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Enfermeira cita falta de consciência das pessoas e pede que população fique em casa

Da Redação - Fabiana Mendes

Todos os dias, a enfermeira Gheysa Galvão Silveira deixa seus dois filhos, de 6 e 2 anos de idade com a sogra, que é do grupo de risco da Covid-19, e vai para a Unidade de Saúde da Família (USF) do bairro Jardim Independência para trabalhar. O clínico geral da unidade está afastado das atividades porque também faz parte do grupo de risco da doença, e com isso, é Gheysa quem tem atendido aos pacientes.

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“Todo dia é uma luta e um desafio. Mas a gente escolheu essa profissão por amor e, agora, tem que encarar pelo amor e pela dor. Estamos todos os dias enfrentando. Nosso intuito é a prevenção, para não chegar à atenção secundária. A gente tenta fazer a nossa parte, que é a prevenção, tratando diretamente aqui no centro de saúde para não estar indo pacientes procurar diretamente as policlínicas”, afirma Gheysa.

A profissional costuma fazer a verificação dos sinais vitais e sintomas das pessoas e fazendo a classificação de risco, entre casos leves e moderados, definindo os que precisam de encaminhamento para uma policlínica ou não, seja por Covid-19 ou outras enfermidades.

Segundo ela, mais do que fazer os trabalhos de rotina na unidade de saúde, ela e os demais servidores têm aumentado sua dedicação às pessoas da comunidade, na prevenção e na orientação.

Gheysa explica que muitos colegas estão afastados por serem do grupo de risco, mas continuam trabalhando de casa, a exemplo dos agentes comunitários de saúde, que disponibilizaram seu contato pessoal para se comunicar com a população.

 “Antes a gente fazia palestras aqui na unidade, fazia as visitas de casa em casa, agora estamos fazendo atendimento pelo WhatsApp, até mesmo aos finais de semana”, relata a enfermeira.

Cuidadosa, ela tem uma rotina de higiene pessoal rigorosa. Quando chega em casa, a servidora pública conta que faz limpeza das roupas e sapatos, o que leva cerca de 1 hora. Ela coloca a roupa para lavar, deixa o calçado de molho na água sanitária, lava o cabelo, toma um banho demorado.

Somente depois de todo esse ritual é que ela vai abraçar os filhos, que antes eram acostumados a correr ao encontro da mãe logo que ela chegava em casa. O mais velho, de 6 anos, já entende um pouco a situação. O menorzinho, de 2 anos, ainda fica confuso por ter que esperar tanto para pular no colo da mãe.

O que incomoda Gheysa não são os cuidados redobrados que precisa ter diante desta pandemia de Covid-19. Ela conta que o que mais a entristece é ver parentes, conhecidos e pessoas em geral que ainda não se conscientizaram da gravidade do momento e da necessidade de que cada um faça a sua parte para evitar o contágio pelo coronavírus.

“As pessoas deveriam ter mais consciência da situação que temos vivido. Muitos acham que é apenas um vírus normal, acham que quarentena é férias, vão para a casa dos outros, fazem festa, ainda tiram foto e mandam nos grupos. As pessoas não estão se prevenindo e, por causa disso, acho que ainda vai demorar para essa pandemia passar”, opina.

Para essas pessoas e para todos os cidadãos cuiabanos, a enfermeira Gheysa, que tem 12 anos de experiência, deixa um recado: “Se cuidem. Quem puder, fique em casa porque não é um vírus normal, como a gente sempre viu, como a gripe e o resfriado, como dizem. É para ter todo o cuidado, todo o isolamento. Principalmente os profissionais da ponta serem valorizados porque é neste momento que a gente precisa de união e valorização”.
 
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