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Sem conseguir chegar a plantações, indígenas precisam de doação de alimentos: “Uma tragédia”

Da Redação - Isabela Mercuri

Indígenas das aldeias São Paulo e São Felipe, da reserva Parabubure (Xavante), e da aldeia Pyulaga (Waurá), do Xingu, precisam de doação de alimentos para conseguir sobreviver. Impossibilitados de sair da aldeia para vender os artesanatos e para comprar gasolina para chegar até as plantações, por causa da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), eles pediram ajuda ao Instituto Ecossistemas e Populações Tradicionais (Ecoss) e ao Museu de História Natural de Mato Grosso, que criaram uma “vaquinha virtual” e um ponto de arrecadação de alimentos.

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Segundo Amercio Öwedewawe, da aldeia São Paulo, o que está acontecendo nas aldeias é uma tragédia. Ele afirma que não estão recebendo ajuda e que precisam de alimentação, pois as crianças estão desnutridas. Os principais produtos necessários são:

Arroz
Feijão
Polvilho Doce
Leite em pó
Sabão em barra
Sabonete

Quem quiser contribuir pode acessar a vaquinha. Além da vaquinha, o Museu de História Natural de Mato Grosso se disponibiliza para receber a doação de alimentos não perecíveis, que poderão ser entregues na Av. Manoel José de Arruda, 2000, em Cuiabá.

Situação delicada

De acordo com o Instituto Ecoss, em vídeo da família do cacique Yapatsiyamã, com lideranças femininas e masculinas da Aldeia Pyulaga, eles solicitavam que enviem polvilho, cesta básica e itens de higiene, pois há muitos indígenas passando necessidade. A situação se agravou com o avanço da Covid-19 e o medo dos indígenas de saírem para as cidades para venderem seus artesanatos e para comprarem gasolina e diesel para conseguirem ir até onde estão suas plantações de mandioca e outros alimentos, que estão a mais de 12km de distância, devido a aldeia já estar há muitos tempo na região e as áreas próximas não serem mais férteis. Como as plantações ficam longe, quando os índios conseguem chegar até elas, os porcos do mato já destruíram o que estava plantado, deixando a aldeia sem o seu principal alimento: o polvilho, feito da mandioca.  

O Instituto Ecossistemas e Populações Tradicionais (Ecoss) e o Museu de História Natural de Mato Grosso possuem uma grande relação de amizade e parceria com os povos indígenas, tendo realizado nos últimos dez anos nove Encontros Indígenas, um evento anual do Museu que tem visibilidade nacional e reúne diversas etnias indígenas de Mato Grosso.

Por conta dessa parceria, os líderes das aldeias entraram em contato com o Instituto Ecoss para informar a difícil situação em que se encontram devido à falta de alimentos causada pela crise sanitária da COVID-19. As mensagens recebidas pelo instituto clamaram por ajuda para conseguir alimentação para as mais de 100 famílias que moram nessas três aldeias.

A Funai se manifestou em nota acerca do desabastecimento:

"A Fundação Nacional do Índio (Funai) informa que tem prestado, no âmbito de suas competências, todo o apoio aos indígenas do estado do Mato Grosso (MT) no enfrentamento da covid-19.

Desde o início da pandemia, a Funai já entregou mais de 32 mil cestas básicas a comunidades indígenas do estado e cerca de 2 mil kits de higiene e limpeza. A medida garante a segurança alimentar desses povos, além de contribuir para que eles evitem deslocamentos, minimizando, assim, o risco de contágio.

Por fim, a Funai esclarece que as autorizações para ingresso em Terras Indígenas estão suspensas desde o dia 17 de março de 2020, com exceção dos serviços essenciais, conforme a Portaria nº 419/PRES 2020".
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