Imprimir

Notícias / Cidades

Trabalhadoras da linha de frente compartilham a rotina: "o amor que eu tenho por ajudar o próximo é maior"

Da Redação - Michael Esquer

A força, o profissionalismo e a dedicação das mulheres que atuam na linha de frente de combate a pandemia do novo coronavírus continuam sendo determinantes em meio à emergência sanitária que acometeu o país todo. Um exemplo disso, Mato Grosso que tem a administração de seis dos oito Hospitais Regionais, geridos diretamente pelo Estado, comandado por mulheres.

Leia também:
Policial penal conta os desafios da profissão: "Se a gente não se impor, não consegue ter voz"

De acordo com informações da assessoria, levando em conta todas as unidades ligadas à Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT), onde há um total de 341 cargos de liderança, 217 destes são ocupados por trabalhadoras da saúde. Quanto aos Escritórios Regionais de Saúde mantidos pelo Estado, que contabilizam 16, 13 deles são dirigidos por servidoras do sexo feminino.

Nesse cenário, onde a presença feminina predomina nos hospitais de referência para o tratamento da Covid-19, atravessam não apenas profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS), mas também histórias de vida ímpares como a da técnica de enfermagem Luiza Batista de Almeida, a primeira trabalhadora da saúde a receber a vacina contra a Covid-19 em Mato Grosso. 


Luiza Batista de Almeida, a primeira trabalhadora da saúde a receber a vacina contra a Covid-19 em Mato Grosso. (Foto: Assessoria)

Atuando na ala intensiva do Hospital Metropolitano, em Várzea Grande (região metropolitana de Cuiabá), que é totalmente destinado ao tratamento de pacientes com coronavírus, Luiza expressa o alívio por ter sido imunizada e destaca o empenho e o esforço dedicados ao combate à Covid-19. 

“No começo foi desesperador. Como não conhecíamos muito sobre a doença, eu precisei me afastar dos meus filhos e tive que morar sozinha. Eu não podia abandonar [o hospital], seria menos um soldado. Se eu escolhi essa profissão, eu tinha que ir até o fim. Essa foi a maneira de estar mais próxima da vontade de Deus, cuidando e amando aquela pessoa que você nem conhece. Nós fazemos o papel de acolher e amar os pacientes, mostrar para eles que não estão sozinhos”, declara.

Outra história que também transita pelos corredores do Hospital Metropolitano é a da médica intensivista Karla Lorena dos Santos. Com 76 pacientes internados, a unidade hospitalar registra 95% de ocupação dos leitos de UTI. O hospital mantém 80 leitos de Terapia Intensiva e 178 leitos de enfermaria. 

“Eu costumo dizer que, quando a gente faz medicina, a gente faz para salvar vidas e para cuidar do próximo, mas eu nunca imaginei que a minha profissão faria tanta diferença em um momento tão ímpar. Me sinto privilegiada por poder cuidar de pessoas neste momento tão delicado”, comenta


Karla Lorena dos Santos, médica intensivista do Hospital Metropolitano. (Foto: Assessoria)

Para Karla, o momento que a profissional atravessa tem sido uma oportunidade para ponderar a empatia na rotina hospitalar e médica. “Eu sou muito visceral, me apego aos pacientes e acho que isso é empatia. Empatia não é você sentir a dor do outro, empatia é você ver a necessidade do outro e poder proporcionar um bom dia, um sorriso, uma palavra de consolo, um apoio aos familiares ou uma chamada de vídeo. É explicar, no momento de uma intubação, o porquê do paciente passar por isso. É entender que o paciente não é mais um leito, ele é o amor da vida de alguém.”

A fisioterapeuta Viviane Basso, que é servidora do Hospital Metropolitano desde 2014, também atua na linha de frente do combate à Covid-19 em Mato Grosso e destaca os grandes aprendizados da pandemia. 

“No grupo da fisioterapia do hospital, somos 80% mulheres. No começo, nós ficamos em pânico, mas conforme foi passando os meses e nós fomos capacitados – o Governo capacitou muita gente –, nós fomos tendo mais confiança. A pandemia foi um incentivo para os profissionais da saúde se capacitarem mais, a conhecerem mais a parte da fisioterapia respiratória em ambulatórios e enfermarias.”


Viviane Basso, fisioterapeuta e servidora do Hospital Metropolitano desde 2014. (Foto: Assessoria)

Os sacrifícios pessoais, que ainda são necessários, são uns dos fatores apontados pela servidora na rotina que leva na unidade hospitalar . “Na minha vida pessoal, o que afetou foi a questão de não podermos estar junto dos nossos familiares desde fevereiro do ano passado. A gente tem saudade, temos vontade de abraçar e, durante todo esse tempo, estamos restritos. Não tem sido fácil, mas estamos na luta contra a Covid-19 com muito amor e carinho.”

No Hospital Estadual Santa Casa, a enfermeira Gabriela Santos Benigno narra o mesmo desafio: o peso da responsabilidade de atuar na linha de frente do combate ao vírus. “Não é fácil, mas o amor que eu tenho pela minha profissão e por ajudar o próximo é maior; é isso que me dá gás. O desgaste físico e mental é muito grande, mas em momento algum perdemos a esperança. Continuamos trabalhando e lutando para fazer o diferencial em cada vida que passa por nós. Trato com amor e cuido com amor, para que aquela pessoa consiga vencer.”


Gabriela Santos Benigno, enfermeira no Hospital Estadual Santa Casa. (Foto: Assessoria)

Desafios que também são descritos pela fisioterapeuta e diretora do Hospital Estadual Santa Casa, Patrícia Neves, e acrescentados as renúncias que se fizeram necessárias, até mesmo por amor à profissão.

“Estar na linha de frente é gratificante, sobretudo por saber que a minha formação está em ascensão e é totalmente valorizada. Já enquanto mulher, esposa e mãe, eu acho que me superei. Você ficar longe do seu filho e praticar esse amor, sabendo que você precisa poupá-lo. Estou há um ano na linha de frente, não tínhamos vacina, então tivemos que fazer a opção por estar longe dele. Hoje ele fica com meus pais e eu tenho certeza que é o melhor lugar do mundo para ele estar neste momento. Me sinto mais tranquila para desenvolver as minhas atividades no hospital”, concluiu.


Fisioterapeuta e diretora do Hospital Estadual Santa Casa, Patrícia Neves. (Foto: Assessoria)

(Com assessoria)
Imprimir