O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez seu primeiro pronunciamento oficial à nação desde que a sociedade brasileira começou a dividir esforços para conter a proliferação do novo coronavírus para tentar frear o colapso do sistema de saúde. Não se ouviu uma palavra às vítimas ou às famílias das vítimas. Não se ouviu uma proposta para garantia do emprego e da estabilidade econômica durante o período de quarentena a que a população está submetida. O que se ouviu foram opiniões que divergem dos dados científicos que foram aprendidos até o momento sobre como enfrentar o inimigo invisível. O que se ouviu foram críticas aos governadores que não tem medido esforços para frear o vírus, críticas à imprensa que vem noticiando a rotina do país neste momento e até ironia direcionada ao médico respeitado Dráuzio Varela. Aproveitando a força da cadeia nacional, Bolsonaro ainda disse que por seu histórico de atleta, caso pegue covid-19, vai sentir no máximo um resfriadinho.
 
O tom de enfrentamento do presidente foi direcionado a quem combate o vírus e não ao vírus. A fala deixou parte da sociedade perplexa e a revolta foi imediata e se manifestou por meio de panelaços, nas redes sociais e notas oficiais de autoridades. Se por um lado Bolsonaro de um passo ao isolamento político, por outro, alimentou os setores mais radicais que lhe seguem. Não será fácil passar pela crise do coronavírus nem com unidade nacional, imagina com o país fragmentado.