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Presidente da CNM contesta extinção de municípios e afirma que medida não resolverá problema

Da Redação - Wesley Santiago/Do Local - Carlos Gustavo Dorileo

O presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Glademir Aroldi, contestou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Pacto Federativo, apresentada pela equipe do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que poderá extinguir mais de 1.200 municípios do país. Ele classificou como absurda a proposta e ressaltou que a União não leva em consideração os recursos advindos do ICMS, IPI e Imposto de Renda. Por fim, destaca ainda que a parcela de arrecadação destas cidades é bastante pequena e que isto não resolverá os problemas do Brasil.

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“A extinção dos municípios é um equívoco enorme. Sabemos que 82% dos municípios não arrecadam 10% daquilo que estão chamando, equivocadamente, de recursos próprios. De todas as capitais, uma não chega nesta porcentagem, três chegam a 11% e outra a 12%. Como a grande maioria das cidades tem uma área urbana pequena, há dificuldade de arrecadação”, disse o presidente, durante o Encontro Municipalista, que ocorre nesta segunda-feira (18), na Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM).
 
Aroldi ainda pontua que o equívoco está em não considerar que o ICMS não é próprio da cidade. “A produção acontece nas cidades. A Constituição estabeleceu que 25% da arrecadação do ICMS pertence aos municípios. O governador não faz favor nenhum repassando os recursos. A mesma lógica serve para o IPI e o Imposto de Renda, que formam o FPM. A União arrecada, mas obrigatoriamente tem que transferir 24,5% aos municípios. Então, eles são arrecadação própria”.
 
Aroldi disse que a arrecadação dos entes federados em 2018 representou R$ 2,3 trilhões e que deste montante, apenas 0,7% se referem à arrecadação dos 1.252 municípios ameaçados de extinção. “Não é com essa medida que o governo federal vai resolver o problema do país. Não podemos admitir que mais de 1,2 mil municípios sejam extintos. A unificação de planos de carreira e do sistema de previdência, por exemplo, será impraticável”, afirmou.
 
“Sabe quanto é o custo para pagamento dos cargos eletivos nestes municípios? 2,5% da sua arrecadação. Isto não resolve problema. Vai unificar o município que está no regime próprio de previdência com um no regime geral. São planos de carreiras diferentes, isto não é possível de acontecer. É uma proposta absurda. Tenho certeza que vamos parar com isto, os senadores vão nos ajudar”, completou Aroldi.
 
O presidente da CNM ainda lembrou que o repasse de recursos do governo federal é insuficiente para atender várias demandas, como na área da saúde. Ele citou como exemplo o programa Estratégia Saúde da Família, que tem um custo mensal de cerca de R$ 50 mil, no entanto, as prefeituras recebem apenas cerca de R$ 10 mil para prestar o serviço.
 
O presidente da AMM, Neurilan Fraga, disse que a medida está sendo proposta de cima para baixo e que não foi submetida a uma ampla discussão com a sociedade. Além disso, Fraga questiona alguns critérios adotados para a extinção dos municípios, como a arrecadação de impostos inferior a 10% do total de receitas.
 
“Municípios pequenos contam com pouca arrecadação de IPTU, ITBI e ISS, que foram incluídos na PEC pelo governo. Não foram considerados o ICMS e o FPM, que também compõem o orçamento das prefeituras e são as principais fontes de receitas de muitos municípios brasileiros”, assinalou Neurilan.
 
Parlamentares federais e estaduais também contestaram a  viabilidade da proposta. O senador Wellington Fagundes disse que o desenvolvimento ocorre no município  e que cada ente da federação administra aquilo que é arrecadado na esfera municipal. “Não acredito que essa proposta vai passar nem na Comissão de Constituição e Justiça do Senado”, frisou.
 
A deputada federal Rosa Neide disse que a sociedade tem que ser ouvida sobre a proposta e defendeu que é no território municipal que as políticas públicas acontecem.  “Não daremos nenhum voto contra os municípios”, garantiu.

De acordo com a projeção da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), ao menos 1.217 municípios podem deixar de existir no país. Destes, 128 ficam no Centro-Oeste. A PEC foi encaminhada ao Congresso Nacional no início de novembro.
 
Veja os municípios com menos de 5 mil habitantes em Mato Grosso:

Araguainha
Araguaiana
Canabrava do Norte
Conquista D’Oeste
Figueirópolis
Gloria D’Oeste
Indiavai
Itauba
Luciara
Nova Brasilandia
Nova Guarita
Nova Marilandia
Nova Nazaré
Nova Santa Helena
Novo Horizonte do Norte
Novo Santo Antonio
Planalto da Serra
Ponte Branca
Porto Estrela
Reserva do Cabaçal
Ribeirãozinho
Rondolandia
Salto do Ceu
Santa Carmem
Santa Cruz do Xingu
Santa Rita do Trivelato
Santo Afonso
São Jose do Povo
São Pedro da Cipa
Serra Nova Dourada
Tesouro
Torixoreu
União do Sul
Vale de São Domingos

 
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