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Moradores reclamam de fumaça e odor de fábrica de bebidas e relatam mal-estar em Cuiabá; fotos

Da Redação - Fabiana Mendes

Moradores de um condomínio aos fundos da Companhia de Bebidas das Américas (Ambev), no bairro Antártica, em Cuiabá, reclamam da fumaça que a fábrica estaria soltando há alguns dias, o que além de causar mal-estar, estaria deixando um forte odor na região. Atualmente, existe um procedimento na 17ª Promotoria de Justiça de Mato Grosso que aguarda perícia realizada a pedido do Ministério Público para saber se a empresa cumpre as medidas estabelecidas em um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).

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O acordo foi firmado em 2016 estabelecendo o prazo de 180 dias para que a empresa apresentasse relatório com as medidas implementadas para minimização dos odores oriundos da estação de tratamento de efluente líquido e das operações do silo de armazenamento do bagaço.

De acordo com o TAC, a empresa deveria utilizar precipitador eletrostático ou outro sistema que atenda aos parâmetros legais existentes para emissões atmosféricas, na captura de material particulado, objetivando minimizar as emissões decorrentes da queima de biomassa para geração de vapor.

Moradora há 19 anos do Condomínio Antártica, Alessandra Monteiro Cardoso, 42 anos, conta que o cheiro ruim apareceu há 12 anos, mas na época foi solucionado. No entanto, ele retornou recentemente acompanhado da fuligem.

“Você percebe que quando vai lavar o quintal, tem um pó preto do tipo borracha queimada. Esse pó gruda no chão e aparece na água. Ultimamente o cheiro está muito forte que dá até dor no meu estômago. Durante esses 12 anos vem um cheiro de cevada, enjoativo, que faz a sente sentir ânsia”, relata Alessandra, que faz tratamento nos rins, estômago e pulmão.



Moradora do mesmo condomínio, Jeanne Raquel de Oliveira conta que na segunda-feira (19), sentiu um cheiro ruim semelhante ao de gás. Ela verificou a casa onde mora e viu que não tinha nenhum problema. No caminho para levar o marido para fazer hemodiálise, ela viu a forte fumaça saindo da fábrica.



Às 13h46, Jeanne tirou uma foto da chaminé e compartilhou no grupo de WhatsApp do condomínio. Imediatamente, diversos moradores começaram a reclamar. “Nossa! O cheiro da fumaça da fábrica está muito forte. Está parecendo aquele cheiro de gás quando está acabando”, comentou uma moradora. “Está muito forte mesmo”, acrescentou um morador. 



“Passei um guardanapo no chão e percebi que é uma fuligem que não dissolve. Parece uma borra de café. Aqui a gente é prejudicada, não tem ar puro para respirar”, afirma ela, que mostra à reportagem o material que recolheu.



“Isso sempre aparece no condomínio. Quando lavamos o quintal, a gente percebe esse pó. Não é carvão, é tipo borracha queimada, não desmancha”, acrescenta Alessandra.        

Na terça-feira (20), as reclamações continuaram pela madrugada. “Acordei agora com essa notícia. Alessandra disse para mim que ontem ela passou mal com esse cheiro”, enviou uma moradora às 4h. “Ontem fui caminhar e passei mal mesmo usando máscara. Foi difícil até para dormir. Horrível para respirar, nunca vi nada igual”, pontuou outra.

A reportagem do Olhar Direto esteve in loco para averiguar a denúncia nesta quinta-feira (22). Na ocasião, foi possível constatar o forte odor mesmo do interior de um carro com os vidros e portas fechados.

A chaminé também solta fumaça preta de maneira intercalada. Conforme os moradores, ela estaria sendo responsável pela fuligem que chega até as residências do condomínio.

Se recuperando de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), a policial civil aposentada de 65 anos, Terezinha Monteiro relatou com indignação o que vem sofrendo. Para ela, não há dúvidas de que o cheiro ruim é causado pela fumaça da fábrica. “Já são 12 anos de luta. Aqui [no condomínio] tem gente idosas e doentes. Não tem condições de viver dessa maneira”, diz. 

Veja vídeo abaixo:

 

Outro lado 

Procurada pela reportagem, a Ambev asseverou que não há nenhuma emissão de fuligem proveniente da cervejaria. Justificou também que o cuidado com o meio ambiente é uma prioridade da empresa e, nesse contexto, faz o controle rígido das emissões de todas as cervejarias, que são medidas de forma periódica e estão absolutamente regularizadas.
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