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Lúdio cita agressão a jornalista e diz que Governo de Mendes é “reprodução neofascista de Bolsonaro”

Da Redação - Érika Oliveira

Na semana em que foi elogiado por deputados da base do Governo e, segundo a deputada Janaina Riva (MDB), pelo próprio governador Mauro Mendes (DEM), por conta de sua atuação na oposição, o deputado Lúdio Cabral (PT) classificou a gestão do democrata como uma “reprodução neofascista do Governo Federal”, a quem ele se opõe de maneira “conceitual”. O petista citou um episódio recente, em que o governador agrediu um jornalista, e contestou os argumentos de “crise” utilizados pela administração atual.

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“Fazemos uma oposição a essa aliança entre o neoliberalismo e o neofascimo no Brasil, que o Governo Bolsonaro representa e que se reproduz nos estados. O Governo de Mato Grosso reproduz a forma de governar do Governo Federal. E um exemplo bem recente, que retrata isso, foi a agressão do governador a um jornalista. Desnecessário, descabido, sem sentido, por conta de uma pergunta que o contrariava. Todas as medidas neoliberais que estão sendo implantadas no plano nacional eles têm trazido aqui pro Estado. Então, nosso papel é fazer oposição a esses governos e a essa forma de governar”, criticou o deputado, em entrevista ao Olhar Direto.

O episódio mencionado por Lúdio ocorreu há pouco menos de um mês, na Associação Mato-grossense dos Municípios, quando o governador deu dois tapas no peito do jornalista Pablo Rodrigo, e o puxou pelo braço quando o mesmo lhe questionou sobre sobre recente decisão do juiz da 7ª Vara Federal em Cuiabá, Paulo César Alves Sodré, que acolheu denúncia do Ministério Público Federal (MPF) e o tornou réu numa ação sobre a compra por ele, de um apartamento, em leilão judicial, fato que resultou na aposentaria compulsória da juíza do Trabalho, Carla Reita Faria Leal, também ré na mesma ação. O MPF vê irregularidade nessa compra, motivo que o levou a denunciá-lo por crime de falsidade ideológica.

Lúdio criticou, ainda, a forma como o Governo de Mendes vem enfrentado a crise econômica, que em sua opinião não existe em Mato Grosso. Para o deputado, não há que se falar em crise quando se optar por manter uma renúncia fiscal de quase R$ 6 bilhões, mesmo após a minirreforma tributária aprovada pela Assembleia Legislativa, em julho deste ano.

“Eu tenho uma diferença conceitual com o modelo de Governo que ele exerce. Para mim, o Estado hoje é governado para atender a interesses dos muito ricos. Mauro Mendes assumiu com o discurso de que o Estado estava em crise financeira e que precisava superar essa crise. Que caminho ele adota? O do enxugamento, da contenção de despesa, da culpabilização do servidor público e da asfixia das políticas públicas. Ao fazer isso ele revela para quais interesses ele governa, porque ao mesmo tempo em que o Estado vive uma suposta crise financeira, ele mantém uma política de renúncia fiscal de quase R$ 6 bilhões. Se o Estado está em crise e todos nós fomos eleitos com o compromisso de melhorar a qualidade dos serviços que são oferecidos para a população, em qualidade e quantidade, nós precisamos de mais recursos. Para dar conta de realizar os direitos da população o Governo teria que enfrentar os privilégios que estão nas renúncias fiscais, mas ele escolheu outro caminho”, apontou o deputado.

“Então, nós temos essa grande diferença na interpretação de como lidar com a administração do Estado. Para mim, não há crise financeira, o que há é uma escolha de atender a esses interesses em detrimento da qualidade do serviço público. Mas a minha relação com o Governo e com os agentes do Governo é de oposição sistemática, crítica, permanente, porém de diálogo propositivo. Eu cumpro meu papel como parlamentar, tudo que vem do Executivo que atende ao interesse público tem meu apoio e aquilo que não atende eu parto para o enfrentamento, usando as ferramentas que o Parlamento me permite. A minha concepção de mandato parlamentar não é de levar demandas para o governador atender individualmente, mas de olhar para as políticas públicas, ver onde é que os problemas existem e cobrar a solução para esses problemas. Portanto, não é uma relação em que eu tenha uma expectativa de que ele atenda alguma demanda pessoal, de despachante como alguns deputados costumam ter com quem governa. Minha relação com ele é de alguém que fiscaliza o Poder Executivo”, acrescentou.
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