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Vereador chora na tribuna, se diz perseguido e quer quebra de sigilo telefônico

Da Reportagem Local - Carlos Gustavo Dorileo/ Da Redação - Lucas Bólico

O vereador Adevair Cabral (PSDB) rompeu o silêncio na tribuna da Câmara Municipal de Cuiabá e se defendeu de duas acusações que vieram a público na última semana. Uma delas foi notícia da abertura de investigação por crimes contra a dignidade sexual e corrupção de menores em 2017. A outra, acusação de assédio contra uma ex-servidora do município. O parlamentar chegou a chorar na tribuna e disse que querem jogar seu nome na lama. Ele ainda ofereceu seu celular para ter o sigilo quebrado.
 
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Sobre a primeira denúncia, Adeair explicou que ela diz respeito a bailes funks que teriam acontecido no Clube Aspe, onde foi presidente. Entretanto, à época dos fatos, ele já teria se afastado do comando do local e a estruturam, inclusive, estava arrendada. O parlamentar argumenta que teve o nome envolvido por uma denúncia anônima, mas que jamais foi sequer citado para depor.
 
“Eu tomei conhecimento desses fatos pela imprensa e fui pego de surpresa, pois na matéria vinculava meu nome a esses crimes devido ao fato de eu ter atuado como presidente da associação dos servidores do município de Cuiabá. O suposto crime teria ocorrido em agosto de 2017 durante evento supostamente realizado na sede da associação em questão. A minha assessoria jurídica foi em busca de todas as informações pois eu nunca fui citado e nem convocado a prestar qualquer tipo de esclarecimento sobre esses fatos. Então eu quero dizer a vocês, nobres vereadores, que durante esse período, nunca fui convocado, nunca fui citado sequer para tomar conhecimento desses fatos. Tomei conhecimento desses fatos por um repórter que tinha me ligado”, declarou.
 
“Eu pedi para meus advogados irem atrás para verificar, aqui está todo o documento, até a capa do processo. Foi uma denúncia anônima, o Ministério Púbico mandou fazer diligência através da Polícia Civil, foi feito, inclusive os bailes funks não eram nem no clube da associação. Era no clube atrás, está aqui documentado, feito e assinado pelas perícias, não era nem no clube da Aspe e foi citado meu nome como presidente da associação e ai eu digo pra vocês, o clube lá está arrendado desde 2013, registrado em cartório. Foi arrendado para terceiros e o terceiro que toca lá pode alugar para baile, casamento aniversário e festa. E dizendo na denúncia que eu era o presidente. E aqui também eu disponibilizo pra vocês. Aqui está meu afastamento desde junho de 2016. Eu pedi afastamento desde 2016, registrado em cartório”, completou.
 
Foi ao falar deste caso que Adevair ser emocionou. “Sabe qual é a minha participação nisso? Zero. Nunca fiz isso, nunca participei de baile funk em lugar nenhum. O que estão fazendo comigo é covardia. Colocando a minha família, pois está aqui. Esse aqui acho que era a acusação mais grave que estava comigo. Era a mais grave que eu e minha família achávamos, mais grave e eu não tenho participação nenhuma. Participação zero. A polícia nunca citou meu nome aqui no inquérito, nem o ministério público. Nunca fui ouvido”.
 
Assédio
 
Já com relação à denúncia de assédio, Adevair colocou seu celular à disposição para ter seu sigilo quebrado. De acordo com ele, a íntegra das conversas revelaria que não houve excessos da parte dele. “Eu pedi para meus advogados verificar nas delegacias, Ministério Público, até ontem não existia nenhuma representação contra mim. Ai eu fico me perguntado, por que, se a pessoas se sentiu constrangida, não gostou, por que não fez um BO contra mim na época? Três anos atrás, quatro anos atrás, cinco anos atrás.. por que não fizeram? Por que só agoira fizeram tudo isso comigo?”, questiona.
 
“Quero dizer a todos vocês que se eu for representado oficialmente eu já coloquei para meus advogados, está a inteira disposição o meu sigilo telefônico. Eu quero que quebre meu sigilo telefônico desde o começo. Ai expõe conversas, tudo o que tiver, ai eu vou dizer pra vocês onde está o assédio, preciso disso, eu que quero. Está à disposição meu telefone, eu quero que quebre o meu sigilo telefônico, ai vocês vão ver se eu estou errado, se eu fiz assédio a alguém. É simples você editar uma conversinha e uma foto. É fácil. Eu quero a conversa no teor, com começo meio e fim. Eu preciso”.
 
Adevair se disse vítima de perseguição política, mas não apontou possíveis responsáveis pelos “ataques”. “Estou sendo vítima de uma grande perseguição política, não sei da onde que é, mas é uma perseguição muito grande. Estou no meu terceiro mandato de vereador e tenho serviços prestados na sociedade. Eu não sou corrupto, não malversei dinheiro público e como nada desabona a minha conduta como parlamentar, estão expondo de maneira covarde e mentirosa a minha vida pessoal e a vida da minha família também, a minha honra e por isso eu me sinto na obrigação de esclarecer determinados fatos pois devo satisfação aos meus eleitores. Sempre fui um dos vereadores mais votados aqui em Cuiabá e nunca diminui a minha votação, sempre aumento, sempre aumentei”.
 
 A vítima
 
A autora da denúncia é ex-servidora do município de Cuiabá e atuava na área da saúde. Segundo Abílio, ela procurou também outros vereadores, mas o caso não andou. “Ela é uma mulher, mãe solteira, é uma situação muito difícil para ela, dependia muito do emprego, tinha muito medo por exemplo do poder que o Adevair poderia ter de qualquer ameaça que ela poderia sentir e também a situação acabou constrangendo ela, passou por depressão, teve dificuldade econômica muito grande assim que ela foi demitida a partir de uma série de ocorrências que acabou acontecendo contra ela”.
 
Diante da pressão do caso e sem conseguir arranjar emprego, a denunciante chegou a deixar Cuiabá. “Ela não conseguia mais conviver, não conseguia mais arrumar serviço nessa cidade e ela teve que sair”.
 
De acordo com a denúncia, Adevair teria se masturbado na frente da vítima em uma reunião que teria o objetivo de tratar do cargo dela. Assédio e a importunação teriam acontecido também por whatsapp, ferramenta usada pelo parlamentar para encaminhar foto íntima para ela. Após o vazamento das informações, ela teria passado a sofrer ameaça de pessoas que atenderiam a interesses do vereador.
 
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