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Chinesa afirma já ter passado por 60 ou mais cirurgias estéticas

EFE

A cirurgiã estética mais famosa de Pequim, Shi Sanba, se transformou em uma espécie de garota propaganda de sua própria clínica de beleza e afirmou, em entrevista à Agência Efe, que já passou por "60 ou mais" intervenções.

"Perdi a conta", destacou Shi, que chega à clínica pisando forte, com casaco, botas de salto e um lenço cobrindo os cabelos, parecendo mais uma estrela de cinema do que uma cirurgiã.

Ela vai mostrando cada uma das quase imperceptíveis cicatrizes que tem no corpo: cinco de operações de nariz, seis nos seios e, nos olhos, ela já perdeu a conta de quantas intervenções fez.

Cada vez que aparece uma novidade em tecnologia ou material, "tiro o que tenho e coloco o novo", admite, sem vergonha.

"Testo com meu corpo para depois poder aconselhar a meus clientes corretamente. Por exemplo, meus olhos antes não eram assim, fiz muitas coisas; a última foi ampliá-los, mas foi um fracasso, porque são compridos demais", explica.

A relação da especialista com a cirurgia começou na infância: "Quando era pequena, me achava muito feia".

Ela conta que tamanha era a admiração que sentia pelas atrizes de cinema que, aos 36 anos, decidiu se submeter a duas operações, uma nos olhos e outra no nariz, que a transformaram "em outra pessoa".

As primeiras operações a deixaram tão diferente que ela resolveu se dedicar à cirurgia estética. "Eram os anos 80 e na China existia poucas clínicas e hospitais de cirurgia plástica. Hoje, apenas em Pequim, há mais de 300 centros de beleza deste tipo", explica.

Shi diz ser a primeira cirurgiã a praticar 12 operações ao mesmo tempo. O paciente entra uma vez na sala de cirurgia e sai com olhos, queixo, nariz, lábios -- assim até 12 intervenções-- transformados.

As vantagens? "Com uma só visita à sala de operações, você se esquece dos meses de espera entre uma operação e outra", afirma.

Quase todas as fotografias do antes e depois das operações que a cirurgiã expõe por toda a clínica não mostram pequenas modificações nos rostos, e sim uma mudança radical.

A tecnologia e os materiais são importados de França, Estados Unidos e Coreia do Sul. As 12 intervenções cirúrgicas simultâneas custam 15 mil euros.

Shi, que pinta as unhas --uma obsessão para a mulher chinesa-- de esmalte vermelho e branco, gesticula para explicar a história de Yang Iuane, uma jovem modelo e uma de suas mais polêmicas clientes.

Em 2004, Yang foi expulsa de um concurso de beleza ao vir à tona que seus atrativos eram "artificiais".

A história provocou toda uma série de debates na imprensa sobre "o novo estilo de beleza". A solução foi criar um concurso dedicado à "Miss Beleza Artificial", no primeiro dos quais se inscreveram "20 belezas 'criadas pelo homem'", anunciou o jornal "China Daily".

"Os desfiles de beleza são considerados uma mostra da decadência ocidental, mas se transformaram em um grande negócio na China", diz a publicação.

Segundo a especialista, quando começou com o negócio da cirurgia, nos anos 80, "a sociedade atacava as pessoas que queriam ser belas".

Em 2007, o braço censor do país ainda tomava medidas contra esta prática: a Administração Estadual de Rádio, Cinema e Televisão, em uma campanha para eliminar "o mau gosto e a ordinarice", proibia a transmissão de operações de cirurgia plástica ou de mudança de sexo.

E, neste cenário onde a cirurgia estética é considerada "de mau gosto", mas, ao mesmo tempo, de grandes benefícios econômicos, os hospitais públicos não perderam a oportunidade de entrar no negócio e, desde os anos 90, contam com alas especializadas que garantem grandes receitas.
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