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Alvo de operação, policial sequestrou criminoso e exigiu R$ 100 mil; outros foram investigados por extorsão

Da Redação - Wesley Santiago

Dois alvos da ‘Operação Renegados’, deflagrada nesta terça-feira (04), com objetivo de desarticular uma organização composta, dentre outros membros, por policiais civis e militares além de informantes utilizados pelo grupo criminoso, já teriam sido investigados por delitos semelhantes. Um deles é acusado de sequestrar um bandido e exigir R$ 100 mil pela sua liberação. Outro foi alvo de inquérito por extorsão, mas acabou absolvido posteriormente.

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Veja a lista de policiais civis, militares e outros presos em operação do Gaeco e Corregedoria da PJC
 
Rogério Costa Ribeiro (policial civil) e outras duas pessoas teriam sequestrado o criminoso Odair Coelho Vaz, no dia 18 de junho de 2014 e exigido uma compensação financeira aos demais membros da organização criminosa para liberá-lo. No dia do fato, o trio se deslocou até o Shopping Popular de Cuiabá, quando percebeu que a vítima estava chegando.
 
Os policiais então apontaram uma arma e exigiram a entrada de Odair na viatura. Eles começaram a andar com o criminoso no Centro de Cuiabá informando que tinham conhecimento dos crimes de estelionato e uso de identidade falsa que havia sido praticado por Odair Coelho. Por isso, exigiram o pagamento de R$ 100 mil.
 
Odair então entrou em contato com João dos Santos Filho, vulgo “Tom”, e informou a exigência dos policiais para liberá-lo. Caso contrário, seria preso. João então ofereceu inicialmente R$ 30 mil, o que não foi aceito.
 
Após Rogério manter Odair como refém por horas, resolveu aceitar os R$ 30 mil e ordenou o depósito do dinheiro na conta da empresa “Da Costa & Cia”, de propriedade de Augusto Amorin. O Gaeco entende que houve crime de lavagem de dinheiro, pois o depósito foi uma simulação para aparentar legalidade ao dinheiro obtido após a extorsão mediante sequestro.
 
“Os denunciados Rogério Costa Ribeiro e Augusto Ribeiro Amorin ocultaram e dissimularam a origem e propriedade do valor de R$ 30.000,00 adquiridos com proventos da prática de infração penal. Após sequestrar a vítima Odair Coelho Vaz, os denunciados Rogério Costa Ribeiro e Augusto Ribeiro Amorin, ocultaram a origem ilícita, tendo em vista Rogério determinou que o valor pago para a liberação da vítima Odair Coelho Vaz, fosse depositado na conta corrente da pessoa jurídica", diz a denúncia.
 
A denúncia foi encaminhada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) à Justiça em 2016 e é referente a ‘Operação Mercatore’, que revelou uma organização criminosa composta por 17 pessoas (incluindo policiais) que movimentou até R$ 1,7 milhão com a comercialização de produtos roubados.
 
Ex-policial acusado de extorsão
 
Evanir Silva Costa, ex-policial civil e também alvo da ‘Operação Renegados’, nesta terça-feira, já foi acusado anteriormente de extorsão, junto com Hairton Borges Júnior, o ‘Borjão’, que foi exonerado da instituição pelo mesmo crime.
 
Uma vítima registrou uma denúncia de que seis policiais civis entraram em sua casa e exigiram R$ 30 mil para que ele não fosse conduzido, após um montante de drogas ser encontrado na residência.
 
Após negociação, o valor caiu para R$ 20 mil. A Corregedoria da Polícia Civil recebeu denúncia sobre o fato e flagrou Hairton e Evanir dentro de um carro. Com eles, foram encontradas duas armas de fogo.
 
O celular da vítima também estava com Evanir. Ambos foram detidos em flagrante.
 
Como já noticiado mais cedo pelo Olhar Direto, foi apurado que a ‘Operação Renegados’ seria fruto de uma delação premiada firmado por Hairton junto à Justiça.
 
Absolvido
 
Paulo da Silva Brito, também policial civil, é outro preso nesta terça-feira durante a ‘Operação Renegados’. Ele chegou a ser indiciado, em processo junto com Hairton, em outro episódio de extorsão, que teria sido realizado com um veículo da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para receber R$ 3 mil de uma vítima.
 
Na ocasião, foram encontrados 14,5 quilos de maconha com eles. Eles foram denunciados pelos crimes de concussão (extorsão praticada por agente público) e tráfico de entorpecente. Porém, Paulo Brito acabou absolvido pelo juiz Marcos Faleiros da Silva, então na 9ª Vara Criminal de Cuiabá.

Presos

Olhar Direto conseguiu apurar, em primeira mão, o nome de todos os alvos da operação deflagrada em conjunto pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e a Corregedoria Geral da Polícia Civil. A maioria dos acusados são policiais civis da ativa. Também foi confirmado que não há nenhum delegado envolvido no esquema até o momento.

Confira abaixo os alvos da operação desta terça-feira:
  1. Dhiego de Matos Ribas (policial civil e chefe de operação)
  2. Edilson Antônio da Silva (policial civil)
  3. Natalia Regina Assis da Silva (namorada de Edilson)
  4. Alan Cantuário Rodrigues (policial civil
  5. Júlio César de Proença (policial civil)
  6. Paulo da Silva Brito (policial civil)
  7. Rogério da Costa Ribeiro (policial civil)
  8. André Luis Haack Kley (policial civil)
  9. Frederico Eduardo de Oliveira Gruszczynski (policial civil)
  10. Evanir Silva Costa (ex-policial civil)
  11. Raimundo Gonçalves de Queiroz (ex-policial civil)
  12. Domingos Savio Alberto de Sant’ana (ex-servidor público)
  13. Reinaldo do Nascimento Lima (incerto)
  14. Manoel José de Campos (policial militar)
  15. Kelle de Arruda Santos (incerto)
  16. Jovanildo Augusto da Silva (criminoso)
  17. Genivaldo de Souza Machado (já foi preso)
  18. Neliton João da Silva (incerto)
  19. Adilson de Jesus Pinto (policial militar)
  20. João Martins de Castro (incerto)
  21. Delisflasio Cardoso Bezerra Silva (já foi preso por se passar por policial civil)
  22. Sandro Victor Teixeira Silva (policial civil)
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