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Subsecretário da Casa Civil, PM de MT é acusado de agredir e estuprar mulher

Mirelle Pinheiro - Metrópoles

Um policial militar de Cuiabá (MT) de 33 anos, lotado na Casa Civil como subsecretário, é investigado por estupro. Nesse sábado (09/11/2019), a suposta vítima, uma servidora de 30 anos, procurou a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) para dar detalhes do relacionamento de dois anos que manteve com o suspeito. A Justiça concedeu medida protetiva para ela.O término da relação se deu na quarta-feira (06/11/2019). Essa é a primeira vez que ela o denuncia. A mulher relatou que o integrante do segundo escalão do Governo do Distrito Federal sempre teve perfil agressivo, mas piorou após o rompimento, pois ele não aceitava a separação.

Na ocorrência, a mulher narra que, no dia do término, teria sido estuprada e agredida. Conta que o homem foi ao apartamento dela chamando-a para ir a um bar. Mesmo sem querer ir, segundo ela, acabou obrigada. O casal teria voltado ao apartamento da vítima por volta de meia-noite. Ela detalha que, ao chegar em casa, o companheiro ficou muito agressivo e praticou a violência sexual.

Diante da situação, a servidora diz ter tomado coragem e o expulsou do imóvel. Após o fim do namoro, a denunciante diz que ele passou a ir ao prédio. Na delegacia, ela fez o requerimento de medidas protetivas e passou por exames no Instituto Médico Legal (IML).

Em entrevista ao Metrópoles, a suposta vítima relata ter medo de sair de casa e quer se afastar do trabalho por alguns dias. “Fico com medo de ele invadir a minha casa. Mesmo sozinha, fico trancada no quarto pensando em como eu poderia fugir, caso ele entrasse. A única saída seria pular a janela”, disse.

“O nosso relacionamento sempre foi cheio de idas e vindas. Não sei explicar se eu sentia amor ou dependência. Ele me agredia, mas depois colocava a culpa no estresse do trabalho, se mostrava arrependido. Me afastei dos meus amigos e não tinha coragem de contar o que estava acontecendo para ninguém. Chegou uma hora que comecei a pensar ser era normal e que, de certa forma, era culpada e responsabilizada pelas atitudes dele. É difícil romper esse ciclo”, contou, emocionada.

O 1º Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher proibiu o subsecretário de ter contato com a servidora por qualquer meio de comunicação, de se aproximar dela, da família, testemunhas e amigos, fixando um limite mínimo de 300 metros de distância. Além de ser impedido de frequentar determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da denunciante. O descumprimento das medidas pode resultar na prisão em flagrante dele.

Para preservar a identidade da suposta vítima, o Metrópoles não vai divulgar o nome do suposto agressor – que foi convidado para a pasta por um agora ex-secretário, que já não integra o primeiro escalão do GDF.

Ciúmes

Ainda de acordo com a denúncia, o militar seria extremamente ciumento, possessivo, manipulador e violento. A mulher detalhou que o ex costuma ter acessos nervosos e passa a quebrar objetos, bater as portas com força e grita muito. Acrescentou que ele faz uso de bebida alcoólica e que costuma ficar muito alterado.

Segundo depoimento dela, durante o relacionamento foi agredida fisicamente e moralmente por diversas vezes, mas, até então, nunca teve coragem de denunciá-lo. Ainda de acordo com o relato, as agressões teriam começado de forma gradativa. A suposta vítima conta que após os episódios de violência, o homem ficava amável, pedia desculpas e forçava uma situação sexual.

Outro lado

O Metrópoles conversou com o subsecretário nessa segunda-feira (11/11/2019). Ele confirmou conhece a vítima, mas destacou se tratar de um relacionamento casual. Disse que esteve na casa dela na quarta-feira (06/11/2019) e teve relação sexual de forma consentida. Negou qualquer ato criminoso de estupro ou agressão física.

Se defendeu dizendo que a mulher teve acesso ao seu celular, descobriu que ele mantinha contato íntimo com outras mulheres e o expulsou do apartamento. Ele detalhou ter tentado retomar o contato, mas ela não o atendeu.

A reportagem pediu um posicionamento do Palácio do Buriti e da Casa Civil com relação ao caso, mas não obteve retorno até a publicação.

Neste 2019, o Metrópoles inicia um projeto editorial para dar visibilidade às tragédias provocadas pela violência de gênero. As histórias de todas as vítimas de feminicídio do Distrito Federal serão contadas em perfis escritos por profissionais do sexo feminino (jornalistas, fotógrafas, artistas gráficas e cinegrafistas), com o propósito de aproximar as pessoas da trajetória de vida dessas mulheres.

O Elas por Elas propõe manter em pauta, durante todo o ano, o tema da violência contra a mulher para alertar a população e as autoridades sobre as graves consequências da cultura do machismo que persiste no país. Desde 1° de janeiro, um contador está em destaque na capa do portal para monitorar e ressaltar os casos de Maria da Penha registrados no DF. Mas nossa maior energia será despendida para humanizar as estatísticas frias, que dão uma dimensão da gravidade do problema, porém não alcançam o poder da empatia, o único capaz de interromper a indiferença diante dos pedidos de socorro de tantas brasileiras.
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