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Secretário de Saúde de MT se diz “estarrecido” com pronunciamento de Bolsonaro

Da Redação - Érika Oliveira

O secretário de Saúde de Mato Grosso, Gilberto Figueiredo, subscreveu carta conjunta de todos os gestores da Saúde dos estados brasileiros repudiando as declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que condenou a quarentena como medida para conter o coronavírus. Mato Grosso foi uma das primeiras unidades da federação a recomendar o isolamento. Para Bolsonaro, o que os governos estaduais estão praticando é um “crime”. 

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“Assistimos estarrecidos ao pronunciamento em cadeia nacional do Presidente da República, Jair Bolsonaro. É preciso demonstrar ao Brasil as suas consequências e a necessidade de que a população perceba a gravidade do momento que estamos vivendo”, diz trecho da carta. 

Até o momento, em Mato Grosso, já foram impostas uma série de sanções, entre elas o fechamento de estabelecimentos comerciais que não são considerados essenciais, a suspensão de aulas, a permissão do teletrabalho para servidores dos Poderes, a redução da circulação do transporte coletivo e até a proibição de cultos religiosos. 

A tendência é de que o Governo tome medidas ainda mais duras nos próximos dias. Na tarde desta quarta-feira (25) está prevista a publicação de um decreto de calamidade no Estado para que prefeituras e o próprio Executivo estadual ganhe flexibilidade para adotar ações econômicas no combate à doença.  

Questionado sobre a fala de Bolsonaro, o governador Mauro Mendes (DEM) disse que, apesar da importância do equilíbrio fiscal, o isolamento está mantido em Mato Grosso. Também na tarde de hoje o democrata deve participar de reunião com todos os governadores do País para discutir ações conjuntas, após as declarações do presidente. 

“É este o esforço que temos empreendido em defesa de nossa pátria e de nossos irmãos e irmãs brasileiros. É dessa forma, desassombrada e corajosa, na direção correta que queremos seguir na missão de defender nossa gente. Não temos qualquer intenção de politizar o problema. Temos construído, sem dificuldade, independente de colorações partidárias, políticas e ideológicas, consensos para o bem do Sistema Único de Saúde – o SUS e, sobretudo com a saúde do povo brasileiro. Este é nosso compromisso. É isso que norteia nossas ações e esforços”, segue a carta dos secretários. 

Veja a íntegra: 

"Carta dos Secretários Estaduais de Saúde do Brasil após 
pronunciamento do Presidente da República 

Assistimos estarrecidos ao pronunciamento em cadeia nacional do Presidente da República, Jair Bolsonaro.  

É preciso demonstrar ao Brasil as suas consequências e a necessidade de que a população perceba a gravidade do momento que estamos vivendo. 

Temos, juntamente com o Ministério da Saúde, os municípios e a própria sociedade brasileira, empreendido uma intensa luta no enfrentamento da Covid-19. 

Luta que envolve trabalho, sacrifício, solidariedade, empatia, compaixão com o sofrimento das pessoas e que depende de maneira imprescindível do alinhamento de entendimento e de ações, assim como da união de esforços e de uma direção única e firme. 

Todas as decisões e recomendações do Conass e do Ministério da Saúde têm se baseado em evidências científicas, na realidade nacional e internacional e buscado inspiração nas melhores práticas e exemplos de condutas exitosas ao redor do mundo. 

É este o esforço que temos empreendido em defesa de nossa pátria e de nossos irmãos e irmãs brasileiros. É dessa forma, desassombrada e corajosa, na direção correta que queremos seguir na missão de defender nossa gente. 

Não temos qualquer intenção de politizar o problema. Temos construído, sem dificuldade, independente de colorações partidárias, políticas e ideológicas, consensos para o bem do Sistema Único de Saúde – o SUS e, sobretudo com a saúde do povo brasileiro. Este é nosso compromisso. É isso que norteia nossas ações e esforços. 

Já temos dificuldades demais para enfrentar.  

Não podemos permitir o dissenso e a dubiedade de condução do enfrentamento à Covid-19. Assim, é preciso que seja reparado o que nos parece ser um grave erro do Presidente da República. 

Ao invés de desfazer todo o esforço e sacrifício que temos feito junto com o povo brasileiro, negando todas as recomendações tecnicamente embasadas e defendidas, inclusive, pelo seu Ministério da Saúde, deveríamos ver o Presidente da República liderando a luta, contribuindo para este esforço e conduzindo a nação para onde se espera de seu principal governante: um lugar seguro para se viver, com saúde e bem estar. 

Infelizmente o que vimos em seu pronunciamento foi uma tentativa de desmobilizar a sociedade brasileira, as autoridades sanitárias de todo o país. 

Sua fala dificulta o trabalho de todos, inclusive de seu ministro e técnicos. 

Todo o apoio à atuação do Ministério da Saúde e sua equipe, que tem trabalhado técnica e cientificamente em todos os momentos. Com saúde não se pode brincar e nem fazer apostas, diante do risco que corremos. É preciso discernimento, coragem e determinação para liderar, unificar e auxiliar a nação a superar mais este desafio de Emergência em Saúde Pública. 

Temos plena consciência de que o Brasil e o mundo irá enfrentar uma grave recessão econômica, aprofundamento das desigualdades sociais e empobrecimento. 

A economia, com trabalho, disciplina, organização e espírito público, se recuperará. Seremos solidários e trabalharemos sem descanso para permitir uma rápida recuperação da nossa economia. 

Mas é preciso que se entenda, vidas perdidas, não serão recuperadas jamais. 

Que Deus abençoe cada um de nós que temos trabalhado intensivamente e dormido pouco. 

Que Deus abençoe e proteja todos os brasileiros e brasileiras. 

#ficaemcasa  

Secretários de Estado da Saúde do Brasil" 

 

 
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