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Ela não tinha conflitos com ninguém e sonhava em ser médica como o pai, diz primo de Isabele

Da Redação - Max Aguiar

Um dos primos da adolescente Isabele Guimarães Ramos, 14 anos, que foi morta dentro de uma casa no condomínio Alphaville, em Cuiabá, no dia 12 de julho, concedeu entrevista ao Olhar Direto na manhã desta quinta-feira (6).

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Visivelmente abalado e muito emocionado, o estudante identificado como Erick, que preferiu não mostrar o rosto, diz que Isabele tinha o sonho de seguir a carreira médica. Ele ainda lembrou almoçou com ela e mais amigos um dia antes da tragédia. Na visão dele, o evento teria sido uma verdadeira despedida, pois ela estava muito alegre, sorridente e carinhosa.
 
"Ela fez uma mesa cheia de velas. E estava muito alegre aquele dia. Ela era assim todos os dias, mas naquele momento era diferente. Ela até pediu para eu ficar um pouco mais, porém eu tive que sair com minha tia. Talvez se eu ficasse, poderia ter tido mais tempo com ela. Mas sou grato por tudo que vivi com ela", contou. 

Segundo Erick, Isabele, ou 'Bel', como era chamada pelos amigos, era uma menina super extrovertida e cheia de sonhos. O primeiro dela é seguir os caminhos do pai, que era médico e morreu em um acidente com moto na Estrada da Chapada. 

"Nesse almoço ela contou nada demais. Não tinha conflito com ninguém. Ela falou da vida pessoal. Ela falou de sonhos, de seguir carreira médica como o pai dela e também de possivelmente ser uma designer de modas em Paris. Sempre sonhou alto. Nunca foi vazia de sonhos. Vai ser muito triste um futuro sem ela entre nós".



O dia da morte de Isabele

Um dia após o almoço, o estudante recebeu a notícia que dificilmente irá se esquecer. O momento de desespero também foi relatado por Erick, que mesmo não morando no mesmo condomínio de Isabele, foi avisado pela mãe e percebeu que todos na casa já estavam em total estado de choque. Erick chegou a pensar que sua prima talvez tivesse apenas se ferido. 

"Eu estava no meu quarto. Fui avisado por minha mãe, totalmente desesperada. Eu ouvi gritos e o povo falando arma de fogo, acidente. Eu fiquei confuso na hora. Minha mãe me explicou a situação dizendo que Isabele foi ferida com arma de fogo. Eu queria só pensar o melhor. Pensar que ela foi apenas ferida. Mas depois percebemos que ela tinha morrido.  E nós nem nos despedimos dela", disse.

"A única gratidão desse caso é que eu pude contar e estar com ela tão recentemente, né? Fazendo um almoço. Ela fez torta, ela fez comida. Ela queria muito seguir fazendo esse hábito de agradar os outros, e fazendo eventos para reunir os familiares", comentou o primo. 

"Depois de receber a denúncia fomos ao condomínio Alphaville. Foi uma comoção geral por lá. Vários membros de nossa família estavam lá. Tinha ambulância, polícia e IML. Quando eu vi todos os carros, eu vi que de fato ela tinha morrido. Eu não queria aceitar, mas quando vi aquilo tudo, não teve jeito", lembrou. 

Segundo Erick, o fato atraiu muitos curiosos. "Tinha muita gente querendo saber o que tinha acontecido. Era muita gente mesmo. O corpo da Isabele estava lá na casa ainda quando eu cheguei. Eu apenas vi o corpo dela sendo levado pelo carro do IML. Uma cena que jamais vou esquecer", relatou. 

Irmão e amigas da Isabele

Erick ainda relatou como está sendo passar os dias com o irmão mais novo de Isabele, que em menos de dois anos perdeu pai e irmã. Os dois casos de forma trágica. Para o primo, o agora único filho de Patrícia Guimarães é uma das pessoas mais fortes do mundo quando o assunto é emocional. 

"Ele é uma das pessoas mais fortes que eu já vi. Apesar de ter 12 anos, não se mostra abalado. Eu não sei o interno dele, mas ele sempre se mostra por fora muito bem. Eu não sei se ele aceitou, mas sei que guarda memórias boas". 

Quanto às amigas, o primo relata que Isabele era muito popular. "Ela era muito popular, muito querida. Infelizmente, perdemos ela. Eu não converso com as amigas, mas sei que era verdadeiras, porque a minha prima era verdadeira, espontânea. Feliz. Adolescentes sempre tem conflitos, mas acho que as amizades eram verdadeiras". 

Por último, Erick ainda revelou que se pudesse falar com a prima apenas agradeceria pelos momentos vividos ao lado dela e que não saberia responder sobre um possível pedido de desculpas da autora do crime.
 
"Eu, se pudesse estar com Isabele, diria que ela foi uma ótima prima e que eu agradeço muito por ter passado momentos bons com ela. Sobre um pedido de desculpas? Eu não sei responder. Não estou pronto para isso ainda", concluiu. 

Isabele foi morta por um tiro, até então disparado acidentalmente, dentro do Alphaville, no dia 12 de julho. A autora do disparo seria sua melhor amiga, uma adolescente de também 14 anos. A bala acertou o seu nariz e entrou pela cabeça em linha reta. A Delegacia Especializada do Adolescente investiga o caso. 
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