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Notícias / Agronegócios

Pecuaristas sugerem estado de calamidade em municípios afetados pela crise

Da Redação/Com Assessoria

Depois da frustrada audiência pública, promovida pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural na Câmara Federal para discutir os impactos da crise e a cadeia produtiva de carne no Brasil, realizada ontem (24), pecuaristas não encontram alternativas em curto prazo. “A situação é de extrema gravidade, principalmente em cidades das regiões Noroeste e Nordeste de Mato Grosso. A população não encontra saída para a crise. Não encontramos respaldo por parte dos governantes. A alternativa mais viável, diante de tudo isso, é a decretação de calamidade pública em algumas regiões”, disse o presidente da Acrimat (Associação dos Criadores de MT), Mário Cândia.

Pecuaristas como o deputado estadual, Otaviano Piveta, seguem na mesma linha de sugestão. “A Acrimat e as organizações de classe, como a Famato, fariam um levantamento de quanto é a divida dos frigoríficos e quem são esses credores. Analisada e mensurada a gravidade da situação, o governo decreta o estado de calamidade do município, e através de uma ação judicial, pede a posse das industriais, através da organização dos produtores”. Piveta acredita que com essa medida aconteceria a reativação das indústrias, dos abates, dos empregos e da atividade econômica, “mas todo esse processo deve ser realizado com muito planejamento e organização”.

O diretor da Acrimat  Jorge Pires engrossa o coro e diz que a situação “ é um caos”. Ele disse que “o governo estadual deve intervir, decretar estado de calamidade pública e solicitar que uma avaliação da planta frigorífica seja realizada pela Caixa Econômica Federal. A desapropriação da indústria seria feita, uma cooperativa seria criada pelos produtores que assumira a direção. Uma linha de crédito do BNDES ou Banco do Brasil seria liberada para o governo pagar a desapropriação e a cooperativa teria a responsabilidade pelo pagamento”.

 Pires ressalta que “essa seria uma forma inovadora de resolver o problema, pois a classe produtores espera ousadia por parte do governador Blairo Maggi”. O diretor da Acrimat lembra que Mato Grosso tem “o maior rebanho de gado do Brasil, é o maior produtor de carne do mundo e a carne é a segunda fonte de exportação do estado. O setor tem representatividade e merece ações ousadas. Além disso, medida como essa evitaria a concentração de pouco grupos no controle de um setor”. Jorge Pires sugere ainda, que a “Assembléia Legislativa de Mato Grosso, realiza audiências públicas nas regiões mais afetas para ouvir a população” e se recorda do ex-secretário Clóves Vettorato, falecido em maio de 2008, dizendo que “o Clóves encamparia esta idéia, pela sua visão estrategista e de futuro”.

“Temos que tomar uma atitude severa”, fala o pecuarista da Canarana, Leste/MT, Marcos da Rosa, onde quatro frigoríficos foram fechados. “Sou a favor da decretação de calamidade pública e da criação de uma cooperativa. Estamos vivendo uma verdadeira calamidade, pois os pais de família não tem mais emprego, estão tomando motos, geladeiras, os fornecedores não recebem, o comercio está parado, enfim, toda população foi afetada”.

 Marcos da Rosa ressalta que tudo isso está acontecendo, depois que a lei da falência foi reformulada em 2005 com a criação da nova lei de recuperação judicial. “A lei aprovada pelo Congresso Nacional prejudicou pecuaristas de Mato Grosso e do Brasil inteiro. Acho que estávamos dormindo nesta hora, pois não fizemos nada para ela não ser aprovada”, lamenta.

Segundo estudos feitos pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), 35% da capacidade de abate de bovino de corte estão paralisados. Este percentual corresponde à paralisação de 15 unidades frigoríficas no Estado. De acordo com o instituto, as regiões que mais estão sendo afetadas com a paralisação das atividades frigoríficas são: o Nordeste e o Noroeste. Essas duas concentram 40% do rebanho bovino do Estado, o que significa 9,8 milhões de animais. 

As demissões nos 15 frigoríficos já atingem 4,8 mil funcionários registrados. Ainda há mais 4,2 mil funcionários que estão suscetíveis de serem demitidos e 39 mil trabalhadores indiretos serão afetados com a crise. Os estudos demonstram ainda, de que 50% da população de alguns municípios estão sendo afetados com a crise do setor frigorífico. Quando o assunto é imposto, só de ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, são 19% que deixam de ser arrecadados de uma perda de R$ 37 milhões.
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