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Em visita a Taiwan, dalai-lama elogia democracia da ilha

AFP

O dalai-lama, líder espiritual dos tibetanos, visitou nesta segunda-feira as zonas atingidas pelo tufão Morakot, ao sul de Taiwan, onde elogiou a democracia taiwanesa em uma visita que gerou atrito com Pequim.

"Vocês apreciam a democracia, vocês devem preservá-la. Eu disse a meus amigos, pouco importa o partido [ao qual vocês pertencem]. Eu mesmo me dedico totalmente à promoção da democracia", declarou.

O dalai-lama visitou Hsiaolin, um vilarejo do sul da ilha onde pelo menos 424 pessoas morreram durante a passagem do tufão Morakot que varreu a ilha no início de agosto e deixou no total 571 mortos.

Ao chegar neste domingo à noite em Taiwan, o líder espiritual tibetano repetiu que sua viagem de cinco dias tinha apenas um objetivo humanitário.

"Eu sou um monge. Pediram para eu rezar pela paz. Não se trata de política. É uma questão humanitária", declarou.

A terceira visita do líder religioso a Taiwan deve terminar na próxima sexta-feira (4).

Um encontro que deveria acontecer nesta segunda-feira em Kaohsiung, no sul da ilha, foi anulado, depois que um líder do Kuomintang, o partido no poder, destacou que algumas questões poderiam incomodar a China.

O presidente Ma Ying-jeou, que encontrou o chefe espiritual tibetano em suas visitas anteriores, não programou uma recepção, indicou seu porta-voz.

O dalai-lama foi convidado Taiwan pelo partido da oposição democrática progressista (DPP) de Taiwan, separatista.

Críticas

Pouco depois de sua chegada, o governo chinês advertiu que a visita teria necessariamente uma influência negativa sobre as relações entre a China continental e Taiwan.

Um porta-voz do Escritório dos Assuntos Taiwaneses do Conselho de Estado (governo), citado pela agência de notícias Nova China, acusou o Partido Democrático Progressista de Taiwan de ter tido "segundas intenções" ao convidar o líder espiritual dos tibetanos.

Antes mesmo da chegada do dalai-lama à ilha, que a China considera uma de suas Províncias, Pequim manifestou sua oposição a esta visita.

"O dalai-lama não é apenas uma figura religiosa. Sob o pretexto da religião, ele não deixou de se envolver em atividades separatistas", declarou um porta-voz do Escritório de Assuntos Taiwaneses.

Quase 30 opositores manifestaram nesta segunda-feira em frente a seu hotel. "O dalai-lama está aqui apenas para um show político", declarou o líder dos manifestantes, que não pertencem à etnia majoritária dos han da ilha.

Taiwan é separada de fato da China comunista há 60 anos.

As relações esquentaram, no entanto, desde a chegada ao poder em 2008 do presidente Ma Ying-jeou, membro do Kuomintang (KMT), partido nacionalista, que se comprometeu a estreitar com Pequim as relações abaladas pelo pró-independentista anterior.
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