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Pilotos do tráfico recebiam R$ 100 mil por viagem para levar carga de droga avaliada em R$ 8 milhões

Da Redação - Wesley Santiago

Os pilotos ‘contratados’ pelo grupo criminoso alvo da operação ‘Grão Branco’, deflagrada na manhã desta quinta-feira (06), pela Polícia Federal e Ministério Público Federal (MPF), recebiam um valor aproximado de R$ 100 mil por cada viagem para levar cargas de drogas avaliadas em R$ 8 milhões da Bolívia para Mato Grosso e de lá para São Paulo, onde o entorpecente era distribuído.

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Entre os 38 alvos de prisão, estão também os pilotos que trabalhavam para a organização criminosa. “Eles eram os responsáveis por fazer o transporte da droga da Bolívia para o Brasil e também de dentro do país. Voavam claramente sem plano de voo e bem baixo, para evitar os radares”, explicou o delegado da Polícia Federal, Adair Gregório.
 
Em regra, o grupo criminoso oferecia R$ 100 mil para cada trajeto feito pelos pilotos, que levavam de três a quatro horas em cada viagem para fazer a distribuição. “As cargas que eles transportavam eram avaliadas em até R$ 8 milhões. Sendo assim, dá para quantificar que a movimentação de dinheiro foi muito grande”.
 
As pessoas que trabalhavam nas pistas clandestinas também recebiam valores altos. Entre alguns dos alvos presos nesta quinta, também estão os que davam apoio logístico e confeccionavam documentos falsos. Pessoas que alugavam galpões em São Paulo foram identificadas também.


 
As investigações tiveram início em janeiro de 2019, quando a Polícia Federal e o Grupo Especial de Fronteira – Gefron de Mato Grosso, apreenderam 495 kg de cocaína no município de Nova Lacerda/MT. No curso da operação, foram realizados mais de 10 flagrantes com apreensão de aproximadamente 04 toneladas de cocaína, aeronaves e veículos utilizados no transporte e a prisão de mais de 20 pessoas envolvidas com o crime.
 
As investigações possibilitaram a apreensão de aproximadamente 3,8 toneladas de cocaína, além da identificação de diversos associados, suas tarefas, bem como os veículos e aeronaves utilizados no tráfico. Além da apreensão da droga, também foi realizado o acompanhamento de cargas que efetivamente chegaram ao destinatário, sendo possível, assim, identificar 12 aeronaves utilizadas na traficância.
 
Foi apurado que as aeronaves eram compradas à vista, com pagamento em dinheiro, e depois licenciadas em nome de “laranjas”. O perfil dessas pessoas foi identificado como sendo, em geral, pessoas pobres, residentes na periferia da cidade de São Paulo, interior de São Paulo, Porto Velho (RO) e Teresina (PI). Foi constatado que, após o licenciamento, os ‘laranjas” não tinham, aparentemente, nenhuma interferência na movimentação das aeronaves, embora constassem oficialmente como proprietários, operadores e beneficiários das apólices de seguros dos aviões.
 
A apuração indicou que os “gerentes do tráfico” situados no Brasil atuariam, sobretudo, nas seguintes atividades: recepção de aeronaves, armazenamento da droga em fazendas arrendadas e posterior remessa da droga por meio de caminhões, junto a cargas lícitas, de Mato Grosso para São Paulo, além de outras atividades que demandam alto grau de confiança e fidelidade à Organização Criminosa.
 
A quebra do sigilo telefônico dos investigados possibilitou a interceptação de cargas de drogas da referida organização criminosa, sendo que em alguns casos foi necessário o apoio da Força Aérea Brasileira (FAB), tanto para a localização de aeronaves suspeitas, quanto para o acompanhamento destas até seu pouso, e, em um caso, até mesmo a interceptação da aeronave, como o ocorrido em agosto de 2020, em Três Lagoas (MS). 
 
Naquela data, um avião foi interceptado pela FAB por volta das 8h do dia dois de agosto do ano passado e teve ordenado o pouso obrigatório para inspeção, o que não foi obedecido. Com isso, a aeronave foi classificada como hostil, já que fazia manobras arriscadas em áreas habitadas e colocava em risco o tráfego aéreo.
 
Depois de ter o veículo alvejado, o piloto do alvo suspeito declarou que obedeceria ao comando e pousaria em Três Lagoas, mas novamente fez manobras evasivas, rumando para a divisa Brasil/Paraguai. Por volta das 10h30, o piloto fez um pouso forçado numa área de lavoura.
 
Com a aproximação das equipes de Medidas de Controle de Solo, composta por Policiais Militares de Mato Grosso do Sul e depois por Policiais Federais, foi localizado a aeronave danificada, na qual havia 517,7 quilos de cocaína. Os pilotos foram capturados escondidos próximo a uma reserva florestal, nas proximidades do local da aterrissagem.
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