsabilidade muito grande. O povo brasileiro deveria tomar ciência disso. Isso daqui não é esmola, foi a custo de imposto, dinheiro investido e que deveria ser mantido. Enquanto a gente não levar isso a sério, vai continuar na mesma". 

Dívida de R$ 1,8 milhão 

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, anunciou – após tomar conhecimento do desligamento de energia elétrica que irá tomar as medidas cabíveis tanto administrativas como judiciais para a responsabilização dos envolvidos pela má gestão na unidade. Além disto, anunciou medidas emergenciais para quitar a dívida de R$ 1,8 milhão.

“O ministro tomou conhecimento da situação na última quinta-feira (11) quando chamou a reitora ao Ministério e autorizou o repasse de R$ 4,5 milhões para que a reitoria da UFMT, nomeada há três anos, quitasse a dívida das contas de luz com a concessionária de Mato Grosso”, diz trecho da nota.

Corte de energia
 
A energia elétrica na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) foi cortada na manhã desta terça-feira (16), por falta de pagamento. No final do mês de junho, a concessionária Energisa havia dado um prazo para a regularização das contas. No último dia 5, a reitora Myrian Serra havia se reunido com o ministro da Educação, Abraham Weintraub para pedir dinheiro e evitar a suspensão, mas sem sucesso.
 
Por meio de nota, a assessoria de imprensa confirmou que houve o corte  de energia e que segue em negociações com a Energisa para o estabelecimento. No total, estão em abertas seis contas, sendo quatro de 2018 e duas de 2019. A UFMT realizará uma reunião no período da tarde e oportunamente se manifestará sobre seus resultados.
 
A unidade sofre com o corte de orçamento desde 2014, quando houve a redução da verba de custeio, relacionada às obras e equipamentos do Câmpus. No entanto, em março deste ano, o Governo Federal anunciou o bloqueio de 30% na educação superior, que representa R$ 34 milhões para a Universidade.
 
Em entrevista ao Olhar Direto, Myrian Serra adiantou que a UFMT poderia ficar sem os serviços básicos como água e luz, caso o bloqueio não fosse revisto em até 60 dias, situação que não aconteceu.
 
A UFMT oferece 113 cursos de graduação, sendo 108 presenciais e cinco na modalidade a distância (EaD), em 33 cidades mato-grossenses. São cinco Câmpus e 28 pólos de EaD. Na pós-graduação, são 66 programas de mestrado e doutorado. A instituição atende 25.435 mil estudantes, distribuídos em todas as regiões de Mato Grosso.

Veja nota da UFMT na íntegra: 

A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) foi surpreendida, hoje pela manhã, com o corte simultâneo de energia elétrica em todos os cinco Câmpus do Estado (Cuiabá, Várzea Grande, Araguaia, Rondonópolis e Sinop), além da Base de Pesquisa do Pantanal.

Logo após o corte, a Universidade entrou em contato com o Ministério da Educação (MEC), solicitando a liberação de recursos financeiros necessários para o pagamento da fatura de energia. Durante todo o dia, a comunidade universitária uniu esforços e permaneceu mobilizada para minimizar os efeitos do corte de energia elétrica. 

Após a liberação do repasse pelo MEC, imediatamente a UFMT dirigiu-se à Energisa para demonstrar o pagamento da fatura pendente no valor de aproximadamente R$ 1,8 milhão. A Energisa comprometeu-se a efetuar a religação da energia elétrica, o que ocorreu no final desta tarde.

A UFMT agradece a comunidade acadêmica na busca pelo ensino, pesquisa e extensão gratuitos e de qualidade. 
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