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Comissão adia requerimento para ouvir Dilma e oposição muda estratégia

Folha Online

Sem conseguir aprovar requerimentos de convocação para a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) prestar esclarecimentos sobre o suposto encontro com a ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira, a oposição resolveu mudar de estratégia. Líderes do DEM e do PSDB discutem nos bastidores a possibilidade de aceitar o convite do ministro Jorge Félix (Gabinete de Segurança Institucional) para conhecer como funciona o esquema de segurança do Palácio do Planalto.

A Comissão de Comissão de Finanças e Tributação da Câmara adiou pela segunda vez nesta quarta-feira a votação do requerimento de convocação da ministra. Também não foi analisado o pedido para ouvir a versão de Lina sobre o suposto encontro. Os governistas, que são maioria, conseguiram inverter a pauta colocando o requerimento como o último item. A reunião acabou e as matérias não foram votadas.

A ideia da oposição é constranger o general Félix, questionando as informações prestadas pelo Planalto em relação ao registro de entrada e saída de autoridades do prédio, o que poderia comprovar o suposto encontro, no qual, segundo Lina, Dilma lhe pediu para agilizar as investigações da Receita sobre familiares do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

A oposição tem procurado especialistas no setor de sistema de segurança para elaborar uma espécie de questionário para sabatinar o ministro sobre o assunto.

O líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), disse que o suposto encontro ainda precisa ser esclarecido porque provocou a crise na Receita com a demissão de servidores ligados a Lina. "O governo quer aproveitas as discussões sobre a exploração do pré-sal para desviar o foco do assunto. Agora, essa questão da Receita não pode ficar sem uma explicação. O governo tem muita contradição nessa história", disse.

A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle também não analisou hoje os requerimentos que pediam a convocação do ministro Guido Mantega (Fazenda) e do atual secretário da Receita Federal, Otacílio Cartaxo, sobre o encontro e também da crise no órgão.

Segundo reportagem da Folha publicada ontem, dos 31 servidores que ameaçavam deixar cargos de confiança na semana passada, 17 voltaram atrás. Os demais 14 serão exonerados. Até ontem, Cartaxo havia exonerado outros 18 servidores. A explicação da Receita é que os novos superintendentes regionais conversaram com alguns dos servidores e os convenceram a desistir de entregar as cadeiras que ocupam.

Datas

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), confirmou na semana passada que a ex-secretária da Receita Federal esteve no Planalto no final do ano passado. Jucá mostrou documentos que comprovam o registro de quatro entradas da ex-secretária no Planalto: uma em outubro do ano passado e outras três entre janeiro e maio de 2009.

Jucá revelou as datas com base em anotações feitas por seguranças do Palácio do Planalto nos dias em que Lina esteve no local. "São anotações feitas à mão ou registradas no crachá", disse.

O pronunciamento de Jucá foi resposta a reportagens que mostraram o edital de contratação da empresa responsável pela instalação do sistema de segurança no Palácio do Planalto --que previa a manutenção dos registros de acesso de pessoas e de veículos por no mínimo seis meses, depois transferidos para um back-up.
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