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Collor agora integra time dos "imortais" que não se destacam por seus livros

Agência Folha

Ao ser eleito para a Academia Alagoana de Letras na semana passada, o senador Fernando Collor (PTB-AL) passou a integrar o grupo de "imortais" que se destacaram mais pela atuação política do que pelos dotes literários.

Autor de mais de 30 obras, o premiado escritor Ignácio de Loyola Brandão esperou 42 anos após lançar seu primeiro livro para se tornar acadêmico em São Paulo. Mas se para os escritores em geral o caminho para a imortalidade é longo, para Collor, que jamais escreveu um livro, o critério para integrar a casa que já abrigou Jorge de Lima e Aurélio Buarque de Holanda foi mais generoso: levou em conta artigos, planos de governo e até discursos.

É comum a presença de políticos nas academias, apesar do pouco entusiasmo dos leitores por suas obras. Na ABL (Academia Brasileira de Letras), três ex-presidentes já usaram o fardão que um dia vestiu Machado de Assis e Guimarães Rosa: Getúlio Vargas, Aurélio Lyra Tavares --que integrou a Junta Militar de 1969- e o ainda imortal José Sarney (PMDB-AP).

Autor de "Marimbondos de Fogo" (1978) e "O Dono do Mar" (1995), Sarney foi eleito em 1980 sucessor de José Américo de Almeida, um dos pais do regionalismo. Sarney é "imortal" também na Academia Maranhense de Letras, onde tem a companhia de seus irmãos Ivan e Evandro.

Na ABL, Sarney é colega do senador Marco Maciel (DEM-PE). O pernambucano -imortal também na Academia Pernambucana- tem quase 30 obras, a maioria publicada por órgãos oficiais, mas seu nome não aparece nas principais lojas virtuais.

Outro duplo imortal é o ex-senador Jarbas Passarinho --autor de "Hamlet Revisitado" (1995) e "O AI-5 é Transitório" (1977). É acadêmico pelo Acre, onde nasceu, e pelo Pará, onde foi eleito senador. Na academia acriana, tem ainda como colega o senador Tião Viana (PT-AC).

No caso de Ronaldo Cunha Lima (PSDB), acadêmico da Paraíba acusado de tentar matar um adversário, a imortalidade veio com "150 Canções de Amor e Um Poema de Espera" (2005). O time de ex-governadores conta ainda com Lúcio Alcântara (Ceará) e João Alves (Sergipe).

O primeiro escalão do governo Lula também está representado: o ministro Patrus Ananias é membro da Academia Mineira, que já abrigou Tancredo Neves.
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