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“O Brasil não pode esquecer os heróis enquanto eles estão vivos”, disse irmão de piloto que morreu no RJ

Da Redação - Wesley Santiago

O desembargador do Rio de Janeiro, Rogério de Oliveira Souza, irmão de Renato de Oliveira de Souza, agente especial da Polícia Civil do Distrito Federal e piloto do helicóptero da Força Nacional que caiu no Pantanal mato-grossense, no dia 08 de outubro, havia dito em entrevista no dia da transferência do servidor para o Rio de Janeiro que o Brasil “não pode esquecer os heróis enquanto eles estão vivos”. Bastante emocionado, ele se preparava para voltar para casa com o familiar, que na madrugada de terça-feira (27) teria sofrido um tromboembolismo pulmonar, vindo a óbito logo depois.

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Á época, Rogério lembrou de uma conversa que teve com o ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, quando ele esteve no Hospital Santa Rosa, visitando Renato, junto com o governador Mauro Mendes.
 
“Disse que o Brasil não pode esquecer os heróis enquanto eles estão vivos. O morto, você parabeniza, mas ele morreu. O vivo tem que ser reconhecido. Teve uma segunda chance, terá uma vida pela frente e vai deixar o exemplo. Fiz questão de realçar que o que falta no país é reconhecer as pessoas que não vemos no dia a dia. Quem está debaixo do fogo, rompendo galeria subterrânea, nos hospitais”, disse o desembargador.
 
Ainda com os olhos cheios de lágrima, Rogério continuou: “Só quando conhecemos, é que vemos o valor que eles têm na nossa vida. Peço até desculpas pela emoção”.
 
Na ocasião, o desembargador também citou a destreza do irmão para salvar a vida dos seus companheiros. “Dificilmente em um acidente de helicóptero você vê um sobrevivente. Felizmente o Renato deu os últimos comandos, e, na verdade, um salvou o outro naquela situação. Foi um trabalho em equipe”.
 
“A gente sente quando passa perto... Quando vemos uma pessoa querida em uma situação destas, é complicado. É uma alegria ver que no fim deu tudo certo”, finalizou no dia da transferência, bastante emocionado. Porém, nesta terça-feira, veio a notícia do falecimento do piloto.
 
A principal suspeita é que Renato tenha sofrido um tromboembolismo pulmonar. Em áudios encaminhados a amigos, o irmão dele disse que percorreu diversos hospitais do Rio com a ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), antes de conseguir atendimento médico.
 
O velório de Renato será na quinta-feira (29/10), às 16h, no Cemitério do Caju, Zona Norte do Rio de Janeiro.
 
Transferência e alta
 
Renato de Oliveira de Souza recebeu alta no dia 21 de outubro do Hospital Santa Rosa, onde estava internado, em Cuiabá. Ele foi transferido em uma UTI Aérea para a cidade do Rio de Janeiro, onde continuou seu tratamento em casa, junto com familiares.
 
Sem poder gravar entrevistadas devido a sua função na Força Nacional, Renato disse em conversa informal com pessoas que o acompanhavam que nunca tinha passado por situação parecida e que veio com a missão de ajudar no Pantanal.
 
Ele disse que ainda sentia muitas dores por conta das fraturas que sofreu no acidente. Na queda do helicóptero, ele teve fratura de face e na primeira lombar.
 
O acidente
 
Conforme o Olhar Direto apurou, um pantaneiro presenciou a queda e logo conseguiu buscar ajuda. O helicóptero da Força Nacional chegava ao local para ajudar no combate às chamas e fez o pouso forçado por volta das 15h, num ponto de difícil acesso que fica há pouco mais de 15km do Porto Jofre, local de grande visitação turística no Pantanal.
 
No local, conforme as fotos recebidas pelo Olhar Direto, é possível ver que a aeronave teve partes despedaçadas, a cauda quebrada e chegou a tombar. O motor ficou exposto no solo.
 
"Foi por Deus mesmo. Uma verdadeira ajuda Divina. O helicóptero despedaçou. Tá todo quebrado. Eu nunca vi isso aqui", disse o pantaneiro, conhecido como Nego e que trabalha na região há mais de 20 anos. Ele também ajudava a cuidar da área para evitar que o fogo atingisse a área da fazenda onde ele trabalha. Nego que chamou ajuda assim que percebeu a queda.
 
A queda será investigada pelo Serviços Regionais de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa VI), que é ligado ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).
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