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Motorista é demitido após apontar irregularidades em transporte público e falta de veículos nas frotas

Da Redação - Bruna Bom

Um motorista de uma das linhas de ônibus de Várzea Grande foi demitido após realizar uma série de relatos para a União Transportes, empresa em que trabalhava, sobre a precariedade dos veículos, a superlotação e a insatisfação dos passageiros. Sem ter resposta, ele levou as queixas para a Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Mato Grosso (AGER-MT) e acabou sem o emprego. Em nota, a empresa esclareceu que esse não foi o motivo da demissão.

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Ao Olhar Direto, o ex-motorista da empresa, identificado como L.C.B., de 44 anos, disse que vinha alertando os membros da União Transportes desde o ano passado sobre operações incorretas praticadas pela companhia de transporte. Em seus relatórios diários, ele sempre pontuava a insatisfação dos passageiros com os ônibus, que acabavam descontando no motorista.

“Os ônibus estão sempre quebrando, sem manutenção, deixando usuários na mão, e esses usuários insatisfeitos descontam sua raiva no motorista. A própria empresa também cobra dos motoristas, mas nós não temos culpa”, explicou. Sem resposta por parte da empresa, ele resolveu entrar em contato com o órgão fiscalizador responsável pelo transporte urbano, a Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Mato Grosso (AGER-MT).

No dia 26 de fevereiro, o motorista recorreu à ouvidoria da AGER através do Whatsapp disponibilizado pela Agência para repassar suas queixas que não haviam sido ouvidas internamente pela empresa. “Nos quatro anos que trabalhei lá, nunca vi ninguém da AGER fiscalizando, então resolvi entrar em contato”, explicou.

Algumas semanas depois, no dia 12 de março, o rapaz foi chamado pelo departamento de recursos humanos da União Transportes para responder pela reclamação que havia realizado na ouvidoria. A empresa pediu para que o funcionário apresentasse documentos que comprovem a origem das queixas. 

Ele rebateu dizendo que os relatórios diários que ele realizava a pedido da própria empresa comprovam as queixas. Por não apresentar provas, o motorista foi demitido por justa causa no mesmo dia. A justificativa da empresa é que o funcionário estava manchando a imagem da empresa interna e externamente. “Eles não gostaram, dispensaram. Porque eu sou empregado, então deram justa causa” disse o ex-funcionário.

“Agora com a epidemia, estou desempregado, tenho três filhos para criar, pagar pensão. Eu não vejo isso como um motivo de justa causa. Eu ainda fui construtivo em alertar a empresa desde 2019 sobre as reclamações dos usuários de transporte que eu recebia diariamente. Só queria que as condições de trabalho e de transporte melhorassem”, explicou.

O outro lado

Em nota à imprensa, a União Transportes diz que o motorista apresentava histórico de problemas em ambiente de trabalho, e por isso teria sido demitido. Confira abaixo a nota na íntegra.

NOTA À IMPRENSA

A empresa demitiu o então colaborador, Sr. L.C.B.P., em razão do mesmo ter um histórico de problemas no ambiente de trabalho, inclusive, nas vezes que foi chamado ao RH sempre questionava se ainda não iriam “mandá-lo embora”, deixando nítida a sua vontade em rescindir o contrato de trabalho para receber as verbas indenizatórias. 

Ressalta-se que o fato principal da demissão se deu em razão do ex colaborador ter manchado a imagem da empresa, sem provas, o que ficou constatado com o procedimento interno aberto para apurar o caso, sendo certo que o colaborador declinou do direito de defesa que lhe foi oportunizado. O caso deverá ser discutido na Justiça do Trabalho onde as provas serão produzidas e postas ao juízo da causa.

Em razão da situação de calamidade que passamos, a empresa acabou por conceder férias a vários de seus colaboradores, o que impediu que, neste momento, fosse levantada a informação se a denúncia feita pelo então colaborador à AGER teria chegado a nós de forma anônima ou não, mas o que se sabe é que o referido ex empregado comentou com várias pessoas, no pátio do empresa, que teria feito a referida denúncia.

Quanto a denúncia, nossa empresa respondeu aos questionamentos da AGER, apontando a total improcedência da mesma. 

Att.

União Transportes de Turismo Ltda.
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