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STJD fecha Canindé, e Portuguesa diz que não joga em outro estádio

Folha de S. Paulo

O estádio da Portuguesa foi interditado por tempo indeterminado pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva). O Canindé vai ficar fechado até que seja julgado o caso da invasão do vestiário da equipe por dois conselheiros e dois seguranças armados, terça-feira.

A decisão, tomada pelo vice-presidente do STJD, Virgilio Val, foi mal recebida pelo time paulista. O clube alega não ter sido avisado da interdição. E argumenta ser impossível cumprir a ordem porque já começou a vender ingressos para o jogo contra o Figueirense, pela Série B, marcado para terça.

"A Portuguesa não vai jogar em outro estádio que não seja o Canindé", afirmou o vice de futebol Luís Iaúca. "Já pagamos R$ 2.400 pelo policiamento e vendemos 700 ingressos."

Iaúca se revoltou contra a decisão do STJD. "Não houve nada no campo, foi só um conselheiro que gritou no vestiário. Como é que podem fechar um estádio por causa disso?"

Na noite de terça-feira, a Lusa perdeu por 2 a 1 para o Vila Nova. Após o jogo, os conselheiros Antônio José Vaz Pinto, 46, e Vitor Manuel Macedo Diniz, 25, invadiram o vestiário do time. Acompanhados de dois seguranças armados, gritaram com os jogadores.

O técnico René Simões se demitiu por medo de seguir no cargo, e o meia Edno disse que não quer mais jogar pelo clube. "Tive medo de tomar um tiro na cara", contou o jogador.

"Nós vamos punir os conselheiros na reunião de segunda-feira", disse Iaúca, hoje. "A Portuguesa não procurou outro estádio nem vai procurar."

De acordo com a decisão, o clube tem que mandar seus jogos fora da cidade de São Paulo.

Segundo Caio Medauar, procurador do STJD, o fato de a Portuguesa já ter vendido ingressos para o jogo de terça-feira não impede a interdição.

"Se fosse uma perda de mando de campo, o normal seria esperar esse jogo de terça-feira e depois aplicar a pena", disse. "Mas, como se trata de garantir a segurança de torcedores e jogadores, não se pode esperar."

Ainda segundo o procurador, o clube deve informar seus torcedores sobre a mudança do local da partida e oferecer troca ou até devolução de ingressos.

Na semana que vem, o procurador-geral do STJD, Paulo Schmitt, vai oferecer denúncia contra conselheiros, dirigentes e o clube. A Portuguesa poderá perder o mando de campo por até dez partidas e ser multada em até R$ 400 mil.

O episódio desta semana não foi o primeiro no estádio. Há duas semanas, dirigentes e jogadores do Vasco foram agredidos por torcedores no caminho entre as tribunas e o vestiário do time visitante. O caso será julgado na próxima semana.

O episódio chamou a atenção até do ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., que considerou o incidente "inaceitável" e pediu punição aos responsáveis.
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