Imprimir

Notícias / Cidades

Em depoimento, adolescente afirma que “pode ter apertado gatilho” de arma que matou amiga

Da Redação - Fabiana Mendes

A adolescente de 14 anos suspeita de efetuar o disparo acidental que matou a amiga Isabele Guimarães Ramos, da mesma idade, no último domingo (12), no condomínio Alphaville, em Cuiabá, relatou em depoimento que “pode ter apertado o gatilho”. Ao delegado Olímpio da Cunha Fernandes Junior, da Delegacia de Homicídio e Proteção a Pessoa (DHPP), ela disse que tem intenção de esclarecer o caso e asseverou que o tiro foi acidental.

Leia mais:
Advogado nega que adolescente tenha experiência com armas e diz que cena não foi alterada

O depoimento começou às 15h11. Acompanhada da mãe e do pai, o empresário Marcelo Cestari, atirador esportivo, a adolescente relatou que praticava o esporte há cerca de três meses. Neste período, já participou de duas competições, sendo em uma delas a vencedora.

Ela também relatou que seu pai é atirador esportivo há um ano, mas não soube afirmar se ele fez algum curso. Contudo, acrescentou que o pai adquiriu armas de fogos e todos da casa começaram a praticar o esporte. Sobre as armas, ela disse que ficavam guardadas em um cofre destinado a valores e documentos. Todas teriam case individual.

Dia da tragédia

No dia do episódio, por volta das 13 horas, toda família estava em casa, quando o namorado de 16 anos da adolescente teria chegado. Com um case e duas armas, sem comunicação prévia, ele teria mostrado o objeto para os familiares da namorada.

O rapaz afirmou que gostava muito das armas e que havia conquistado dois campeonatos com elas. Em seguida, teria dado uma pistola Imbel, calibre 380, para a adolescente. No depoimento, ela afirmou não saber se as armas do namorado estavam carregadas naquele momento, nem se os objetos foram guardados.

Passado algum tempo, a família teria preparado um jantar. Todos comeram e depois o garoto teria pedido ao pai da namorada para guarda-las, pois tinha medo de ser pego em uma blitz com as armas. Marcelo teria concordado e o genro foi embora. Mais tarde, Marcelo teria pedido para alguém guardar as armas e a adolescente se prontificou a isso.

“Neste momento, a declarante observou que Isabele tinha acabado de subir a escada, indo em direção ao seu quarto”, diz trecho do depoimento. A adolescente então pegou o case e foi até Isabele saber o que ela queria na direção de seu quarto. No local, chamou por Isabele, mas não teve resposta e constatou que ela estaria no banheiro.

Depois a adolescente relata que entrou no closet, onde está o banheiro e chamou novamente pela amiga, que não teria respondido. Diante disso, resolveu bater na porta, mas ao soltar uma das mãos, o case caiu no chão e abriu. As duas armas ficaram expostas e ao abaixar, a adolescente teria pego uma delas com a mão direita e equilibrando a outra com a mão esquerda, em cima do case que estava aberta.

Em decorrência disso, teria sentido um desiquilíbrio. Ao segurar o case que continha uma arma em uma mão, e a outra na mão direita, teria tido um reflexo de colocar uma sobre a outra para ter estabilidade. “Que neste momento houve o disparo. Que no susto, a declarante fechou os olhos e começou a gritar o nome da amiga”, acrescenta. A adolescente teria presumido que algo teria acontecido com Isabela.

Questionada se minutos antes a porta teria sido aberta por Isabela, ela afirmou não ter certeza e que só prestou atenção nas armas e no fato de ambas terem caído no chão. Na ocasião, relatou ter ficado com medo de olhar para o banheiro.

Logo depois, por conta dos gritos, seu irmão teria aparecido e visto que ela estaria com o case em mãos. Pediu para que ela fosse guardar, e entrou no banheiro. O irmão teria gritado por socorro enquanto a adolescente “enfiou” o case no armário.

Na sequência, teria retornado ao closet e visto os pés da amiga caída no banheiro, mas não teve coragem de entrar e se deparar com a cena inteira. A adolescente também teria ido até o quarto da mãe, onde chorou. Ela também relatou o desespero da mãe de Isabele e que eles buscaram ajuda de um médico que mora no condomínio.

A amizade 

Com relação a Isabele, a adolescente disse que ela frequentava sua casa quase todos os dias, principalmente porque residiam no mesmo condomínio. Ela também afirmou ir a casa da vítima. 

Questionada sobre o gatilho da arma quando pegou do chão, a adolescente afirmou não se recordar, mas acredita que possa ter apertado. Acrescentou que o disparo foi acidental e que não poderia tirar a vida da melhor amiga.

Ela também considerou o episódio um “trágico acidente”. A adolescente disse também que não houve consumo de bebida alcoólica ou qualquer desentendimento. O depoimento foi encerrado às 17h20
Imprimir